Empresa

Pesquisa de exportação dará suporte a futuras ações do Sebrae
11-03-2008 14:20

Resultados foram apresentados em entrevista coletiva nesta segunda-feira e demonstram que cresceu valor exportado pelo segmento de MPE


"As Micro e Pequenas Empresas na Exportação Brasileira 1998-2006". Esse é o estudo que foi divulgado nesta segunda-feira (10) pelo Sebrae Nacional, em entrevista coletiva na sede da Instituição, em Brasília. O trabalho foi encomendado pelo Sebrae à Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) com a base de dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), que reúne as cerca de 13 mil micro e pequenas empresas brasileiras exportadoras. O material servirá como suporte para as ações de internacionalização de micro e pequenas empresas desenvolvidas pelo Sebrae e por seus parceiros.

O estudo revela que houve crescimento no valor médio exportado pelas micro e pequenas empresas nos últimos anos. Entre 2005 e 2006, o aumento foi de 11,3% paras as pequenas e de 5,8% para as microempresas. Em 2006, o valor exportado cresceu 2,4% para as micro, que negociaram um montante de US$ 148,5 milhões; e 6,1% para as pequenas, com o valor de US$ 1,76 bilhão.

Frente aos dados, o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, enfocou a necessidade de que haja empresas cada vez mais voltadas à inovação. Na visão de Okamotto, esse fator contribui para a competitividade das empresas e pode deixá-las menos vulneráveis a outros elementos como as taxas de câmbio.

O presidente também apontou os consórcios de exportação como possibilidade para aumentar a participação de micro e pequenas empresas nas vendas ao exterior e destacou o papel da capacitação. "É necessário melhorar a logística dessas empresas e que elas tenham profissionais especializados em exportação", assinalou.

Em contrapartida ao crescimento do valor médio exportado pelas MPE, o estudo aponta a queda de 2,6%, na comparação de 2006 com 2005, no número de empresas que exportaram. Exceção a 2004, ano em que o número de MPE exportadoras cresceu duas vezes mais que os de grandes e médias, desde 1999 há uma tendência de queda.

O diretor de Administração e Finanças do Sebrae Nacional, Carlos Alberto dos Santos, afirmou que essa queda é explicada pela mudança no perfil da pauta de exportação brasileira. Carlos Alberto ressalta o crescimento de 22% do valor exportado por micro e pequenas empresas do setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), na comparação de 2006 com 2005. Esse expressivo aumento de valores na área de P&D, segundo o diretor, indica que muitas empresas que permaneceram como exportadoras se capacitam e inovam mais para continuar na atividade.

Na análise do diretor, empresas baseadas na mão-de-obra barata e mais dependentes das taxas de câmbio estariam cedendo espaço a micro e pequenas empresas focadas na tecnologia. "A competitividade por meio de câmbio favorável e salários baixos está perdendo espaço. Haverá sempre um país com salários mais baixos que o Brasil, assim como moedas menos valorizadas. O caminho pela competitividade não pode ser trabalhado por essa via", destacou o diretor.

Especiais

A pesquisa também reúne informação relevante sobre as micro e pequenas especiais, aquelas empresas que possuem menos de cem pessoas ocupadas e exportações anuais acima de US$ 2 milhões. De 2005 a 2006, elas registraram um aumento no valor exportado de 598,7%.

Fernando Ribeiro, economista da Funcex, acredita que seja importante instituições como o Sebrae, que apóiam as micro e pequenas empresas, concentrarem seu foco em algumas ações. "É preciso apoiar quem exporta, recuperar quem exportava e deixou de fazer isso por questões conjunturais, buscar empresas com potencial exportador e trabalhar ações sustentáveis", afirmou.

Em abril, o Sebrae lança seu Programa de Internacionalização de Micro e Pequenas Empresas. O programa foi desenvolvido com o apoio da Funcex e será desenvolvido em parceria com várias instituições para garantir o acesso de cada vez mais micro e pequenas empresas de forma sustentável ao mercado internacional.

Uma das premissas das ações de internacionalização será considerar as realidades regionais das empresas. Sabe-se que hoje a maior parte das empresas exportadoras de micro e pequeno porte (95%) se concentram nas regiões Sul e Sudeste. Apenas São Paulo reúne 47% desse total. As micro e pequenas empresas do Sul e Sudeste também respondem por 82% do valor total exportado pelo segmento.

O presidente Paulo Okamotto frisou que a internacionalização precisa ser trabalhada não apenas nos aspectos das exportações e lembrou que a competição com produtos e empresas estrangeiros acontece no próprio território brasileiro. "Se não tivermos produtos de qualidade aqui dentro, eles perderão espaço para os produtos que vêm de fora", observou.

O estudo encomendado pelo Sebrae ainda revela um aumento nas exportações de micro e pequenos negócios por meio do Despacho Simplificado de Exportações (DSE). Entre 2005 e 2006, o número dessas empresas exportadoras via DSE teve aumento de 6,4%. O estudo na base da Funcex mostra que 41,4% das micro e 11,7% das pequenas usaram a ferramenta em 2006. "Esse recurso pode ser incrementado e mais divulgado para que as micro e pequenas empresas exportem mais, dado que a burocracia representa um dos entraves para a exportação desse segmento", disse Fernando Ribeiro.

Agência Sebrae de Notícias
Marcelo Araújo
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