SJP deve ter parte de seu território convertido em área de proteção ambiental
09-12-2009 16:58
População no plenário da Câmara Municipal durante audiência pública
Foto: João Fernandes
Linha amarela mostra a extensão do parque nacional na proposta inicial
Prefeito Ivan Rodrigues ao lado de Onildo dos Santos e José Carneiro
Foto: João Rodrigues
Natureza ainda preservada na região onde deve ser criado o parque nacional
Foto: Emerson de Oliveira
Audiência pública realizada nesta terça-feira, dia 8, na Câmara Municipal de São José dos Pinhais promoveu um debate em relação à criação de uma unidade de conservação nacional em uma área que abrange parte dos territórios de Antonina, Guaraqueçaba, Paranaguá, Morretes, Guaratuba e São José dos Pinhais (SJP). Os três últimos devem sediar um Parque Nacional e, os demais, uma Reserva Biológica.
A consulta pública teve o objetivo que apresentar à população de SJP a proposta preliminar do Governo Federal de criação do parque e prestar esclarecimentos sobre o impacto do projeto no cotidiano das comunidades que vivem na região em questão.
A audiência abriu espaço para que a população fosse tranquilizada, uma vez que a criação do parque não interfere na rotina dos moradores das comunidades próximas e não haverá nenhuma desapropriação. A criação do parque tem como objetivo a conservação do meio ambiente e promover a visitação turística da região.
A proposta preliminar prevê a criação do parque nacional nos imóveis Guaricana e Bom Jesus (pertencentes ao Banco Central) e entornos. O rio Arraial é o delimitador de grande parte da área que deve ser convertida em unidade de preservação. No imóvel Guaricana seriam cerca de 40 mil hectares convertidas em parque nacional e no imóvel Bom Jesus e arredores, mais 33 mil hectares para a criação da reserva biológica. Em SJP o parque deve ocupar uma área de cerca de 5.732 hectares, pouco mais de 6% do território do município.
Estiveram presentes na audiência o prefeito Ivan Rodrigues, o vice-prefeito Jairo Melo, Paulo Castelo, representante da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, José Álvaro Carneiro, superintendente do Ibama, Eliana Corbucci, representante do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Paulo Chiesa, secretário municipal de Urbanismo, Christian Bundt, secretário municipal da Sictur (Indústria, Comércio e Turismo), Adilson Stuzata, diretor do Departamento de Trabalho da Sictur, Ernesto Weins, presidente da ACIAP (Associação Comercial, Industrial, Agrícola e de Prestação de Serviços de SJP), o vereador Onildo dos Santos, Sandro Setim, representando o deputado Luiz Carlos Setim, além de outras autoridades, representantes da sociedade civil e dezenas de moradores de SJP.
O prefeito Ivan Rodrigues abriu a audiência reforçando a importância atual do debate popular sobre a questão ambiental. “A participação popular nas decisões é muito importante, as decisões devem ser coletivas”, afirmou o prefeito, referindo-se a criação do parque.
Josemar Pereira da Silva, estudante de geografia, mora em Curitiba, mas está prestes a se mudar para São José dos Pinhais, e compareceu à audiência pública porque teve curiosidade, já que nunca havia participado de uma antes, e também porque o assunto pareceu-lhe pertinente. “Recentemente fiz um trabalho sobre as unidades de conservação de Curitiba, então vim acompanhar a discussão”, disse o estudante.
A provável futura unidade de conservação nacional ainda não tem nome. Algumas possibilidades foram citadas na audiência de SJP: Parque Nacional da Serra do Mar do Paraná, dos Castelhanos, Rio Arraial e Serra da Igreja.
Ecossistemas
Na área do parque acontece a transição entre dois ecossistemas distintos: Floresta Atlântica e Mata das Araucárias. A região resguarda espécies vegetais e animais raras e/ou ameaçadas – algumas ainda nem descritas pela ciência – além de rios e nascentes de abastecimento hídrico e um ecossistema que contribui para a regulação do clima local.
Álvaro Carneiro, superintendente do Ibama, falou aos presentes a respeito da importância da conservação da área: “Ali acontece o encontro de dois ecossistemas importantes e ameaçados, que são a Floresta Atlântica e Mata das Araucárias”. Os dois ecossistemas citados estão em bom estado de conservação na região, o que motivou o projeto de criação do parque.
Da Mata Atlântica, que predomina na área, restam apenas 7,84% da ocupação original em território brasileiro, que era de 1.300.000 km². A floresta passa por 17 estados e é responsável pela geração de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) na área de sua abrangência. Nela vivem cerca de 20 mil espécies de plantas – 6,7% do total mundial – e 1.650 espécies animais catalogadas.
Eliana Corbucci, representante do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, lembrou que o Paraná possui a maior área contínua de Mata Atlântica de todo o país e, por isso, é preciso preservá-la.
Publicado: Comunicação Social da Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais