Maná da Segunda

Maná da Segunda - Quando Valores Corporativos e Pessoais Entram em Choque



Por Robert Tamasy

Quando uma corporação de mídia internacional adquiriu o jornal da comunidade onde eu trabalhava como editor, foram-me atribuídas as responsabilidades adicionais de publicador, substituindo o antigo dono que deixou a empresa. Neste papel ampliado, eu não apenas supervisionava as operações editoriais do jornal, mas também estava incumbido de fazer a interface com os anunciantes e a equipe que operava nossa máquina de impressão. 

No negócio de impressão, as prensas requerem altos investimentos de capital. Para serem lucrativas, precisam ser mantidas em uso o máximo possível. Então, quando os nossos jornais não estavam sendo impressos, a companhia procurava imprimir contratos para outras publicações, assegurando assim que a máquina e seu operador permanecessem ocupados. 

Meu papel não era solicitar projetos externos de impressão ou supervisioná-los, mas os operadores da prensa deviam me manter informado a respeito daquilo em que estavam trabalhando. Uma tarde, um impressor veio ao meu escritório e mostrou-me um periódico que estava sendo impresso. “Você já viu isto?”, ele perguntou. Examinando aquilo, pude ver que o conteúdo da publicação não se parecia com nada que já tínhamos feito anteriormente e não se alinhava com os valores da pequena comunidade onde a nossa empresa era tida em alta conta ao longo dos anos. 

Meu primeiro pensamento, sabedor de quão rápido as notícias correm em comunidades como a nossa, onde todo mundo conhece todo mundo, foi como os residentes, líderes cívicos e anunciantes leais reagiriam, caso descobrissem que um projeto como aquele havia sido produzido. Meu segundo pensamento foi que a mensagem daquela publicação conflitava com meus valores pessoais também. 

“Bem, o que você acha?”, perguntou o chefe de impressão, obviamente desconfortável com o conteúdo da publicação que lhe pediram para imprimir. Eu sabia que algo precisava ser feito. Mas, o quê? Não era minha responsabilidade julgar o conteúdo dos materiais impressos em nossa máquina; meu trabalho era assegurar que a tarefa fosse cumprida e o cliente ficasse satisfeito.

Questões Para Reflexão/Discussão.:

1. Você já se viu confrontado no trabalho por algo que estava em conflito com seus valores e crenças pessoais? Qual foi a situação e como você reagiu?

2. Como devemos pesar os valores pessoais e da comunidade contra a importância prática de uma empresa obter ganhos?

3. O que você faria se estivesse naquela situação?  

  MELHORES PRÁTICAS.:

Eu sabia que não cabia a mim decidir se a companhia deveria continuar a imprimir aquela publicação, e compreendia que o ganho com o projeto não poderia ser ignorado sob uma perspectiva empresarial. Entretanto, também sabia que prosseguir imprimindo aquilo em nossa pequena cidade poderia ter um impacto grave e adverso sobre a reputação de longa data do nosso jornal. 

Eu sabia que minhas convicções pessoais não influenciavam a questão, embora parecesse apropriado que eu as comunicasse a meus superiores.

Assim, esbocei uma carta, expressando minha oposição pessoal em ter um envolvimento mesmo que indireto na impressão daquela publicação.  Entretanto, a ênfase em minha carta estava no potencial de minar a aceitação que havia sido construída ao longo de anos e a possibilidade do efeito negativo sobre o faturamento em termos de ganhos com anúncios e leitores. 

Já que a matriz havia também adquirido outros jornais com máquinas de impressão em outras partes da cidade, sugeri que uma opção seria redirecionar a publicação para uma parte da cidade onde a sensibilidade da comunidade não estivesse em questão.

Por fim, meu chefe imediato me informou que, embora não estivesse preocupado com minha opinião pessoal, concordava que manter a aceitação de nossa comunidade era importante. Sendo assim, o contrato para a publicação foi preservado, mas foi rapidamente enviado para outra área da cidade. Uma crise foi evitada. 

Para outras considerações.:

Nos negócios, quando confrontados com conflitos de valores e crenças, nossa primeira reação é expressar vigorosas palavras de protesto.  Mas geralmente, o melhor é orar, confiando que Deus interferirá como Ele quiser. “O coração do rei é como um rio controlado pelo Senhor; Ele o dirige para onde quer.” (Provérbios 21:1).

Questões com potencial para afetar a reputação, tanto corporativa quanto individual, devem ser objeto de séria consideração. Novos negócios sempre podem ser iniciados, mas uma reputação, uma vez manchada, é difícil de ser restaurada. “A boa reputação vale mais do que grandes riquezas; desfrutar de boa estima vale mais que prata e ouro.” (Provérbios 22:1).

Ás vezes, problemas complexos desafiam soluções simples, deixando-nos sem saber o que podemos ou devemos fazer. Em tempos assim, orar pedindo sabedoria é o passo melhor e mais importante. Ao invés de “quando tudo o mais falhar, ore”, devemos orar em primeiro lugar. Isso pode nos poupar muito tempo e nos livrar de um estresse desnecessário. “Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida.” (Tiago 1:5).

A pergunta: “O que Jesus faria?” é relevante, quando enfrentamos um conflito de valores. Pode nos ajudar discernir quando uma posição firme, intransigente é necessária ou simplesmente expressarmos nosso ponto de vista diferente é o suficiente. “Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens.”  (Colossenses 3:23).    

Próxima semana tem mais!

Robert J. Tamasy, vice-presidente de comunicações da Leaders Legacy, corporação beneficente com sede em Atlanta. Geórgia, USA. Com mais de 30 anos de trabalho como jornalista, é co-autor e editor de nove livros. Tradução de Mércia Padovani. Revisão e adaptação de Juan Nieto.

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