Educação

Mãe denuncia agressões contra alunos especiais
02-05-2016 20:26

Os filhos de Nilva Matara têm três e quatro anos. Um é autista e o outro sofre de Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Ambos eram alunos dos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) de São José dos Pinhais, de onde a mãe afirma tê-los tirado por discriminação e agressão. “Não há inclusão escolar para as crianças especiais em SJP”, observa.

A percepção da mãe teve início ao matricular os filhos na Rede Pública Municipal. “Queriam encaminhar ele para Escola Especial, mas meu filho tem condições de estudar em Escola Regular pois tem um grau moderado de autismo e faz tratamento.”

Depois de conseguir matricular os filhos em um CMEI, no bairro Costeira, Nilva conta que o mais novo apareceu com o pé todo marcado. “Como ele desamarra o tênis com frequência e não sabia amarrar, a professora amarrou tão forte o cadarço que chegou a ficar roxo”, lembra. “Em outra situação, a professora do mais velho pegou a mão de um amiguinho e bateu na cabeça do meu filho, dizendo que era para ele aprender a não bater nos outros.”

Mas o que levou Nilva à Justiça contra as professoras foi um corte de oito centímetros que apareceu na nádega do filho mais novo. “Ele ainda usava fraldas e não falava, então não soube explicar direito o que aconteceu. Nem ele nem a professora, que não deu sequer explicações”, diz.

Segundo o exame de corpo de delito, realizado no IML, o menino sofreu um corte profundo (8 cm) feito com um objeto contundente. “Não dá pra imaginar uma profissional que deveria cuidar do seu filho fazer uma coisa destas”, analisa Nilva, que abriu queixa na Justiça e na Prefeitura de SJP. A Secretaria Municipal de Educação, então, abriu sindicância para apurar as duas situações, afastando as profissionais envolvidas do CMEI em questão.

“Queriam que os matriculasse em outro CMEI mas quando fui conversar já senti o preconceito, especialmente por eu ter denunciado. Mas como aceitar calada tudo o que aconteceu”, questiona. “A Rede Pública em SJP não tem profissionais qualificados para atender crianças especiais, que têm direito a um professor auxiliar, quando quem cuida deles são estagiárias”, ressalta a mãe. Ela afirma ter parado de trabalhar para poder cuidar das crianças, que não estão frequentando a escola.

ATENÇÃO ESPECIAL
A diretora do Departamento de Educação Especial, Mara Avosani, destaca a atuação da Secretaria de Educação de SJP na atenção e nos cuidados com as crianças especiais. “Temos profissionais capacitados, que dão todo o suporte e apoio às professoras no processo de inclusão destes alunos.”

Ela lembra que o Município possui salas de recursos multifuncionais que atendem os alunos especiais no contra-turno, uma vez na semana. Há ainda quatro escolas especiais na Cidade (incluindo a Apae), quatro Centros Municipais de Atendimento Especializado (Cemae) e um Centro Municipal de Atendimento e Estimulação Precoce (Cemae).

“Trabalhamos focados na autonomia do aluno e dispomos de todos os recursos para seu desenvolvimento e aprendizagem. Oferecemos formação continuada para os profissionais das Escolas Regulares, que possuem apoio e constante acompanhamento de nosso departamento”, destaca a diretora.

Com relação à situação de Nilva, Mara assegura que a Secretaria está avaliando o que aconteceu e que foram realizadas reuniões com os pais e com todos os profissionais envolvidos. Sobre o preconceito que a mãe diz ter encontrado, Mara acredita que o sentimento também pode estar do lado da família. “Orientamos as crianças para outro CMEI mas é preciso dar uma oportunidade para que possamos mostrar que também há pontos positivos na inclusão da Rede Municipal de Ensino.”

Publicado: GuiaSJP.com - Jornalista Mauren Luc (Reprodução autorizada mediante citação do GuiaSJP.com)
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