Saúde

Mobilização marca o “Dia D” de combate a dengue no Paraná
25-11-2007 02:41

Atividades em todo o Estado marcaram neste sábado (24) o Dia “D” de Combate à dengue. O secretário estadual da Saúde, Gilberto Martin, abriu a campanha em Cambé, na região norte, e em seguida participou da mobilização em Londrina. Com a frase “Combater a dengue é um dever meu, seu e de todos, a dengue pode matar”, as atividades partiram da Secretaria de Estado da Saúde, por meio das 22 Regionais de Saúde e em conjunto com os municípios.

“Atividades públicas como esta chamam a atenção do problema”, avalia Gilberto Martin, para quem até janeiro o objetivo principal da campanha será atacar os criadouros do mosquito. “Para isso temos que mobilizar toda a sociedade. A dengue é um problema de todo o cidadão”, completou.

A dengue é atualmente uma das principais preocupações de saúde pública em todo o País e no Paraná não poderia ser diferente. “Hoje temos três vírus da doença circulando. O quarto tipo já está na Venezuela e deve chegar logo ao Brasil”, alerta o secretário. O problema, segundo ele, é que quando o paciente contrai a doença pela segunda vez, com um sorotipo diferente do vírus, a chance de dengue hemorrágica cresce muito. Cerca de 10% das pessoas que são infectados não chegam a ter os sintomas da dengue clássica e por isso sequer sabem que foram infectados”, acrescentou.

Outra questão levantada pelo secretário é que há uma cultura de que a dengue é uma doença que não traz perigos à população. “A dengue não é brincadeira. É preciso que todos percebam a gravidade desta doença que mata. Um paciente com dengue hemorrágica sangra por todos os orifícios do corpo”, enfatizou.

Sobre a prevenção, o secretário ressaltou mais uma vez a importância de cada cidadão fazer a sua parte. “Até o copinho de água e café que se joga em qualquer lugar pode ser um ótimo criadouro para o mosquito”, lembrou. Martin explica que o ovo pode passar mais de um ano vivo esperando as condições ideais para eclodir e pode até mesmo já nascer infectado. Por isso a importância de acabar com os criadouros do mosquito.

Mobilização – Na abertura da campanha, no calçadão central de Cambé, foram montadas barracas para distribuição de panfletos informativos à população. O pedreiro Hélio Luiz, 52 anos, disse que esta mobilização é de extrema importância. “Assim ficamos sabendo o que é preciso fazer para combater a doença”. Ao seu lado, a estudante Michelli Pagliari, 18, disse estar fazendo a lição de casa. “Tampamos a caixa d’agua, colocamos areia nos vasos e não deixamos plásticos jogados”, ressaltou.

Em seguida, o secretário Gilberto Martin participou de um mutirão de limpeza no bairro José Fávaro. A expectativa dos organizadores era recolher 20 toneladas de lixo somente neste local.

Em Londrina, o secretário participou de atividades no calçadão da cidade, onde foram entregues fitas para lembrar o combate à doença e materiais educativos. Também foi realizado um teatro falando da ameaça da dengue para a população. Ao lado das barracas da 17ª Regional de Saúde, foram colocados equipamentos utilizados no combate ao mosquito e um ônibus da Defesa Civil. “Com o apoio da Defesa Civil, aumenta o nosso poder de mobilização”, destacou Martin. “Só uma mudança de atitude da população, aliada as ações técnicas da Secretaria da Saúde, é que resolverão este problema”, completou o deputado estadual Luiz Eduardo Cheida.

Na 15a Regional de Saúde, com sede em Maringá, os municípios fizeram gincanas nos colégios. Todos os municípios estão realizando panfletagem com agentes de saúde. Maringá promoveu uma integração entre as Unidades Básicas de Saúde, Agentes Comunitários de Saúde e Agentes que estão trabalhando no combate ao mosquito. Na 20a Regional de Saúde em Toledo, os municípios também realizaram gincana nas escolas e promoveram palestras de conscientização para os alunos.

Em Foz do Iguaçu, a Regional de Saúde uma passeata com a participação de cerca de 200 servidores da Sanepar, Instituto Ambiental do Paraná, Defesa Civil, Núcleo de Educação e Corpo de Bombeiros. Na região de Paranavaí, foram realizadas atividades como panfletagens, visitas domiciliares, mutirões de limpeza e peças teatrais, além de reunião com secretários municipais de saúde para conscientização do problema. Os técnicos da Regional de Saúde estão fazendo visitas técnicas para supervisão e orientações técnicas sobre o combate ao mosquito.

Servidores dos sete municípios do litoral e da 1ª Regional de Saúde desenvolveram ações educativas em pontos estratégicos como escolas, logradouros públicos e terminais rodoviários. A Regional também colocou uma tenda no pátio de triagem de caminhões, onde será realizada medição de pressão arterial, teste de glicemia e orientação sobre dengue.

