Saúde

Médicos e pais pedem fim do preconceito contra pessoas com Síndrome de Down
22-03-2008 14:25

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil

Brasília - No Dia Internacional da Síndrome de Down, comemorado sexta(21), médicos e pais afirmam que ainda são necessários avanços para que, de fato, haja inclusão das pessoas com Síndrome de Down na sociedade e o fim do preconceito.

A pediatra Elvira Garcez de Castro Dória, do Ambulatório de Síndrome de Down da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, diz que, apesar de exigirem um pouco mais de cuidado dos pais, parentes, amigos e professores, as pessoas que têm a síndrome são tão capazes quanto qualquer outra.

“Essas crianças podem ser úteis à sociedade, podem se desenvolver, devem ser incluídas, são seres humanos como quaisquer outros e têm habilidades como todos nós seres humanos temos habilidades, o que é importante é que elas devem ser estimulados desde o nascimento”, destaca.

Gustavo Faria tem 17 anos, estuda pela manhã e há oito meses trabalha como menor aprendiz no Banco do Brasil no período da tarde. O sonho dele é cursar a faculdade e ser dentista. A única diferença entre o jovem e os colegas é que Gustavo Faria tem Síndrome de Down. A mãe dele, Lílian Faria, diz que o filho mais velho é um tesouro, independentemente de qualquer dificuldade que tenha.

Lílian conta que, até conseguir o estágio, seu filho estava com auto-estima muito baixa, vivia triste por sentir o preconceito, a diferença. “Eu agradeço a Deus todos os dias por essa oportunidade [do estágio]”. “Um portador de Síndrome de Down tem as mesmas necessidades de qualquer pessoa, e é muito importante que sejam dadas a ele oportunidades também”, diz.

A pediatra Elvira Garcez explica que a síndrome não é uma doença, mas uma condição clínica causada por uma alteração genética, “um defeitinho de fabricação”. Todas as pessoas têm, dentro de cada célula, 23 pares de cromossomos – estruturas que guardam o material genético. As pessoas com Down têm uma trinca do cromossomo 21, em vez de um par.

Elas têm características em comum, como os olhos puxados, a baixa estatura, a tendência à obesidade e a facilidade em contrair as mais variadas infecções. Além disso, a pediatra diz que de 40% a 50% têm problemas congênitos no coração e cerca de 50% apresentam problemas visuais e auditivos.

Entre os estímulos necessários para quem tem Síndrome de Down, a pediatra cita a fisioterapia, para fortalecer a musculatura, e a fonoaudiologia, já que eles têm dificuldades com a fala. Além disso, devem tomar todas as vacinas, mesmo as que não estão no calendário oficial, e conviver sempre com outras crianças.

Lúcia Medeiros, mãe de Ana Clara, que completa 3 anos no próximo dia 28, sabe disso. Ela conta que desde que adotou a menina buscou logo o apoio de uma escola inclusiva, que atenda e estimule tanto crianças "normais" como crianças especiais. Mãe de outros dois filhos, adolescentes, Lúcia conta que Ana Clara é a paixão da família e que não sentiu resistência dos parentes quando decidiu adotá-la. No entanto, ela reconhece que ainda há preconceito.

“É isso o que está faltando, nós pais passarmos para as pessoas que eles são pessoas comuns, que eles aprendem, são bonitos, embora com características diferentes.”

A opinião é compartilhada por Juliana Santos, mãe de Vinícius, de 3 anos, e membro da Associação DF Down, que atua na defesa dos direitos das pessoas que têm a síndrome. “Não tem limite para o que os nossos filhos podem atingir, esses limites foram colocados no passado por desconhecimento, então a gente quer que os nossos filhos busquem esses sonhos, porque eles são capazes de atingir o que eles sonharem.”


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