Reflexão

Esquecendo o óbvio e necessário



E tu, ó Timóteo, guarda o que te foi confiado,
evitando os falatórios inúteis e profanos e
as contradições do saber, como falsamente lhe chamam,
pois alguns, professando-o, se desviaram da fé. (1Tm 6:20-21).

Talmud, Mishná, Midrash, talvez sejam nomes estranhos para você, contudo, não para os judeus. Nos dias de Jesus, estes foram as leis e interpretações complementares do Antigo Testamento, objetivamente da Torá (Cinco Livros de Moisés). Jesus diversas vezes fala destes escritos, adendos à vontade de Deus, como: “... vossa tradição” (Mt 15); ou então, no Sermão do Monte (Mt 5-7): “... ouvistes o quê vos foi dito, eu porém vos digo:... !”

A tradição, a forma de ler, de interpretar as Escrituras, geraram livros e mais livros, senão também escolas e centros teológicos, nos dias de Jesus: Hilel (Escola de Gamaliel, de Saulo, escola dos fariseus) e Shama. Formaram gente abestalhada em suas convicções e fanatismos, geraram religião, mas não a vida e presença de Deus em cada geração.

Na história, o mundo de interpretações e adendos à vontade de Deus, cansaram a mais nobre das vontades humanas de querer singrar o caminho de Deus. Não por acaso que profetas, inclusive, João Batista, parafraseando Isaías, dirá que preparar o caminho do Senhor, requer veredas retas, vales aterrados, montes e outeiros nivelados, caminhos tortuosos retificados; escabrosos, aplanados (Lc 3). Ter consciência de muita coisa cansa, obscurece, mas também pode fazer com que o óbvio e necessário se esqueça. Por isso, Jesus ensina o óbvio e necessário, como suma da Lei e dos Profetas: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento; e amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22:34- 40). Ou ainda, de modo muito simples também diz, Mt 7:12:” Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas”. (Leia também Mt 23).

Saulo (o líder), depois chamado Paulo (pequeno, insignificante), passando pelas escolas de teologia, das falácias e dos sofismas (escolas filosóficas) de seu tempo, aprendeu, algo que muitas vezes esquecemos: “O saber ensoberbece, mas o amor edifica”(1Co 8:1b). Paulo, por si, e de coração aberto dirá de seu estudo, conhecimento e tradição, Fp 3:8: “... deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo”.

Singre a busca do conhecimento e da ciência, mas não se aparte de Jesus Cristo. Busque as respostas que você procura, mas não esqueça que Jesus continua sendo o caminho, a verdade e a vida; que ninguém chega ao Pai, Deus criador do céu e da terra, sem Ele (Jo 14:6). Não dedique-se ao debate, às opiniões, dedique-se às convicções que pessoas, livros e correntes de pensamento têm, de onde emanam todas as efusivas palavras, opiniões públicas e leis. Não canse a sua alma, dê-lhe o sossego de Deus, lembre-se sempre: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4:23). Convide sempre Jesus a dirigir a sua jornada, pois certo que assim Deus continuará sendo Deus e você, humano sobre esta terra.

Com ensejo de graça cristã na caminhada!
Pr. Edgar Leschewitz


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