Saúde

Mudanças Climáticas são tema do Dia Mundial de Saúde 2008
07-04-2008 12:34

“Protegendo a saúde frente às mudanças climáticas” é o tema deste ano do Dia Mundial de Saúde comemorado na segunda-feira (7). A data, definida pela Organização Mundial da Saúde e foi criada em 7 de abril de 1948, data de fundação da entidade que teve suas origens nas guerras do fim do século XIX (México e Criméia). Após a Primeira Guerra Mundial, a Sociedade das Nações criou seu comitê de higiene, que foi o embrião de tudo.

O secretário estadual de Saúde, Gilberto Martin, estará na Assembléia Legislativa do Paraná, às 10h, na segunda-feira (7) para durante audiência pública, com a Comissão de Meio Ambiente, e apresentará ações e dados relacionados com os principais tópicos da campanha: fortalecimento da vigilância e controle de doenças infecciosas, o abastecimento seguro e suficiente de água e a coordenação da ação de saúde nas situações de emergências e desastres.

“Saúde e meio-ambiente estão intimamente ligados. Dois bons exemplos que estão em voga são a dengue e a febre amarela, mas podemos ir além, temos o monitoramento da qualidade da água, além de outros temas”, salientou Martin. De acordo com ele, a Secretaria terá ainda um estande no Espaço Cultural na Assembléia para exposição de materiais relacionados ao tema, como animais peçonhentos (cobras, aranhas, escorpiões), soros, antígenos para diagnósticos, insumos laboratoriais, além de equipamentos para detecção de radiação ionizante. A Rádio Saúde também participa da mostra, com entrevistas de especialistas do assunto que ficarão disponíveis em áudio para os participantes ouvirem. A mostra terá visitação aberta ao público, na segunda e terça-feira.

Segundo o chefe de Departamento de Vigilância Ambiental, Natal Jataí de Camargo, dentre as mais de 30 doenças do meio-ambiente pelo menos sete que assolavam o Paraná já foram erradicadas: malária, raiva (cães) esquistossomose, chagas, leishmaniose toxoplasmose e hantavirose.

“A doença de Chagas não se transmite mais pelo barbeiro outrora muito presente nos domicílios, já leishmaniose não tivemos mais incidência porque no Estado não tem mais o mosquito”, explicou o epidemiologista. Com relação a hantavirose muito comum em plantação de pinus, as madeireiras foram orientadas para que evitassem o acampamento dos trabalhadores de corte em barracos. Natal disse que o “controle da qualidade de água em todo o Estado também contribuiu para prevenção das doenças de transmissão hídrica”, afirma.

O chefe da Divisão de Vigilância sobre o Meio, José Luiz Nishihara Pinto, disse que o monitoramento da qualidade das águas é uma preocupação constante não somente na água da torneira, mas em poços, bicas de estradas, mananciais de serra. Segundo ele 70% das doenças infecciosas e parasitárias são provenientes da má qualidade da água consumida e cerca de 4% de todos os internamentos tem origem na falta de potabilidade da água consumida. Alguns países já adotam até a condição do pagador poluidor, ou seja, penalizam com uma tarifa maior pessoas e empresas que poluem as águas – destacou.

Segundo a OMS: vaso sanitário, pia na cozinha, chuveiro e torneira no banheiro são essenciais para uma casa ter condições de saneamento básico. José Luiz lembrou que esgotos a céu aberto são outro problema que vem sendo enfrentado nos centros urbanos porque contaminam com uma profundidade de 1 até 15 metros atingindo o lençol freático que abastece o poço da própria casa. “Levar saneamento e educação sanitária para áreas de invasão também contribuem para diminuir a ocorrência de doenças”, observa.

Além da água e da temperatura, outros fatores tais como a umidade e a densidade, tipo do cultivo da safra, densidade da vegetação e habitação podem ser críticos para a sobrevivência de espécies diferentes de vetores transmissores de doenças. Todas essas doenças são mais presentes nos países mais pobres, e entre aqueles que vivem em condições de empobrecimento. Eles contribuem com o círculo vicioso de pobreza-doença.

Sobre os dejetos gerados pelas atividades humanas comerciais e industriais, Nishimori alerta para a necessidade de coleta, transporte e tratamento mediante processos técnicos, de forma que não gerem ameaça à saúde e ao meio ambiente.

