Cidadania

Especialista diz que Paraná é vanguarda em pesquisas de bioenergia
26-04-2006 21:46

“O Paraná está na vanguarda e tem um papel importantíssimo em buscar formas alternativas para atender a demanda do petróleo, que é muito grande. Nós precisamos investir urgentemente nesta substituição e o estado está fazendo o que é certo”. A declaração é do diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobrás, o engenheiro elétrico Fernando Siqueira, que participou nesta quarta-feira (27) do Seminário sobre Bioenergias, na Assembléia Legislativa.

Siqueira destacou as pesquisas desenvolvidas pelo governo do estado, através da Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica) em parceria da iniciativa privada. Segundo ele, atualmente existem duas correntes relacionadas ao modelo energético mundial. A primeira, defendida pela Agência Internacional de Energia, sofre forte influência norte-americana e busca esconder a realidade da crise no setor que passa os Estados Unidos.

“Ela tenta mostrar que o petróleo vai durar muito e que ninguém precisa se preocupar. Mas na verdade, as correntes sérias, de especialistas independentes do Instituto Francês de Petróleo e da Universidade da Califórnia, têm mostrado outro panorama”, afirma. Siqueira disse que a oferta mundial do produto vai passar por um pico, entre 2008 e 2010, e a demanda crescente vai superar a oferta.

Com maior procura, o preço do barril deverá superar os US$ 100. “Isso significa um enorme perigo para as economias dos países que dependem de importação, que são os europeus e os EUA”. O engenheiro afirmou que governo do Paraná desenvolve, com propriedade, pesquisas de energia alternativa de biomassa como forma de substituir o petróleo.

Siqueira acredita que em 2015, a demanda mundial será de 110 milhões de barris/dia, com uma oferta inferior a 98 milhões, o que pode elevar o custo da unidade para US$ 300. Em relação ao Brasil e a auto-suficiência atingida pelo Petrobrás, o engenheiro acredita que isso deverá mudar até o ano de 2014, quando o país voltará a ser importador.

“Temos pouquíssimo tempo para sair deste imbróglio terrível”, alertou. Segundo ele, o país é o melhor aquinhoado desta possibilidade em função do binômio fundamental: sol e água, mais a terra para plantar. Entre os exemplos de biomassa ele destacou o álcool da cana e o biodiesel de oleaginosas nativas como o pinho manso, mamona, dendê, babaçu, nabo-forrageiro, entre outras.

As plantas reúnem condições de substituir o diesel, derivado mais importante do petróleo. A demanda do produto hoje no Brasil é de aproximadamente 700 mil barris/dia, enquanto da gasolina é de 300 mil barris/dia. “O biodiesel substitui este componente inclusive em sub-produtos como a glicerina que pode ser usada na produção de plástico, fibras de roupas e garrafas de refrigerantes”. Neste caso, os produtos se tornariam biodegradáveis, reduzindo o índice de poluição mundial.

Debates – O seminário, com o tema “O Futuro da Bioenergia”, reuniu especialistas em Bioenergias de todo o país. A intenção é ampliar as discussões sobre as energias alternativas frente à iminente falência do modelo energético não renovável do petróleo extraído de reservas fósseis.

O diretor de gestão corporativa da Copel, Luis Antônio Rossafa, falou sobre “Biomassas e o futuro do Brasil: a importância na produção de energia, alimentos e combustíveis”. O diretor presidente da Raudi, Ricardo Audi destacou as “Rotas tecnológicas para o aproveitamento de biomassa, agroindústrias e seus resíduos e soluções de sucesso”. Já o engenheiro e criador do carro movido a óleo de cozinha, Thomas Fendel, falou sobre sua invenção.

O evento foi convocado pelo deputado estadual Rafael Greca, autor do projeto de lei 375/2005, que cria o programa de produção de biodiesel no estado. A proposta já recebeu parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia e deverá entrar na pauta de votação em maio.

Foto: Ronildo Pimentel
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