Destaque POW: Leopoldo Scherner, 90 anos de história
22-07-2009 11:48
Uma das paixões de Scherner, e que poucos sabem: flores – Foto: Antonio Bobrowec
Leopoldo Scherner aos 8 anos de idade
A família Scherner-Caldeira: Leopoldo e Leci, juntamente com suas filhas: Maria de Jesus, Maria Rita de Cássia e Maria Francisca Teresa
Na imagem, Leopoldo Scherner segurando o crânio do poeta brasileiro Casimiro de Abreu. Segundo Scherner, quando ele estava no Rio de Janeiro flagrou o túmulo aberto do poeta. Não resistiu ao impulso e registrou a “visita”. Seria este um presságio? – Fotos: Arquivo pessoal família Caldeira-Scherner
A cultura de São José dos Pinhais hoje está em festa. Leopoldo Scherner, com certeza o maior nome da literatura e poesia são-joseense, completa nesta quarta-feira (22) 90 anos de vida.
Sem dúvida, Leopoldo Scherner é um dos ícones da Literatura Paranaense, como estudante, teve aulas por alguns dos grandes literatos e poetas brasileiros, como Manuel Bandeira e Alceu Amoroso Lima (conhecido com o pseudônimo Tristão de Ataíde).
Leopoldo foi o primeiro diretor do Colégio Estadual Costa Viana, em São José dos Pinhais. Integrante da Academia de Letras José de Alencar, do Centro de Letras do Paraná, ocupa a cadeira número 5.
Em 2005 foi homenageado no 6º Carnaval de Bonecos de São José dos Pinhais. A criação dos bonecos naquele ano teve como inspiração personagens das obras de literatura infantil publicadas por Scherner.
Este ano, seu nome intitula o Prêmio de Literatura da Prefeitura de São José dos Pinhais.
BREVE BIOGRAFIA DE SUA ORIGEM E CARREIRA:
Leopoldo Scherner nasceu em 22 de julho de 1919, em São José dos Pinhais. Filho de Paulo Scherner e Maria Corona Scherner.
Dedicou-se aos estudos e, depois de alguns anos, foi para o Rio de Janeiro estudar na Faculdade Nacional de Filosofia, Ciência e Letras da Universidade do Brasil (hoje Universidade do Rio de Janeiro), na qual fez curso de Letras Neolatinas, formando-se em 1949.
Já formado, Leopoldo se torna professor da Fundação Getúlio Vargas entre outros colégios. Casa-se com a professora Leci Caldeira e retorna ao Paraná nos anos de 1950.
Forma-se bacharel em Direito pela Universidade Federal do Paraná, mas sua paixão continua sendo lecionar e escrever.
Em 1956 passa a dar aulas na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC). Mesmo aposentado, o professor continua a lecionar e servir de exemplo para seus alunos. Dedica-se ao ensino superior e é responsável pela inserção de novas habilitações na PUC, adicionando os cursos de Fonoaudiologia, Educação Física, Artes Cênicas, entre outros.
Em 1991, trouxe a São José dos Pinhais o Campus II da PUC, o qual se tornou o primeiro reitor.
Como membro do Conselho de Cultura, participou da assinatura do termo de geminação entre São José dos Pinhais e Motemor-O-Velho, de Portugal.
PUBLICAÇÕES E OBRAS:
Em 1965 foi publicado o primeiro livro de Scherner: “O Dia Anterior do Dia da Criação” (Ed. Bolsa Brasileira do Livro), composto por poemas.
Quando completou o quarto centenário da morte de Luís Vaz de Camões, em 1980, Leopoldo Scherner escreveu “Luís de Camões – a Vida e a Obra” (Ed. Lítero-Técnica/PR). Cinco anos depois, na cidade de Évora (Portugal), escreveu a tese “Literatura, Elemento de Integração”. Com esta, ganha a primeira colocação no Seminário de Verão Anos 80.
Além de poemas, Scherner publicou vários volumes infantis desde o início da sua carreira, como a obra A Baba do Passarinho.
MOVIMENTO SALA 17 E O INCENTIVO À POESIA:
Em 1978 nasce o Movimento Sala 17. Dele faziam parte um grupo de alunos de Jornalismo da PUC e o professor Scherner. “Observei que havia muitos alunos que escreviam, que faziam poemas”, declarou Leopoldo.
Para incentivá-los, Scherner sugeriu que eles reunissem os poemas em um livro. A idéia foi concretizada com aproximadamente 300 páginas, que prosseguiu com três volumes. Segundo Scherner, esse trabalho só poderia dar certo, pois aquela sala tinha uma ‘aura especial’. E o mais curioso: eram 17 poetas que estudavam na sala 17 da faculdade, por isso o Movimento Sala 17.
Nos anos de 1980, outro grupo de poetas começava a se formar. Eram alunos que participavam de um evento artístico na sede da Casa do Estudante Luterano Universitário (CELU), do qual Scherner foi palestrante. Logo após, uni-se aos alunos-poetas e forma o grupo Encontrovérsia. O resultado do trabalho foram quatro publicações.
HOMENAGENS E RECONHECIMENTO:
Scherner recebeu durante sua vida várias homenagens, especialmente de Portugal. Dentre elas a Comenda da Ordem do Infante Dom Henrique, determinada pelo presidente lusitano Ramalho Eanes. Da Assembléia Legislativa do Paraná, ganhou o título de Cidadão Benemérito do Paraná, em 1997.
Confira a entrevista exclusiva concedida por Leopoldo Scherner ao GuiaSJP.com.Publicado: GuiaSJP.com - Texto de Antonio Bobrowec (Reprodução autorizada mediante citação do GuiaSJP.com)