Educação

Professores de SJP comentam o 29 de abril
29-04-2016 21:12

Há um ano, professores do Paraná foram recebidos com bombas, balas de borracha e muita violência no Centro Cívico, onde reivindicavam contra um projeto de lei do governo Beto Richa que modificaria o regime de previdência dos servidores. Entre os manifestantes, professores e profissionais da Educação de São José dos Pinhais, que hoje reviveram os trágicos momentos daquele 29 de abril, o qual ficou para a história - conhecido como o 'Massacre dos Professores'. Cerca de 250 pessoas ficaram feridas na 'batalha'.

Neusa Cabral Monteiro, a professora Duda, que leciona no Colégio Arnaldo Jansen, foi uma delas. “Tomei uma bomba de raspão na perna e vi muitos colegas feridos, tratados como bandidos”, lembra. “Nossa profissão ainda está completamente desvalorizada por toda sociedade. Os pais de alunos não acreditam no que passamos e acham que estamos lutando de barriga cheia; não acreditam que há professores que ficaram mais de seis meses sem receber”, diz. “A mídia não mostra nosso dia a dia e os alunos só acreditam quando veem as cenas do que aconteceu naquele dia.”

Há trinta anos em sala de aula, Duda diz que nunca pensou em desistir da carreira. “Isso porque tenho vocação. Mas é bem desanimador. Quem está começando agora acaba desistindo, pois não há valorização.”

Segundo ela, as promessas de Beto Richa foram cumpridas em partes. “Ele faz um pagamento e deixa de fazer três. Há várias escolas ainda sem professores, pois não estão contratando. Estão negando licença para professores pois não há outros para substituir.”

RESPEITO
A solução, para a professora, estaria na própria comunidade escolar. “Hoje os pais estão ausentes da escola, não participam e falam sem saber da nossa realidade. Se estivessem envolvidos, haveria mais respeito.”

A opinião é dividida com a agente educacional Justina Ribeiro, também de SJP. “Há muita desvalorização de nossos governantes, mas principalmente da sociedade, que vê o professor como um profissional que não quer trabalhar e, infelizmente, isso existe no Brasil todo.”

Justina lembra que presenciou diversos amigos feridos por lutarem por seus direitos. “E mesmo com tudo isso, a Educação não avançou no Paraná. As progressões atrasadas foram pagas mas já estão atrasadas novamente, desde agosto.”

Para modificar o cenário, Justina acredita que é necessário os governantes pararem de trabalhar apenas pelo bem próprio. “Eles aumentam os próprios salários e ninguém questiona. Enquanto nós, da classe educadora, temos que lutar, mendigar por nossos direitos, e quando lutamos ainda saímos por bandidos”, lamenta.

ATO
O ato que lembrou a batalha do 29 de abril de 2015 foi realizado nesta sexta-feira (29) no mesmo local. Na Praça Nossa Senhora da Salete, em frente a Assembleia Legislativa, cerca de cinco mil pessoas se reuniram em protesto, num ato de repúdio pelo arquivamento do processo contra os policiais que atuaram naquele dia. Os profissionais e estudantes, que vieram de diversas cidades do Paraná, também reivindicaram direitos, como o pagamento das progressões de carreiras, que, segundo a APP Sindicato, não vem acontecendo.

Publicado: GuiaSJP.com - Jornalista Mauren Luc (Reprodução autorizada mediante citação do GuiaSJP.com)
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