Política

Chávez e Requião assinam “Manifesto das Américas”
20-04-2006 16:53

O presidente da Venezuela Hugo Chávez e o governador Roberto Requião assinaram nesta quinta-feira (20), no Teatro Guaíra, o Manifesto das Américas em Defesa da Natureza e da Diversidade Biológica e Cultural. O documento, elaborado pelo teólogo e escritor Leonardo Boff, combate a introdução de organismos transgênicos no ambiente e o uso das sementes “terminator”, porque elas atentam contra o sentido da vida e da reprodução. Também se opõe ao Acordo de Livre Comércio das Américas (ALCA) e a tratados bilaterais ou outros que não tenham a participação popular na Organização Mundial do Comércio (OMC).

O manifesto tem o apoio de importantes personalidades como o bispo e poeta brasileiro Dom Pedro Casaldáliga, o escritor uruguaio Eduardo Galeano, o especialista canadense no estudo das conseqüências dos organismos geneticamente modificados Pat Mooney, do Grupo ETC, a pesquisadora do mesmo grupo no México, Silvia Ribeiro, o pesquisador norte-americano de soberania alimentar, Peter Rosset, o cientista social Aníbal Quijano, do Peru, a deputada Doris Gutierrez, de Honduras, e o dirigente da Via Campesina no Brasil, João Pedro Stedille.

Defesa da Vida – O documento destaca a responsabilidade universal do continente americano para o futuro da Terra. “Os países amazônicos e andinos, como a Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Venezuela e Brasil, são territórios megadiversos, não apenas por seu riquíssimo ecossistema, mas também pela presença de povos indígenas, camponeses, quilombolas e outras comunidades locais, que há milênios vivem em co-habitação entre a biodiversidade e a sociodiversidade”, afirma o manifesto.
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Somente a Floresta Amazônica, presente nesses países, representa um terço das florestas tropicais do mundo e abriga mais de 50% da biodiversidade. São 45 mil espécies de plantas, 1.300 espécies de peixes de água doce, 163 espécies de anfíbios, 311 espécies de mamíferos, 1.000 espécies de aves, 150 espécies de morcegos, 1.800 espécies de borboletas, e 305 espécies de serpentes. Uma riqueza que desperta “a cobiça dos neoliberais-globaiscolonizadores através da ação insana de dezenas de empresas transnacionais, principalmente dos países do norte global”, ressalta o documento.

Para fazer frente, de forma decisiva, a esse “processo de espoliação”, o manifesto propõe políticas consistentes, que visem conservar a diversidade biológica e cultural de nossos ecossistemas; garantir a integridade e a beleza dos ecossistemas e os povos que cuidam e dependem dela; que se oponham resolutamente à introdução de espécies exóticas, inadequadas aos nossos ecossistemas, assim como de organismos geneticamente modificados no ambiente.

Também propõe o combate às sementes “terminator”, que visam beneficiar as grandes empresas transnacionais controladoras das sementes e manter os agricultores sob sua dependência. O texto do manifesto reitera a necessidade de reconhecer e afirmar os direitos dos povos e comunidades à terra, ao território e às riquezas naturais. “Povos que, por séculos e milênios, têm desenvolvido a biodiversidade agrícola e alimentar, e que devem prosseguir essa tarefa crucial para a humanidade de conservação das sementes crioulas e nativas, que só podem ser multiplicadas a nível local e diverso”, conclui.

Agência Estadual de Notícias
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