A arte como remédio
04-08-2005 19:48


Uma iniciativa do Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPS-AD) está reintegrando usuários e ex-usuários de substâncias psicoativas através da literatura. A parceria entre as secretarias da saúde e cultura, de São José dos Pinhais, leva, semanalmente, as pessoas que recebem auxílio do Centro para a Biblioteca Pública Municipal Scharffemberg de Quadros, a fim de participarem de uma oficina de literatura. O dia quatro de agosto marcou o início do programa, com a presença de mais de 20 atendidos na “Hora do Conto”, que acontece na biblioteca.
A sessão dramática, realizada pela manhã, não foi exclusiva, uma vez que a volta ao convívio social público é uma das metas do programa. Além disso, os atendidos levaram consigo seus documentos para a confecção de suas carteirinhas na biblioteca, para que emprestem livros e periódicos de seu interesse.
Maria Inês Malaquias Possebom, com formação em letras português e técnica em educação no CAPS-AD, é a responsável pelo programa e explica que quanto menos tempo ocioso os atendidos tiverem, maiores serão suas chances de cura no processo de recuperação e a velocidade desse processo. “As pessoas recorrem ao álcool, por exemplo, ou outros tipo de droga na tentativa de se refugiar. A arte é por si mesma um refúgio e, aos poucos, nossos atendidos estão aprendendo que podem voltar à vida e se expressar.”
A educadora faz referência ao fato de que os participantes do programa poderão, também, escrever seus próprios textos, e já estão empolgados com um concurso de redação que será promovido pela biblioteca nos próximos meses.
Outros projetos de reintegração estão previstos, tais como oficinas de xadrez, violão e pintura e, além desses, poderão ser agregados assuntos importantes ou úteis aos atendidos. Na medida em que as expressões artísticas estão sendo valorizadas, o interesse pelos estudos regulares também está crescendo, haja vista que dois atuais usuários de drogas já se matricularam para o término de seus estudos secundaristas.
Considere-se como grande esforço a aceitação dos atendidos em participar do programa, uma vez que vencer a exclusão social decorrente da opção quase irremediável de utilizar-se de drogas, legais ou não, é o maior desafio de quem quer abandonar os vícios. “Eles perderam a credibilidade diante de uma sociedade que conhece bem pouco suas razões. A melhor maneira de trazê-los de volta à vida que se dita como normal é através do desenvolvimento cultural”, completa a educadora.


Publicado: Comunicação Social da Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais