Palavra do Presidente: Ganhos de Produtividade no Governo?
07-03-2006 18:57

Que coisa é esta de ganhos de produtividade dentro do governo? Isso é só para a área privada? No meu conceito não! Quando você empresário, de qualquer setor, sente a falta de recursos, só existem dois caminhos a serem trilhados: contenção de despesas e/ou acréscimo de receita. Ouvimos falar que o Governo está em franca contenção de despesas, está planificando corretamente onde aplicar os recursos e fechando assim alguns dutos. Dutos estes que vêm abertos há anos e, que pelas notícias, vêm se dilatando muito nos últimos tempos. Bem, mas isso não cabe a nós discutir, pois eles deverão conhecer os seus problemas mais a fundo e como podem ser resolvidos. Mas eu gostaria de saber: o que o Governo está fazendo para aumentar os seus recursos? De onde provêem estes recursos? Para o Governo buscar novas formas de produtividade é importante que veja quem são seus sócios: o empresariado e o contribuinte. O problema é que até agora não vimos a tal "produtividade".
O que você pensaria se ouvisse a seguinte notícia: Governo dá isenção para exportação. Mas isso é para o couro brasileiro, que logo, retornará em forma de sapatos, produzidos em países onde praticamente existe o trabalho escravo e sem acréscimos na composição de preços provenientes de taxas, questões laborais, segurança, etc. Mais tarde, esses sapatos e bolsas voltam para competir com nossos produtos, deixando impostos, lucro e arrecadação em outro país. Você considera que o Governo está aumentando a sua produtividade? Estamos exportando gengibre “in natura” e importando óleo de gengibre, com altíssimo custo, vindo da Europa. Eu pergunto: para que darmos munição barata e de boa qualidade ao inimigo? Você, ao se associar com alguém, o faz para suprir suas próprias deficiências e se tornar mais competitivo no mercado em que vai atuar, partindo do princípio que "estando juntos para ganharmos mais e vencermos juntos, dentro dos padrões éticos pré-estabelecidos". E assim, um vai suprindo as deficiências do outro e, muitas vezes, um dos sócios poderá vir a se doar por inteiro, mesmo que onere a si mesmo de outras formas, pelo simples fato de ver sua empresa vencer e ser competitiva dentro do mercado em que atua. Novamente pergunto: será que o Governo sabe que ele é o nosso sócio, e que sem nós ele não é nada?
Na antiguidade, os donos e senhores feudais vinham e, a chicotadas, arrancavam a parte que lhes correspondia e não queriam nem saber de onde vinha a contribuição. Essa visão medieval, onde existia aquele burocrata desconhecedor das áreas de onde seus parceiros atuavam, deixou de acontecer há muito tempo. As coisas hoje se fazem de forma muito diferente. Existem uma série de medidas que permitem ao Governo criar, fiscalizar e receber tudo que lhe é devido mas, fora isso, como ele poderá arrecadar melhor? Simples: colaborando com os seus parceiros, se preocupando com eles, suprindo as deficiências dos seus sócios, abrindo novos mercados, trazendo tecnologia, permitindo o crescimento empresarial em bases sólidas, treinando, capacitando melhor, não só os funcionários da área privada, mas também os do setor público. Hoje o fiscal que trabalha nos entrepostos e nos portos, por exemplo, é obrigado a ser um artista, entender de tudo, correr atrás de informações, entender a necessidade do seu cliente, o empresário, atender as orientações do importador, etc. Se os governantes sabem que, não capacitando seus funcionários, muitos insumos produtivos, base de uma série de produtos industrializados responsáveis pela arrecadação que necessita, serão danificados em função do manuseio impróprio, reduzindo a "produtividade" e a arrecadação do próprio Governo. Imagine você, importando um insumo produtivo que deverá ser armazenado com todo cuidado para evitar que a mercadoria seja danificada, ou pior, no caso de uma fiscalização, o material deverá ser armazenado em local apropriado, onde não seja contaminado, pois, do contrário, danificaria o insumo a tal ponto que o mesmo não poderá mais ser mais utilizado. Já pensou o que isso significaria para a empresa? Mesmo que o prejuízo venha a ser amortizado por uma apólice de seguro, os atrasos, na fabricação do produto final, como ficam? Quem paga os dias parados por falta de matéria-prima? Como ficam esses compromissos empresariais? Como ficam os outros elos desta cadeia produtiva, quem sofreria as conseqüências? E quem reconquista esse cliente insatisfeito? Já pensou em sementes estocadas em local úmido? Gado para ser usado como reprodutor e sendo mal cuidado, sem assistência em um entreposto fiscal? Que prejuízo!!
