Educação

Municípios defendem capacitação de professores para melhorar alfabetização infantil
23-03-2007 17:01

Brasília - Os problemas da alfabetização infantil voltaram a ser debatidos após a apresentação do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Está prevista a criação de uma prova nacional, Provinha Brasil, para avaliar se as crianças estão, de fato, aprendendo a ler e a escrever.

O governo também planeja ações para melhorar a qualificação dos professores das séries iniciais. Representantes da União Nacional dos Dirigentes Municipais em Educação (Undime) reuniram-se esta semana em Natal (RN) para discutir o assunto com educadores.

A presidente da Undime e secretária municipal de Educação de Belo Horizonte, Maria do Pilar, explica que cada vez mais crianças estão tendo acesso à educação. O problema, segundo ela, é que a maioria chega sem estímulo pedagógico familiar prévio e ainda enfrenta a falta de preparo dos professores.

"As crianças chegam à escola com seis ou sete anos, de famílias onde os pais não tiveram acesso à educação. Chegam com uma bagagem letrada muito pequena. Faltam novas pedagogias e tecnologias para alfabetização", avalia Pilar.

De acordo com ela, em Minas Gerais, foi realizada no ano passado uma avaliação com alunos recém-alfabetizados e os dados serão utilizados para melhorar o processo de aprendizagem no estado.

O último censo escolar mostra que no Brasil existem mais de 33 milhões de crianças matriculadas no Ensino Fundamental, que vai do 1º ao 9º ano.

De acordo com a professora de lingüística da Universidade de Brasília (UnB), Stella Maris, as crianças deveriam aprender a ler e a escrever até o 2º ano (antiga 1ª série) e nos anos seguintes aprimorar o conhecimento.

"A grande questão é que os professores precisam de uma melhor formação para trabalhar com mais eficiência", acrescenta a professora. Segundo ela, o processo de alfabetização precisa ser contínuo, ou seja, o ideal é exercitar a leitura durante toda a vida escolar.

No Distrito Federal, o Centro de Educação Infantil que reúne o maior número de crianças em processo de alfabetização (1.078) fica na região administrativa de São Sebastião. Faltam material didático e professor.

A diretora da escola, Daniela Medeiros Barbosa, diz que é preciso improvisar na hora de dar aulas. "Hoje está faltando uma professora, não podemos dispensar as crianças porque a educação é um direito. Eu vou entrar em sala e o trabalho na direção, infelizmente, vai ter que parar."

A professora Fátima Alice Mares de Figueiredo, que também trabalha no centro e leciona há 14 anos, reclama da superlotação nas salas. "Se o governo investisse verdadeiramente o que ele promete, se ele investisse a fundo na educação, não estaria nessa situação tão difícil."

Ontem (22), em entrevista à Rádio Nacional, o ministro da Educação, Fernando Haddad, disse que a própria ampliação do ensino fundamental para nove anos foi adotada para melhorar a alfabetização infantil.

"Isso pode favorecer o movimento de um ciclo de alfabetização dos seis aos oito anos, se garantir que nos dois anos iniciais ou no mais tardar, nos três anos iniciais, a criança esteja plenamente alfabetizada", explicou Haddad.

"É absolutamente possível, desejável alfabetizar as crianças até essa idade, garantir que até os oito anos todos os brasileiros estejam alfabetizados. Quando você faz avaliação aos dez anos e conclui que essa criança ainda é um analfabeto funcional, aos dez, onze ou doze anos é muito difícil recuperar essa criança."


Grazielle Machado
da Agência Brasil
Foto: Marcello Casal JR/ABr
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