Reflexão

A Páscoa que esquecemos !



E pôs todas as coisas debaixo dos pés, e para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas
(Ef 1:22-23).

Certa vez li um história. Uma ninhada de coelhos lindos e fofinhos dentro de uma toca, protegidos de um intenso inverno, tiveram a passagem e visita de um ouriço ( porco-espinho) espinhoso e pretensioso. Este com seu argumento de triste e solitário, disse ao grupo: “Olha só vocês aí dentro, lindos e fofos, bem aquecidos e protegidos e eu aqui fora, passando frio e necessitado”. Por que vocês não me deixam entrar? Os coelhos responderam: “Não, você vai nos espinhar e nos pôr a correr!” E o ouriço jurou que não, e os convenceu pelo viés do argumento e de seu sentimentalismo. Resultado, depois de estar lá dentro, pôs os coelhos para fora, a correr.

Estou cada vez mais estupefato, assistindo de camarote esta história sob a perspectiva da fé cristã frente a diferentes movimentos religiosos, filosofias, padrões de vida. Vamos abrindo espaço, vamos concedendo liberdades, vamos negociando valores, preceitos e padrões, pois afinal amamos, somos quentinhos e fofinhos, e não podemos ter “pré-conceitos”. E a Sodoma e Gomorra de nossos dias continua crescendo cada vez mais. Os coelhinhos não sabem mais onde está seu ninho, ouriços cada vez mais organizados criando leis e moralidades para serem donos da toca, que outra era dos coelhinhos.

Jesus certa vez foi questionado (Mt 13:24-30), porque o joio aparecera no meio do trigo, quando só trigo fora semeado. Jesus respondeu que foi o momento do cochilo dos trabalhadores que o inimigo semeou a outra semente.

Jesus deu poder à sua igreja de ser testemunha e construtora de um novo tempo. Poder para testemunhar e transformar a vida em virtude e padrões que honram ao criador. A cultura, a arte, a política, a educação, a família, a sociedade, a dignidade humana, as leis sociais estão cada vez mais sendo permeados por uma visão de desonra. Se outra cristãos estavam sabendo o que fazer com escola, educação, família e sociedade, hoje cada vez menos o sabem. Estão legando os principados para outras hostes e poderes. Aquilo que deveria ser posto aos pés daquele que morreu numa cruz para ser Senhor sobre todas as coisas, agora desleixadamente está sendo ocupado pelos “ouriços” de nossos dias. Vemos pessoas, crianças, idosos, a sociedade e o país afundando na obscuridade dos lacaios, entreguistas e pretensiosos; e de mãos cruzadas uns oram Jesus volta logo, dizem é o fim dos tempos; outros questionam a Jesus, como isto aconteceu e por quê aconteceu?

A cultura do sub-mundo está aumentando, é preciso de luz. Que a luz que emana da Cruz do Gólgota possa, nesta páscoa, nos despertar para a responsabilidade transformadora de nosso testemunho. É preciso salinidade, pois em meio ao narcisismo e hedonismo de nossa cultura consumista some o pudor, a virtude e a esperança, o gosto pela vida. O número de pessoas que se alienam está aumentando. A maior parcela disto está em meio aos jovens. A perspectiva de uma vida segura e confiável sucumbe. Lutar por uma vida melhor, ter uma profissão, ter família, engajar-se numa liderança, para quê? Isto apenas mostra a futilidade que foi semeada, gerando dissabor e falta de alegria pela vida, pela razão de viver por uma causa. O Evangelho e Jesus, sua morte e ressurreição é nossa causa nobre. Seu Reino e nosso sonho final, por isso lutemos, testemunhemos e digamos com clareza, seja em palavras seja em atos diante deste mundo de geração carente. Não abramos mão daquilo que Jesus nos confiou !

Que Jesus, o Senhor da história e do novo tempo, possa lhe ajudar!

Pr.Edgar Leschewitz

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