Hoje, no mundo globalizado, um país vende e outro país arrecada. Mas pasmem senhores: no passado isso acontecia. O pior é que eu não sei se o Governo já "caiu na real" para toda a capacitação que ele deverá repassar ao pessoal que trabalha com estas questões ligadas a produção, comercialização, plantio, prestação de serviços, etc. Eles não podem mais se dar o luxo de ter amadores dentro dos seus Ministérios. Estes devem estar atentos a questões importantes, conhecer as formas de colaborar com os seus sócios e parceiros, sendo criativos, ajudando para um aumento real de ganhos e de produtividade do país como um todo. O país não pode viver criando alternativas simplistas, demagogas, eleitoreiras, que na realidade não são bem controladas e, se permitem a fraude, no final da estória não chegam onde deveriam chegar e, como vimos, o povo não recebe o beneficio do vale fome zero. Por outro lado, uma medida provisória abre a porteira para ir acabando com o vale transporte. Ao invés disso, porque não passarmos a elevar os níveis educacionais deste país, sem as cotas especiais para afro descendentes e indígenas, como se estes fossem uma subclasse que necessita cuidados especiais. Devemos melhorar a escola pública na sua base, criar níveis técnicos, levantar o nível cultural e a capacitação da população como um todo. Sermos um país muito mais competitivo e que dá condições ao empresário, que arrisca o seu capital no mais perigoso dos investimentos que é produzir, o que dá maior retorno social entre todos os mercados de investimentos especulativos existentes no mundo. Para que os ganhos reais de aumentos salariais deixem de ser dados por decreto e passem a ser outorgados porque o Brasil está ganhando competitividade internacional, porque estamos arrecadando mais, em função de estarmos abocanhando cada dia mais e melhores fatias do mercado internacional.
Muitos pensam que não somos capazes, que não conseguimos ser competitivos, mas enganam-se rotundamente. Veja o programa do álcool: Somos capazes! Veja a Petrobras: Somos capazes! E assim em muitas coisas somos, sem ajuda e sem respaldo. Imagine o que poderíamos ser se o Governo iniciasse uma campanha interna para que todos canalizassem seus esforços laborais para sermos competitivos. Verdadeiros parceiros, não por caridade, nem por votos ou por demagogia, mas por uma necessidade real de "ganhos de produtividade" e para arrecadarmos mais. Também, se este assumisse o seu papel de sócio, o Brasil seria outro. Já somos gigantes pela própria natureza, basta despertarmos o gigante adormecido. Os empresários dão oportunidades de trabalho, o comércio e a agricultura trazem divisas, os industriais, os prestadores de serviço, a rede hoteleira, restaurantes, todos somos parceiros na hora de arrecadação. E os "valériodutos", "maluffdutos" e toda classe de escapa-dutos. Para onde vai esse dinheiro que pertence a este povo "que não tem medo de fumaça, e não se entrega não". Esses desviodutos trazem uma carga negativa para cima desta terra abençoada, pois estamos alimentando o tráfico, acabando com a musicalidade do nosso povo, com o cérebro da nossa gente, com a vitalidade de nossa raça. Estamos detonando as belezas da nossa terra, aumentando a ignorância, o caos, a desordem, o crime organizado, a violência, a morte, a fome, a miséria e a falta de saúde. E quem vai conseguir desfrutar disso tudo? Ir para outros países? E pensam que esse dinheiro maldito, mesmo na terra de Hollywood, vai trazer felicidade para alguém?
Um dia, nem que seja no fim dos tempos "a casa cai", se é que já não está caindo.

Foto: Júlio Cesar Canestraro Presidente da ACIAP

Publicado: Assessoria de Imprensa da ACIAP