Economia

Juros altos são entrave para crescimento, diz economista
01-01-2007 18:43

Álvaro Bufarah e Priscilla Mazenotti
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - Ao fazer um balanço do primeiro mandato do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o economista chefe do Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial (Iedi), Edgard Pereira, disse que a alta taxa de juros foi o principal entrave para que a indústria brasileira não apresentasse um crescimento maior.

"Com certeza, se a taxa de juros caminhar para um patamar mais aceitável, a economia cresceria a taxas maiores e sem riscos, porque não há nenhuma indicação de que uma taxa de juros mais baixa, de alguma maneira, levaria a uma retomada da inflação", afirmou, em entrevista à Radiobrás.

Segundo Pereira, no ano passado, a taxa de juros nominal ficou, em média, em 14,5% ao ano. Ele acrescenta que, considerada a inflação - que deve encerrar 2006 em torno de 3% - há uma taxa de juro real superior a 11% ao ano. "É muito superior, por exemplo, à taxa de juros do mercado norte-americano, que é a taxa de referência do mundo e está em torno de 5%".

Na avaliação dele, quando a taxa de juros real baixar e "ficar compatível às taxas internacionais", os investimentos voltarão ao país. "Inclusive os investimentos em infra-estrutura, que viabilizam o próprio crescimento.

Como as perspectivas para a economia mundial não contemplam cenários de crise, caberá ao governo brasileiro tomar iniciativas que permitam um crescimento econômico mais rápido.

"Se o governo mantiver a política praticada no primeiro mandato, vamos para um crescimento medíocre entre 2,5% a 3% ao ano. Neste caso, ao final do mandato, estaríamos com uma economia muito mais dependente de fornecimento de bens importados do que estamos hoje".

Em relação à balança comercial, Pereira disse que o grande volume de importações no Brasil pode indicar uma "incipiente desindustrialização" no país, fruto, principalmente, da "invasão" de produtos chineses no país.

"A China está proporcionando um choque deflacionário na economia mundial, que faz com que os bens exportados por ela façam com que os preços dos bens dos outros países caiam", disse "Isso retira muito da competitividade da indústria, porque como os produtos nacionais estão sendo substituídos pela produção chinesa, as escalas de produção ficam baixas e o custo sobe".

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