Reflexão

O tripé da vontade de Deus



Quem conhece um tripé sabe que os seus três (tri) pés estão dando sustentação a alguma coisa, mas também dão sustentação ao próprio tripé. Portanto um tripé só pode sustentar a si e àquilo que se pretende se ele for “tri”. Há um trecho na Bíblia, do profeta Miquéias que resume o “tripé” da vontade de Deus.

(6:8) Ele mostrou a você, ó homem, o que é bom e o que o Senhor exige: pratique a justiça, ame a fidelidade e ande humildemente com o seu Deus.

Aqui Deus, através do profeta, dá uma síntese de como Ele espera que todos nós vivamos, aquilo que por excelência agrada a Deus e é bom. Aliás, é redundante falar que aquilo que agrada a Deus é bom porque Deus é bondoso, sua vontade é bondosa, logo seu desejo também o é.

Interessante porque este texto nos aponta para outras três dimensões: fazer, ter e ser. Examinemos brevemente o texto.

Pratique a justiça. Deus exige de nós que isto não seja apenas um valor que cremos, mas que seja um valor que praticamos. Precisamos operacionalizar a justiça de Deus. Isto acontece de muitas formas: quando eu aprendo a repartir o que tenho, luto pela causa e os direitos dos menos favorecidos, voto de maneira consciente, luto pelo meio ambiente, etc. Estou fazendo justiça. É algo concreto, palpável e quantificável.

Ame a fidelidade. É o que podemos ter. Ao invés de retermos tesouros onde a ferrugem e a traça corroem, o profeta nos diz que devemos ter fidelidade. Fidelidade é um atributo que ou você tem ou não tem, não dá para ser mais ou menos fiel, como um gol ou uma gravidez. Nem dá para fazer mais ou menos um gol e nem dá para esta mais ou menos grávida. Fidelidade a Deus é algo que devo buscar, reter e conservar, é algo que preciso ter. É um tesouro no céu.

Ande humildemente com seu Deus. Andar humildemente é uma postura, tem a ver com caráter, tem a ver com um jeito de ser. É possível andar arrogantemente com Deus, mas isto não é bom. É possível andar indiferente com Deus, mas isto não é bom. A humildade nos lembra de quem somos e de quem Deus é, nos coloca no lugar de pessoas finitas, frágeis, pecadoras e dependente, que é o que somos.

Estas três dimensões da vontade de Deus são inter-dependentes. Não podemos compensar nossa pobre espiritualidade justificando nossa boa prática de piedade e serviço ao próximo. Assim como não podemos justificar nossa arrogância espiritualóide com nossa falta de fidelidade a Deus e por aí vai. São três dimensões de uma mesma coisa – a vontade de Deus para nossa vida.qualquer uma destas pernas comprometerá o tripé. É fácil? Simples? Não. Mas possível! Servir ao próximo, amando a Deus apesar das circunstâncias aparentes, reconhecendo quem somos e que ele é aí está nosso desafio. Que Deus nos abençoe nesta empreitada.

Marcell Steuernagel e Samuel Scheffler

Veja mais Reflexão