Reflexão

Se vós permanecerdes na minha Palavra, ...



SE VÓS PERMANECERDES NA MINHA PALAVRA, VERDADEIRAMENTE SOIS MEUS DISCÍPULOS; E CONHECEREIS A VERDADE, E A VERDADE VOS LIBERTARÁ (JO 8:31-32) (07/08/2009)


A história tem muito nos ensinado. Nela podemos perceber não somente o ensino de Deus, como também o “dedo de Deus”. A fé cristã nos primórdios foi aquele movimento conhecido como o movimento do “Caminho” (At 9:2). A simplicidade, a transparência, a confiabilidade eram as marcas dos primeiros cristãos, você irá encontrar muita pouca confissão, pouca declaração, mas muita vida, vida cristã, no seio das comunidades cristãs (At 4:32-37). Era o testemunho, a performance, da vida cristã que evangelizava, a ponto de Lucas registrar: “ cada vez mais se agregavam crentes ao Senhor em grande número tanto de homens como de mulheres” (At 5:14). Esta característica foi a partir dos anos 400 d.C, lentamente substituída pelo cerimonialismo e sacramentalismo, pela pomposidade, pelo luxo, pelo poder com outros fins. No ano 400 d.C., o Imperador Constantino percebe como aqueles homens e mulheres na sua simplicidade tinham impactado o império Romano. Havia cristãos em todas as esferas com compromisso, com zelo, preferindo a morte que negar a sua fé e vida em Jesus Cristo. O Imperador Constantino faz a grande virada. Os deuses do império Romano não davam mais unidade política. Constantino se torna “cristão”. Os cristãos não são mais perseguidos, eles são como aliados para manter consolidado o poder romano. Oferece-se terras, construção de templos a estes que por séculos foram perseguidos e abominados pelo “Grande Império Romano, onde o Sol não se punha”. Da noite para o dia, o mundo foi “cristianizado” não sob a tônica do “discipulado” como Jesus ensinara, mas sob a força da instituição igreja e sob o rito do sacramentalismo. O batismo foi o mais usado para isto, servia de porta para ser cristão. Na Idade Média, a fé cristã experimentou o que representava a instituição, ser portadora da salvação, quando deveria ser somente Jesus Cristo a salvação, a libertação e a paz (1 Co 3:11).

Chegou a Reforma Protestante (1517), esta re-ensina de novo o sentido do fundamento Jesus Cristo, como base de toda a vida e experiência cristã. Enfatiza-se o “ensino” (discipulado) do Evangelho. Para isto ensinam-se as pessoas a ler (alfabetização), traduz-se a Bíblia, prega-se o Evangelho para gerar convicção, compromisso, obediência à vontade de Deus, cada um poderia ler e refletir o Evangelho. Contudo, logo se esbarra no “confessionalismo”, nas declarações de fé separadas da vida, compromissadas com o “clã do grupo da instituição”, onde se está, mas que necessariamente nada precisa dizer para a realidade onde se vive e com Jesus Cristo.

Penso reacender a chama da vida cristã, que faz diferença onde vivemos, para isso necessário é rever nossa história, nos deixar julgar e libertar por Jesus Cristo, rumo novamente ao caminho do discipulado (Mt 16:24-26; 2Co 5:15,17; Gl 2:19-20). Penso que a ação mais incisiva que a igreja cristã pode fazer é sair de sua redoma religiosa, fazendo com que o discipulado de seus membros seja vivido no seio da realidade e do mundo com diferença e exemplo de vida, como Jesus viveu entre as pessoas. Penso na obediência e compromisso com Jesus acontecendo na vida profissional de todos os dias, longe de confissão e declarações orais de fé barateadas, que não fazem diferença, onde um exemplo vale mais que mil palavras.

Na esperança deste novo amanhecer da fé cristã, que faz diferença e que acolhe pessoas na graça de Deus, fique com Jesus.

Pr. Edgar Leschewitz

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