Material - Para o Dia D, a Secretaria da Saúde enviou para as 22 Regionais de Saúde do Estado, 1 milhão de folders e 50 mil cartazes. O material com informações sobre a doença, o criadouro do mosquito e formas de prevenção, foi utilizado nos municípios durante a mobilização. Durante o mês de novembro, o Governo do Estado desenvolveu diversas ações relativas a doença, tendo como principal preocupação aprimorar o diagnóstico clínico da doença, apontada como uma das maiores ameaças da saúde pública do país no momento. Para isso, foram trazidos dois especialistas para palestras em macro-regionais do Estado. O consultor do Ministério da Saúde da Organização Mundial da Saúde, Ivo Castelo Branco, falou sobre o tema para cerca de 300 médicos de diversas regiões. O encontro foi em Foz do Iguaçu.

Na seqüência, o médico infectologista Kleber Luz foi a Maringá e Londrina, onde em quatro encontros falou sobre sintomas e como o diagnóstico da doença pode ser aprimorado. “Desta maneira, trabalhamos na prevenção, mas também investimentos na assistência do paciente. Mais de mil médicos participaram deste evento”, informou o secretário Gilberto Martin.

O governo investiu ainda na ampliação dos materiais de detetização, em embora a prevenção não deixou de ser a principal arma na luta contra o mosquito. Entretanto, nos locais onde existem muitos focos do mosquito, o veneno é utilizado. O Governo do Estado conta com 20 camionetes montadas com equipamentos para detetização pesada, o chamado fumacê. Outras 14 estão em processo de compra, com os equipamentos já garantidos. Em 2002, eram 15 camionetes. Outros equipamentos, as chamadas bombas costais para aplicação do inseticida, foram comprados. Em 2002 eram 80. Hoje, são 300. Um aumento de 275%.

Casos - Até o momento o Paraná notificou 46.473 casos suspeitos de dengue. Destes, mais de 24 mil foram confirmados. A Regional de Saúde de Maringá tem a maior concentração de casos com 9.362 casos confirmados. A incidência para o Estado é de 227,64 para 100.000 habitantes. Em todo o Estado, 146 municípios registraram casos, autóctones e importados.

A melhor maneira de combater a dengue é a prevenção. Os agentes de saúde alertam para que ninguém deixe o mosquito nascer. Basta tomar alguns cuidados: não deixe a água, mesmo limpa, parada em qualquer tipo de recipiente. Pneus velhos são um dos lugares preferidos do mosquito. O acúmulo de água em pratos de vasos também é um ótimo criadouro. Substitua a água dos vasos por areia grossa umedecida. Esvazie as garrafas e coloque-as de cabeça para baixo. Mantenha as caixas d´água, poços, latões e filtros bem fechados.

O que é a dengue - É uma doença infecciosa febril aguda, que pode se apresentar de forma benigna ou grave. Isso vai depender de diversos fatores, entre eles: o vírus e a cepa envolvidos, existência de infecção anterior pelo vírus da dengue e fatores individuais como doenças crônicas (diabetes, asma brônquica, anemia falciforme, dentre outras).
Qual a causa? A infecção pelo vírus, transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti.

Quais os sintomas? O doente pode apresentar sintomas como febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, náuseas ou até mesmo não apresentar qualquer sintoma. O aparecimento de dor abdominal intensa e contínua e vômitos persistentes, manchas vermelhas na pele, além de sangramentos (nariz, gengivas), podem indicar a evolução para dengue hemorrágica. Esse é um quadro grave que necessita de imediata atenção médica, pois pode ser fatal. É importante procurar orientação médica ao surgirem os primeiros sintomas, pois as manifestações iniciais podem ser confundidas com outras doenças viróticas, febre amarela, malária ou leptospirose e não servem para indicar o grau de gravidade da doença.

Como se transmite? A doença é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Não há transmissão pelo contato direto com um doente ou suas secreções, nem por meio de fontes de água ou alimento.

Como tratar? O mais importante é procurar imediatamente o serviço de saúde, pois a evolução para a forma grave da doença pode ser muito rápida. Deve-se ingerir muito líquido, como água, sucos, chás, soros caseiros, etc. Não devem ser usados medicamentos à base de ácido acetilsalicílico e antiinflamatórios, como aspirina e AAS, pois podem aumentar o risco de hemorragias. Os sintomas podem ser tratados com dipirona ou paracetamol.

Como se prevenir? A melhor forma de evitar a dengue é eliminar os criadouros do mosquito transmissor da doença, especialmente os locais onde é possível acumular água limpa e parada. Exemplo disso são latas, embalagens, copos plásticos, tampinhas de refrigerantes, pneus velhos, pratos de vasos de plantas, jarros de flores, garrafas, sacos plásticos, lixeiras, calhas, lajes, caixas d´água, tambores, latões e cisternas, entre outros.

AEN
Foto: Venilton Kuchler - SESA
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