Saúde

Pesquisador quer incluir em calendário oficial vacina contra novo tipo de meningite
29-12-2007 13:48

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Responsável por 11% dos casos de meningite no Rio de Janeiro entre 2003 e 2005, uma nova variante da doença está preocupando o pesquisador Davi Barroso, da Fundação Oswaldo Cruz (Ficoruz). Ele defende a inclusão, pelo Ministério da Saúde, da vacina contra o sorotipo W135 no calendário oficial de vacinação do país. Até o momento, estão incluídas no calendário vacinas contra os tipos A e C da doença.

Segundo o pesquisador, até 2002, a W135 representava somente 0,3% dos casos de meningite, mas entre 2003 e 2005 foram registrados quase 1.300 casos, só no estado do Rio de Janeiro. No Brasil, no mesmo período, foram mais de 23 mil casos, cerca de quatro mil por ano.

"Na verdade o que ocorreu não foi um aumento do número de casos, mas um aumento da proporção do número de casos por esse sorogrupo”, afirma Barroso. Segundo ele, a nova bactéria se comporta como as dos demais tipos da doença, causando os mesmos sintomas, que são febre, dores no corpo e manchas na pele. Se a doença não for tratada a tempo, alerta o pesquisador, pode levar à morte.

“Uma parte das pessoas desenvolve septicemia [infecção generalizada], outra parte desenvolve septicemia e meningite, e um grupo menor desenvolve septicemia sem meningite. O aparecimento de manchas hemorrágicas na pele é o primeiro sinal clássico do aparecimento da doença meningocócica”, afirma. Os pesquisadores calculam que entre 10% e 20% dos que se curam ficam com alguma seqüela permanente - a principal delas é a surdez.

Davi Barroso alerta que o reconhecimento rápido dessas lesões faz com que o tempo de internação do doente diminua e aumenta as chances de sobrevivência. “Quando não é feito o tratamento específico, que é à base de antibióticos, a chance de sobrevivência é zero”. Ele também chama a atenção para a semelhança dos sintomas da doença meningocócica e da dengue, sendo a última mais comum no verão.

A diferença, explica o pesquisador, é que na doença meningocócica a evolução para o quadro de manchas na pele ocorre em um ou dois dias, enquanto a dengue pode evoluir para as manchas somente após o quarto dia de doença. “O médico deve sempre suspeitar de doença meningocócica, porque, se o raciocínio for o contrário, elimina-se qualquer chance de sobrevivência desse paciente”.

Os Estados Unidos já produzem a vacina contra a W135, mas em quantidades insuficientes até para atender a demanda interna do país. Segundo o pesquisador, a única forma de prevenir a doença é a vacinação em massa da população, daí a importância de se incluir esse sorotipo no calendário de vacinação brasileiro.

“É interessante para o Brasil, que já produz a vacina contra os tipos A e C, que produza a tríplice, que aumenta o expectro de proteção e pode vir a atender a demanda de um mercado externo”. A doença meningocócica é uma das causas mais freqüentes da mortalidade infantil, grupo que possui menor imunidade contra doenças.


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