Foram quase 11 milhões de passagens de veículos pelos redutores de velocidade já em operação em São José dos Pinhais, somente no mês de março de 2023, de acordo com dados do Detran-PR – Sistema GIT (Gestão de Infrações de Trânsito).
Nesse período houve uma média de 12 mil autuações, ou seja, pouco mais de 0,1% dos veículos que passaram pelos radares foram multados. Em outras palavras, a cada 10 mil veículos que passaram pelos radares, apenas 11 foram autuados.
Destes 12 mil veículos autuados, mais de oito mil não são de São José dos Pinhais, restando em média apenas quatro mil autuações efetivamente do município, totalizando somente um terço dos veículos autuados.
É importante ressaltar que destas quatro mil autuações, 90% são infrações médias, as quais podem ser convertidas em advertência automaticamente pelo Órgão Municipal de Trânsito, caso o infrator não tenha nenhuma multa nos últimos 12 meses. Logo, 90% das multas processadas por moradores de São José dos Pinhais são passíveis de se tornar advertência.
Desta forma, o resultado dos dados levantados pelo Sistema GIT do Detran-PR, apontam o respeito da grande maioria das passagens de veículos pelos redutores de velocidade no município, os quais têm por objetivo maior, reduzir a velocidade média dos condutores nas áreas urbanas e consequentemente diminuir os índices de mortos e feridos graves no trânsito.
? Por que velocidades menores ajudam a reduzir os elevados índices de sinistros (acidentes) de trânsito no Brasil?
Estudos apontam que velocidades de apenas 5 km/h acima da média de 60 km/h, são suficientes para dobrar o risco de sinistros fatais. Portanto, velocidades menores representam menor número de mortes e lesões graves, ou seja, é fundamental estabelecer limites de velocidade em vias onde há grande concentração de pedestres, ciclistas, veículos e também aquelas onde há a propensão para o desenvolvimento de velocidade.
Quanto maior for a velocidade, maior será o tempo necessário para frenagem, ou seja, conforme a velocidade aumenta, a distância percorrida até o ponto de frenagem aumenta também, pois o condutor necessitará de maior tempo para reação até o ponto da frenagem total. Considera-se também que, quanto maior for a velocidade, maior será a energia empregada na absorção do impacto, daí a probabilidade de aumento de mortos e lesionados graves no trânsito.
Ao dirigir, o condutor deve saber que necessita manter uma distância segura do veículo à sua frente, no entanto, o que ele deve saber também é que quanto maior for a velocidade, maior deve ser a distância tomada, visto que em caso de necessidade de frenagem, ele necessitará de uma maior distância para sua frenagem total, para não colidir com veículo à sua frente.
Na maior parte dos feridos graves e óbitos por sinistros de trânsito, as lesões se devem as forças e acelerações maiores do que um corpo pode suportar, seja ele condutor, passageiro, ciclista ou pedestre.
? Por que há uma necessidade de mudança de hábitos nos usuários do trânsito brasileiro quando se trata de velocidade?
Infelizmente o hábito do condutor brasileiro é transitar acima dos limites da velocidade da via, mesmo quando há placas em todo o trajeto delimitando ao condutor a velocidade máxima permitida, e isso acontece principalmente em vias urbanas onde o risco de colisões e atropelamentos é muito maior devido ao grande fluxo de veículos, ciclistas e pedestres. Mesmo em vias que possuem redutores de velocidade, é comum o condutor reduzir no ponto onde há o equipamento e acelerar após a passagem dele. No entanto, é fundamental que seja mantida a velocidade no prolongamento da via, visto que se há um limitador de velocidade, é sinal que em toda a extensão da via há riscos de sinistros.
? Por que quase 100% dos sinistros (acidentes) de trânsito podem ser evitados?
90% os sinistros (acidentes) de trânsito acontecem por falha humana. Estas falhas são as mais diversas possíveis:
– É um condutor que desrespeita os limites de velocidade (principal causa de mortos e feridos no trânsito em todo o mundo), passa no semáforo vermelho, para sobre a faixa de pedestres, deixa de cuidar da manutenção de seu veículo, bebe e dirige, dirige olhando ou respondendo mensagens no celular, deixa de utilizar o cinto de segurança, ou não fiscaliza para que os demais ocupantes utilizem.
– É um ciclista que pedala na contramão de direção ou transita sobre a calçada, deixa de usar a ciclofaixa quando existe, anda com fones de ouvido, não sabe ou não utiliza de gestos para suas manobras, ou deixa de utilizar os equipamentos de segurança, como o capacete e os que dão visibilidade, principalmente à noite.
– É um pedestre que atravessa fora da faixa, anda desatento ao trânsito à sua volta, deixa de usar as calçadas, deixa de usar as passarelas, atravessa entre os veículos, não olha para os lados ao atravessar uma ciclofaixa, ou seja, são inúmeras as falhas humanas e sempre irão existir, apesar de serem evitáveis, apesar de o condutor, o ciclista ou o pedestre terem a chance de se antecipar aos riscos iminentes, por isso é fundamental respeitar os diferentes espaços no trânsito, obedecendo as normas e regras de circulação, as quais existem para todos os elementos partícipes.
? Por que controlar e reduzir as velocidades veiculares nas áreas urbanas é tão importante?
Os sinistros (acidentes) de trânsito, quase em sua totalidade, conforme visto acima, acontecem por falhas humanas. Os controladores de velocidade têm como principal objetivo fazer com que estas “falhas” não deixem mortos e nem feridos graves, muitas vezes sequelados para o resto da vida. Ou seja, sinistros podem até ocorrer, mas a baixa velocidade é fator decisivo para não matar e nem deixar gravemente ferida uma pessoa no trânsito, a ponto desta ficar inválida permanentemente por uma falha humana que ocorreu em fração de segundos.
É provado que onde existe a possibilidade de conflitos entre pedestres, ciclistas e veículos, como as vias urbanas, haja a necessidade urgente de fazer com que motoristas reduzam a velocidade de seu veículo, uma vez que pedestres e ciclistas ocupam uma posição de extrema vulnerabilidade no trânsito, e que, especialmente, devem ter prioridade sobre qualquer veículo motorizado. Da mesma forma, nas áreas urbanas, há uma frequente possibilidade de ocorrer sinistros (acidentes) de trânsito entre veículos, seja por colisões frontais, laterais ou traseiras, neste caso, quanto menor for a velocidade, menor também será o impacto na dinâmica das colisões.
Outros estudos atestam que utilizando de cálculos matemáticos, a pressa no trânsito não contribui para chegar antes ao destino. Reduzir velocidades nas vias urbanas pode não causar congestionamentos como muitos pensam, em razão de que com a diminuição de velocidade, cabem mais veículos nas vias resultando em menos congestionamentos e em um tráfego mais contínuo.
Desta forma, um veículo que trafega em menor velocidade, além de diminuir a gravidade de mortos e feridos no trânsito, sua baixa velocidade dificilmente vai necessitar de frenagens bruscas ou contínuas, as quais ocorrem comumente em velocidades maiores.
Além disso, é quase impossível manter uma velocidade mais alta e constante em vias urbanas, mesmo em vias onde não há redutores de velocidade, devido ao grande fluxo de veículos, ciclistas, pedestres, semáforos, placas de parada obrigatória, preferenciais, lombadas, faixas de pedestre, travessias elevadas ou as próprias placas de velocidade máxima permitida, sendo estas as menos respeitadas pela cultura brasileira, lamentavelmente.
RESPEITE OS LIMITES DE VELOCIDADE, VALORIZE SUA VIDA E A DO OUTRO