Reflexão

A desproporcionalidade da Graça



De fato, a matemática no Reino de Deus não reproduz os resultados que costumamos obter com a nossa matemática formal. Nós estamos acostumados a fazer cálculos e avaliar as coisas utilizando-nos das ciências exatas e da lógica, mas que sempre deixam muito a desejar quando se trata dos valores do Reino.

Uma dessas “lógicas” que são quebradas pelos princípios bíblicos é a de que a boa situação financeira é pré-requisito para alguém contribuir. Ou seja, primeiro coloco em dia minha situação financeira para então passar a contribuir na causa do Reino de Deus. A Igreja da Macedônia, p.ex., resolveu começar a contribuir em meio a uma grande crise e recessão econômica. No meio da mais severa tribulação, a grande alegria e a extrema pobreza deles transbordaram em rica generosidade. Pois dou testemunho de que eles deram tudo quanto podiam, e até além do que podiam. Por iniciativa própria eles nos suplicaram insistentemente o privilégio de participar da assistência aos santos. (2Co 8.2-4).

Essas pessoas não decidiram contribuir porque estavam em condições de fazê-lo, porque tinham recursos sobrando e, portanto, se tratava de uma atitude sóbria, ponderada, economicamente equilibrada. Na verdade, o que elas fizeram poderia ser qualificado por muitos economistas de “momento de loucura” ou de “euforia irresponsável”. Afinal, os macedônios eram pessoas quase tão pobres e necessitadas quanto aquelas de Jerusalém às quais resolveram dar assistência com a sua contribuição.

Já ouvi muitas vezes o argumento de que primeiro é preciso colocar em ordem a sua vida financeira, estabelecer-se, ajuntar um bom capital, para então começar a contribuir e dar o seu dízimo. Aqui está um paradigma que precisa ser quebrado, pois ele não tem respaldo bíblico. A boa condição financeira não é pré-requisito para alguém contribuir. Na verdade, o que se costuma ver é exatamente o contrário. Quanto mais rica uma pessoa se torna, tanto menor se torna a sua contribuição em proporção ao que ela possui. Se ficou confuso, vou colocar a mesma verdade de outra forma: quanto mais pobre a pessoa é, tanto mais desproporcionalmente superior à sua pobreza é a sua contribuição.

Essa desproporcionalidade costuma ser reflexo da abundância da graça em nosso coração. No caso da pecadora que ungiu os pés de Jesus com um perfume muito caro, Jesus interpretou este gesto não como um desperdício, mas como uma resposta à graça de Deus (perdão) e disse que aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama (Lc 7.47). Ofertar é, portanto, sempre uma resposta desproporcional (exagerada, algumas vezes) à graça (amor) de Deus que é derramado abundantemente em nosso coração pelo Espírito Santo.

Pr. Jacson H. Eberhardt

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