Para muitas pessoas, principalmente, a falta de um adequado sistema de coleta, tratamento e destino dos dejetos é a mais importante das questões ambientais. O problema é particularmente acentuado nas áreas periurbanas e em áreas rurais onde a maioria da população é compostas de pessoas de baixa renda. A estimativa é que acima de um bilhão de pessoas que vivem nas cidades e acima de 2 bilhões que vivem nas áreas rurais não possuem serviços adequados de coleta, tratamento e destino dos dejetos. Estas condições são as causas primárias da alta incidência de diarréia observada nos países em desenvolvimento e que é responsável pela morte de cerca de 2 milhões de crianças e causa cerca de 900 milhões de episódios de doenças por ano. Além disso, a falta de um adequado sistema de coleta, tratamento e destino dos dejetos é a maior causa da degradação da qualidade das águas subterrâneas e superficiais.

No processo de assentamento dos agrupamentos populacionais, o sistema de drenagem urbana se sobressai como um dos mais sensíveis problemas causados pela urbanização, tanto em razão das dificuldades de esgotamento das águas pluviais como devido à interferência com os demais sistemas de infra-estrutura. A retenção da água na superfície do solo pode propiciar a proliferação dos mosquitos responsável pela disseminação da malária e dengue. Além disso, a falta de um sistema de drenagem urbana apropriada pode trazer transtornos à população com inundações e alagamentos fazendo com que as águas a serem drenadas se misturem a resíduos sólidos, esgotos sanitários e/ou fezes, propiciando com isso o aparecimento de doenças como a leptospirose, diarréias, febre tifóide etc. “Portanto, a falta de atenção à drenagem urbana pode afetar diretamente a qualidade de vida das populações e representar uma ameaça para a saúde humana”, afirma Nishimori.

O problema dos resíduos sólidos na grande maioria dos países e particularmente em determinadas regiões vem se agravando como conseqüência do acelerado crescimento populacional, concentração das áreas urbanas, desenvolvimento industrial e mudanças de hábitos de consumo.

“Geralmente o desenvolvimento econômico de qualquer região vem acompanhado de uma maior produção de resíduos sólidos. Esta maior produção tem um papel importante entre os fatores que afetam a saúde da comunidade, constituindo assim um motivo para que se implantem políticas e soluções técnicas adequadas para resolver os problemas da sua gestão e disposição final”, analisa Nishimori.

De acordo com OMS, Desastre e Emergência podem ser definidos como sendo um fenômeno natural ou causado pela ação humana, que produz um distúrbio massivo no sistema dos serviços de saúde, produzindo tão grande e imediata ameaça à saúde pública que o país afetado necessite de assistência externa para enfrentar a situação.

A chefe do Departamento de Agravos Estratégicos, Mirian Marques Woiski, esclarece que as mudanças climáticas, principalmente, o desmatamento, estão interferindo no aparecimento de doenças como no caso da febre amarela, que tem origem exclusivamente na mata amazônica, mas que, desde 1998, apresentou um quadro de expansão para as regiões Centro-Oeste e Sul. Quando ocorre a notificação de caso de uma doença de agravo imediatamente temos de considerar as condições de uma organização para atendimento da demanda do ponto de vista das vigilâncias ambiental, epidemiológica e rede de assistência para o atendimento do paciente.

No Paraná, nove hospitais fazem parte de uma rede sentinela de agravos. Destes, 5 estão localizados em Curitiba, 1 na Região Metropolitana da Capital, 1 em Maringá, 1 em Londrina e 1 em Cascavel. . Foi estruturada também uma URR – Unidade de Resposta Rápidas para o recebimento de notificação de doenças por hospitais e até pela população, que orienta as medidas emergenciais para a busca do tratamento e através da realização de exames laboratoriais no Laboratório Central do Estado. A demanda abrange um trabalho conjunto dos governos federal com estados e municípios e o melhor exemplo é a epidemia de dengue no Rio de Janeiro

Já os acidentes referem-se a incidentes ou situações perigosas provocadas por descargas acidentais de uma substância de risco para a saúde humana e/ou ao meio ambiente. Estas situações incluem incêndios, explosões, fugas ou descargas de substâncias perigosas que podem causar a morte ou lesões a um grande número de pessoas.

A vigilância ambiental em saúde se configura como um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento e a detecção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle dos fatores de riscos e das doenças ou agravos relacionados à variável ambiental.

As tarefas fundamentais da vigilância ambiental em saúde referem-se aos processos de produção, integração, processamento e interpretação de informações visando o conhecimento dos problemas de saúde existentes, relacionados aos fatores ambientais, sua priorização para tomada de decisão e execução de ações relativas às atividades de promoção, prevenção e controle recomendadas e executadas por este sistema e sua permanente avaliação. “A estrutura da vigilância ambiental em saúde abrange a diversidade de setores e instituições por meio das quais se cumprirão os objetivos e ações do sistema de vigilância”, finaliza Camargo.


AEN
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