Ciência e Tecnologia

Dejetos de suínos podem gerar até 1 milhão de MWh no Brasil
21-08-2009 20:23

O aproveitamento dos dejetos de suínos para a geração de energia, em todo o Brasil, poderia alcançar 1 milhão de MWh, o suficiente para atender ao consumo de 4,7 milhões de pessoas. A projeção é explicada no livro Agroenergia da Biomassa Residual: perspectivas energéticas, socioeconômicas e ambientais, lançado durante o 4.º Congresso Internacional de Bioenergia, que foi encerrado nesta sexta-feira (21), em Curitiba.

O evento, coordenado pela Copel, Itaipu Binacional e Universidade Federal do Paraná, ocorreu simultaneamente com o 1.º Congresso Brasileiro de Geração Distribuída e Energias Renováveis e teve a participação de cerca de 900 técnicos, especialistas e estudantes ligados ao setor.

De autoria de José Carlos Libânio, Mauro Márcio Oliveira, Maurício Galinkin e Cícero Bley, o livro estima em 900 milhões de toneladas a quantidade de esterco produzida anualmente pelo rebanho brasileiro de suínos, sendo 180 milhões provenientes de animais criados em estábulos e cujos resíduos poderiam ser aproveitados para a geração de biogás.

Além de garantir a autossuficiência energética para o produtor e a possibilidade de comercialização do excedente para a distribuidora de energia, a biodigestão dos resíduos também possibilita renda extra pela venda de créditos de carbono decorrentes da captura de gases do efeito estufa.

PARANÁ – “Os resíduos têm valor e este valor deve ser utilizado”, afirma José Tubino, da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO-Brasil). Ele cita a iniciativa pioneira da Copel junto a suinocultores da Região Oeste do Paraná, utilizado como estudo de caso no livro, como exemplo do ganho que a biodigestão de dejetos orgânicos para a produção de energia pode proporcionar para o produtor e para o meio ambiente.

A produção de energia elétrica a partir de resíduos no oeste paranaense foi efetivada em fevereiro, quando a Copel assinou, com suinocultores locais, seis contratos para a produção de 524 kWh ao longo de 42 meses. Realizada em parceria com a Itaipu Binacional, a experiência subsidia a regulamentação da geração distribuída de energia, cujo marco legal está sendo discutido em Brasília atualmente.

De modo paralelo, o efluente do processo resulta em um biofertilizante rico em nitrogênio, fósforo e potássio, que melhora a produtividade do solo ao mesmo tempo em que diminui a dependência de fertilizantes importados. “Este projeto é o embrião de uma legítima política pública de desenvolvimento sustentável para o Estado e para o País”, afirma Luiz Antonio Rossafa, diretor de engenharia da Copel. “Ele não apenas melhora a produtividade do solo mas, também, incentiva o cooperativismo entre os produtores, abrindo uma rede de possibilidades de negócios a partir da geração distribuída”.

AMBIENTE – O uso da biomassa residual para geração de energia também representa benefício ambiental inestimável, ao evitar que o gás carbônico e o metano gerados pelos resíduos sejam lançados na atmosfera. Apenas os rebanhos confinados são responsáveis pela emissão de 71,3 milhões de toneladas equivalentes do gás, todos os anos. A FAO estima que o faturamento potencial da biomassa residual decorrente da comercialização de créditos de carbono ultrapasse a 1 bilhão de euros anuais – mais de R$ 3 bilhões. “Como bônus, temos também a valorização dos produtos da agropecuária com a construção de uma imagem de responsabilidade socioambiental”, afirma José Tubino.

Além disso, ao reduzir o despejo de dejetos nos rios e reservatórios de água, o projeto minimiza a proliferação descontrolada de algas, que além de poderem ser extremamente perigosas e nocivas à saúde humana, causam entupimento de canais adutores nas usinas hidrelétricas e aumentam a mortandade da fauna e flora aquáticas.


Agência Estadual de Notícias
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