Reflexão

O que nós necessitamos?



“Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar”. (1 Co 9:23 e 26).

Vivemos num tempo conhecido por Pós-modernidade. Se Karl Barth, teólogo Suíço, em seu tempo, entendia que, para que o cristão soubesse fazer diferença, sendo relevante em sua geração, devesse ter em uma mão o jornal e noutra a Bíblia, o que nós necessitamos?

Não é estranho que vivemos envoltos pela tecnologia, filha elaborada pela pesquisa científica de nossos dias. O saber humano elevou-se consideravelmente. Em meio a isto, temos também que fazer a pergunta, onde fica o testemunho e a capacidade cristã de interagirmos? Talvez sabedores de como Jesus agiu num mundo que ensaiava a idéia da globalização, possamos compreender e viver melhor. Quando Jesus anunciava o Evangelho, este não anunciava um conjunto de dogmas e doutrinas, o Evangelho é o testemunho de Jesus de como ele interagia com pessoas na perspectiva do Pai. Quando Jesus embrenha no Império Romano e junto a sua gente, um dos grandes desafios dele foi romper pré-conceitos (fronteiras étnicas e raciais) e viver sensivelmente humano, demonstrar que Deus, como Pai, deseja participar e interagir conosco na vida.

Aprendi nestes últimos tempos que necessitamos ver Jesus mais como alguém que anda conosco a jornada da vida, que um conjunto de confissão, doutrinas. Ou como respostas dogmáticas e doutrinárias do Antigo Testamento. A fé e a capacidade que alcançamos devem nos dar esta percepção que Jesus conosco está (Mt 28:18,20). E assim, tudo está à mercê de vivermos o tempo e espaço como sendo de Deus. Seja o trabalho, família, igreja, casa, cidade onde Deus nos coloca, ali daremos frutos nesta jornada com Jesus. Não entendo muitas coisas, mas sei que estou no tempo e lugar de Deus, ali quero ser surpreendido pelo agir e falar de Deus, inclusive frente às pessoas que Deus me coloca, obstáculos que tenho que sobrepor; angustias que terei que viver. Sei que não estou sozinho, Jesus é o andante que comigo vai, a jornada é complexa e desafiante, hora doce, hora amarga, mas ele vai comigo,compartilha, fala, faz o coração arder com as muitas palavras e promessa d

o Pai. E sei que, ao o dia se declinar e já se fazer noite, Jesus comigo está, e tudo descansa em sua paz, inclusive meu agitado e angustiado coração. Se penso em Jesus como amigo nesta jornada, penso também uma Igreja que não vive auditório, show, belos e empolgantes discursos, mas uma igreja onde Jesus tem amigos e amigas, onde estes são amigos e amigas entre si nesta mesma jornada. Gente que não tenha lábia evangélica, mas gente que tenha coração do Pai ao coração de um para com outro. Gente que reparte a vida como experiência e que sabe perceber a surpreendente presença de Jesus entre si no amor, na misericórdia, no perdão e na graça de uma boa companhia. Ou seja, uma comunidade de irmãos e irmãs de Jesus. Creio que esta será a comunidade que impactará a Pós-modernidade, que vive cada vez mais pele, menos coração; que vive mais acompanhada de gente, mas está só. Que perdeu os referências do que representa ser humano. Que rompeu todos os limites de fronteiras, raças, credos e percepções, mas que vive cada vez mais deserto, medo, desconfiança e desafeto . Embarque nesta jornada com Jesus, sendo seu amigo, e amigo dos amigos e amigas de Jesus.

Pr. Edgar Leschewitz

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