Cultura

CONTRAMÃO apresenta LIMITE
08-11-2007 15:03

CONTRAMÃO apresenta LIMITE

Limite(1931), de Mário Peixoto, às 19h

Local: Espaço Cinevideo da Video 1, Rua Padre Anchieta, 458. Curitiba/PR
Fone: (41) 3223-4343
Data/Horário: 10/11/07 - 19h
Programação do Contramão: Tom Lisboa
www.sinTOMnizado.com.br/contramao
Entrada Franca

AVISO: Devido às sessões praticamente lotadas no mês de setembro, a partir
de 29/09 será dada prioridade de entrada aos portadores de convites.
Estes convites são gratuitos e podem ser retirados no Espaço Cinevideo ( ver
endereço acima) no próprio dia da sessão do Contramão.
Os convites estarão disponíveis para retirada até o início do filme.

Sobre o Contramão:
O Contramão foi criado a partir do Curso de Cultura Cinematográfica com o propósito
de exibir na íntegra, para os alunos e para a comunidade, alguns filmes citados em sala de aula.
Em cada sessão, o que se procura é destacar filmes menos convencionais e que estejam
inseridos na contramão do massificado cinema industrial.

Sobre o Limite:
O homem, o mar, o tempo
Paulo Ricardo de Almeida
À visão da capa da revista Vu, na qual a face feminina, de frente, olhos abertos e fixos, tem em
primeiro plano mãos masculinas algemadas, Mário Peixoto associa outra, "um mar de fogo, uma
tábua, uma mulher agarrada". Escrito em apenas uma noite e influenciado pela grave e dolorosa
discussão do cineasta com o pai, o scenario de Limite se desenvolve a partir desta
"proto-imagem", como a classifica Saulo Pereira de Mello – responsável, com Plínio Süssekind
Rocha, por sua restauração –, não-narrativa e fora da diegese do filme, na medida em que todos
os demais planos são metamorfoses dela. Alegoria do tema que perpassa Limite, a imagem protéica
articula os olhos da mulher (Olga Breno), as mãos algemadas e o mar de fogo para mostrar o
desespero e a angústia humana diante da descoberta de sua limitação, bem como a impotência e
perplexidade do homem quando confrontado à infinitude da natureza.

Assim, Mário Peixoto estabelece em Limite a dialética entre os olhos e o mar: o dentro e o fora, o
eu e o mundo, o aqui e o ali. Os olhos, que observam para além do enquadramento, em direção à
câmera de Edgar Brazil, representam a alma que ainda se crê ilimitada. O mar de fogo – reflexos da
luz do sol sobre a massa de água, cuja beleza cintilante é também alcançada por Jean-Luc Godard
em Je Vous Salue Marie (1984) – aponta para a natureza infinita, para o indiferenciado do universo,
amorfo e imenso. Entre os olhos e o mar, encontram-se as algemas, símbolo da limitação que, em
conjunto com o plano inicial dos abutres na paisagem desolada (a morte, a decadência), expressam
a tragédia daqueles três náufragos à deriva em pleno oceano, por fim engolidos pela tempestade
que encerra o filme.

Três personagens, duas mulheres (Olga Breno e Taciana Reis) e um homem (Raul Schnoor) que
relembram os acontecimentos que os levaram ao barco perdido na imensidão do mar. Inconformidade,
desespero, fuga: Taciana Reis abandona o casamento opressor, o marido bêbado e pianista fracassado;
Olga Breno escapa da prisão, com ajuda do carcereiro, para se ver novamente enjaulada pelo trabalho
monótono à máquina de costura; Raul Schnoor envolve-se com mulher casada e leprosa e, frente à
possibilidade da castração, cai ao solo, aflito, enquanto a câmera descreve lenta panorâmica pelo
meridiano celeste sem fim, pelo arco do mundo. De forma que os planos de Limite, em geral longos
(impressão reforçada pelas demoradas fusões e pelos acordes cheios da Gymnopédie no.3, de Erik Satie),
de enquadramentos precisos e asfixiantemente belos, reiteram as diversas prisões pelas quais os personagens
atravessam, multiplicando, pela paisagem de Mangaratiba, signos limítrofes análogos em forma: as bordas
dos barcos, as cercas, as grades do presídio e do cemitério, as cruzes, as estradas intermináveis, o mar,
o horizonte. Cárceres dentro de cárceres, exasperantes – pois mesmo o infinito se revela outro limite –, dos
quais não há escapatória, a despeito das constantes fugas.

Leia o texto acima na íntegra no site www.contracampo.com.br/62/limite.htm

www.sinTOMnizado.com.br/contramao

www.sinTOMnizado.com.br/culturacinematografica

Publicado: Katia Velo
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