Reflexão

Simplicidade - Vivendo o Evangelho



“E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.” (Atos 2:46,47)

Devem ter sido dias muito legais. Sem formato, sem protocolo, sem liturgia, sem energia para pagar, sem salário para ninguém, sem complicação. Devem ter sido dias de muita incerteza sobre como fazer as coisas, daí simplesmente faziam. Devem também ter sido dias em que muitos erros eram cometidos, mas ainda assim as coisas aconteciam, o perdão rolava solto. Devem ter sido dias em que o ensino era um pouco mais incerto, mas muito mais simples. Devem ter sido dias muito legais.

Hoje a gente sabe tudo. Sabe como se cumprimentar, como se vestir, como se comportar. Hoje a gente sabe a Bíblia no idioma que quiser inclusive aqueles que não sabe falar, basta ter um smartphone. A gente sabe tudo sobre Deus, o Reino, a Salvação, todas as doutrinas - mas tudo pela assinatura de outros que publicaram em algum site qualquer.

Hoje a gente tem tudo. Tem música para cantar e se não gostar um de nós faz outra. Temos microfones, guitarra, violão, contrabaixo, teclado, bateria, back vocal, projetor e dá para tocar todo culto pela Internet. Temos maquininha de cartão para receber dizimo, temos envelope bonitinho, conta em banco, CNPJ, site na internet, Facebook, Twiter e WhatsApp.

Mas, hoje os dias não são tão legais. A gente perdeu muito do “levanta e anda”, salvo algumas exceções, claro. Perdemos o “perseverando unânimes todos os dias”, afinal temos tanta coisa para fazer. Perdemos a “singeleza de coração” e somos hoje donos da verdade, mesmo quando discordamos. E perdemos completamente o “caindo na graça de todo o povo”, pois quando muito caímos na graça e na simpatia das denominações que nos rodeiam. Às vezes, muito às vezes, da vizinhança.

Eu sou meio cético para algumas coisas e creio que os dias legais não vão voltar, quem vai voltar é Jesus. O verdadeiro evangelho é para ser mais amado e vivido do que entendido - esse já foi. Cabe atualmente a cada um de nós despertar para a realidade do que é o Reino de Deus e vivê-lo da melhor maneira que puder. Cabe a cada um de nós congregar da maneira mais intensa que puder, fazendo de cada encontro um tempo que valha a pena. Cabe a cada um de nós conquistar uma fatia da simpatia de todo povo, no alcance que tiver.

Eu perdi a capacidade de acreditar que possamos viver como viveram esses irmãos no passado. Peço perdão a todos vocês por isso, pois acho que eu deveria ainda acreditar. Mas não consigo. O que vejo diante de mim é fácil de descrever - é o cumprimento das Escrituras quando dizem que os últimos dias seriam ruins, com pessoas ruins dominando o cenário. Mas não perdi a capacidade de crer na essência do evangelho e no que ela pode fazer pelas pessoas. Não perdi a fé no meu Jesus que salva, que cura, que batiza e que voltará. Não perdi um milimetro da minha intenção de gastar cada um dos meus dias sendo esquisito, chato, diferente - desde que seja bíblico. Não perdi a fé em dias melhores, pois creio na eternidade.

Mas que aqueles dias devem ter sido dias muito legais, isso eu creio sim.

“Senhor, eu não posso viver na minha geração querendo reproduzir o que aconteceu no passado. Tenho que ser abençoador na minha época e viver para Ti com entendimento. Por favor me fortalece para isso.“

Mário Fernandez
Pr Mário Fernandez vive em Curitiba desde 1994, onde desempenha seu ministério local com ensino, liderando células, discipulando homens e ministrando a Palavra. 

ICHTUS, vem do grego "ixtus", que significa peixe. 

 


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