Meio Ambiente

IAP multa supermercados em mais de R$ 200 mil
15-02-2008 11:34

O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) multou nesta quinta-feira (14) as redes de supermercados WMS Supermercados do Brasil (que engloba os estabelecimentos Wal Mart, Big e Mercadorama), Companhia Brasileira de Distribuição (do qual fazem parte as lojas Pão de Açúcar e Extra) e Carrefour. Cada rede foi autuada em R$ 70 mil por não apresentar à Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e ao Ministério Público do Paraná alternativas para a substituição das sacolas plásticas disponibilizadas em suas lojas. Se somadas, as multas totalizam R$ 210 mil.

“Estas foram as primeiras multas”, disse o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues. “E caso as redes não apresentem propostas nos próximos 30 dias, o valor da multa será triplicado”, alertou. Segundo ele, também será desencadeada uma ação no interior do Estado buscando alternativas para o passivo ambiental gerado pelas 80 milhões de sacolas distribuídas mensalmente nos supermercados paranaenses – o equivalente a 20 toneladas de plástico.

Para Rasca, é triste ter que registrar a falta de compromisso deste segmento. “Alguns deles não querem fazer aqui o que fazem em outros países”, comentou o secretário, fazendo referência às redes Wal Mart, que recentemente passou a distribuir sacolas oxibiodegradáveis em todas suas lojas na Argentina, e Carrefour, que disponibiliza dois tipos de sacola (oxibiodegradável e de pano) em seus estabelecimentos na França.

De acordo com o coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Proteção ao Meio Ambiente do Ministério Público, Saint-Clair Onorato Santos, esta é uma ação inédita no Brasil. “A autuação foi um passo realmente importante na questão dos resíduos sólidos urbanos e uma demonstração de que as empresas têm que ter responsabilidade ambiental”, destacou. “Certamente deverá repercutir em todo o território nacional esta iniciativa de proteção ao meio ambiente”, acrescentou.

O secretário Rasca ainda fez um apelo à população. “Reflitam antes de consumir nestes estabelecimentos que não prezam pelo compromisso sócio-ambiental”, solicitou.

SOBRE A MULTA – A iniciativa de buscar alternativas para as sacolas plásticas é do programa Desperdício Zero, coordenado pela Secretaria do Meio Ambiente, que tem como objetivo reduzir em 30% o volume de lixo gerado e eliminar os lixões a céu aberto no Estado.

Em março do ano passado, a Secretaria e o Ministério Público convocaram audiência pública com a Associação Paranaense de Supermercados (Apras) para saber qual o destino das 80 milhões de sacolas disponibilizadas mensalmente. “Como a associação se manifestou dizendo que era responsável apenas por eventos e promoções, houve a necessidade de chamar individualmente as redes de supermercado para que cada uma respondesse pelo volume gerado”, explicou o coordenador do programa Laerty Dudas.

A reunião com os representantes foi realizada dois meses depois, em maio, quando deveriam ser apresentadas informações como o volume de sacolas utilizadas por mês e medidas alternativas para resolver a situação do passivo ambiental gerado por estas sacolas. Como nenhuma solução foi apresentada, houve a prorrogação do prazo em 30 dias.

Outras duas convocações aconteceram, sem sucesso. Em 23 de outubro foi estabelecido o prazo final para a apresentação das alternativas, que seria 17 de novembro. “Mas, outra vez, o prazo expirou e nada foi apresentado”, ressaltou Dudas.

ADESÃO – Apesar da resistência de alguns supermercados, outras redes que atuam no Estado já usam sacolas retornáveis, produzidas com diversos materiais – desde o tradicional tecido até o plástico oxibiodegradável.

O Condor foi a primeira grande rede de supermercados a substituir as sacolas plásticas. Desde junho do ano passado, todas as 24 lojas da rede disponibilizam as sacolas. Por mês são 10 milhões repassadas a todas as sedes.

Além do Condor, muitas redes do interior do estado já fizeram a substituição. É o caso dos supermercados Planato, de Umuarama (Noroeste paranaense). José Luis Leandro, gerente de um dos cinco estabelecimentos da rede, comentou que desde o último mês de agosto todas as lojas passaram a trabalhar exclusivamente com sacolas oxibiodegradáveis. Mensalmente são disponibilizadas 600 mil sacolas nos supermercados Planalto.

Ele contou que a mudança ocorreu quando a rede percebeu a necessidade contribuir com o meio ambiente. “Quando vimos que uma simples sacolinha pode levar até 400 anos para se decompor, fomos buscar uma outra opção”, disse. A receptividade dos clientes o surpreendeu. “Foi muito grande, afinal hoje a preocupação como o meio ambiente é global e cada um pode fazer a sua parte”, completou.

Em Tibagi (região central do Estado), o supermercado Cristal também já disponibiliza sacolas oxibiodegradáveis a seus clientes. Para um dos sócios do estabelecimento, Moacir Alberto Gomes, mesmo havendo um pequeno aumento no custo das sacolas, a iniciativa valeu a pena. “Compensamos esse acréscimo com a conscientização ambiental de nossos consumidores”, avaliou. Muffato e Cidade Canção, que atua em Maringá, são algumas outras redes que já possuem em suas lojas sacolas ecologicamente corretas.


AEN
Foto:Denis Ferreira Netto
POW INTERNET
<

Nenhum item encontrado