Reflexão

Veio para o que era seu



Jesus - O Cristo

“Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome”! (Jo 1:11-12).

Conta-se que certo pastor gostava de visitar os membros de sua igreja, sem marcar a visita. Não poucas vezes, encontrava alguém desprevenido, que dizia: “Pastor, eu não lhe aguardava!” E o pastor prontamente respondia: “E se fosse Jesus?”
Talvez pensemos que os dias do nascimento de Jesus tenham sido mais solenes, mas receptivos. As “entrelinhas” dos Evangelhos mostram que não. Os dias de Jesus eram tão barulhentos, distraídos, entretidos, cheios de vozes e palavras, gritos e comércio, como nossos. E que Jesus não nasceu numa capital (Jerusalém), nem viveu nela, por vezes, passava alguns dias nela, mas não mais do que isso. Contudo, havia pessoas atentas, quer diante da frieza e hipocrisia espiritual de sua gente, quer frente alguns “loucos profetas” que circulavam com uma voz e jeito diferentes (exemplo João, o Batista). Havia pessoas que se retiravam ao deserto, pois não agüentava mais a famigerada vida e cultura romana do domínio e da ostentação, bem como a trajetória da oferenda vazia e lucrativa propagada no templo.
E Jesus veio, totalmente fora dos padrões defendidos pela corte real, teológica e sacerdotal do templo. Jesus veio para os seus, seu povo israelita e judeu (israelita que não tinha linhagem ou perdera sua genealogia), contudo não foi satisfatoriamente acolhido, pois: “Mais gente de mendigo era do que um digno príncipe”. Deus, porém, embalou seu tesouro em vasos de barro, como continua fazendo (2Co 4:7). Jesus nasceu numa estrebaria, num coxo de animais. A história que Deus faz é sem muito brilho e alarde, mas com muito sentido e valor, para que sejam capazes de acolher a sua vontade os que têm tempo para silenciar, ouvir, meditar e se deixar transformar na reflexão com o cotidiano. Aqui entram os pastores de ovelhas (Lc 2), os sábios do oriente (Mt 2), as canas quebradas (que não mais tem perspectiva de valor para este mundo organizado e tecnológico) e os pavios que ainda fumegam (os que ainda tem alma para esperança e sonhos de um mundo melhor), (Is 42:3; Mt 12:20; 21:31).
Jesus não poucas vezes via seu povo disperso, com ovelhas sem pastor (Mt 9:36), pois quem deveria pastorear com dignidade, honra, postura, atitude correta, clareza, fé, amor e misericórdia, não estava “nem aí” (Mt 7:28-29).
Em meio ao nosso mundo, há muitas vozes e tendências, elas crescem cada dia mais, de uma forma religiosa e comercial. Fica a pergunta: “Onde Jesus ainda se manifesta, como ele ainda chega?” Permita-me dizer algo, nestes vinte e cinco anos de ministério pastoral: Acabou o tempo de você procurar Jesus nos palcos de um templo, que só sabe tinir a guitarra e bater o bumbo da bateria; acabou o tempo do púlpito do templo (discurso de palavras elegantes e bonitas) e das liturgias com gosto de papel. É hora de você entender Jesus na comunhão com Deus em espírito e verdade (Jo 4: 23-24). E esta comunhão com aqueles que também o assim buscam como você; como resultado, uma igreja que esteja disposta a viver com todo o preço, o valor de se deixar transformar: caráter, índoles, palavras e nocivas tendências humanas. Uma comunhão que veja o outro passível de amor e compaixão. Uma comunhão que lute sempre contra a tendência do poder humano de manipular e argumentar, dizer a verdade, destituindo o amor, a honra e o respeito frente ao irmão (Mt 20:20-28; Ef 4:1-32;Cl 3:1-17). Creio, onde assim houver irmãos buscando Jesus, ele virá e fará ali morada, ali ouvirá suas orações e dará a estes seu poder de se tornarem de fato filhos de Deus (Mt 18:19-20; Rm 10:11,13), ali se experimentará o “Reino dos Céus” na terra (Mc 12:29-34), e Deus continuará falando para e com esta geração seus propósitos.

Gracioso tempo de natal e meu abraço a você,
Pr.Edgar Leschewitz

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