Cultura

Entrevista com HELOIZA DE AQUINO AZEVEDO
15-02-2011 10:25

Heloiza de Aquino Azevedo, brasileira, escritora, biógrafa, educadora e produtora cultural. Heloiza organiza exposições coletivas de artistas brasileiros na França. Neste mês (fevereiro de 08 a 13) realizou a 4ª. edição da exposição denominada "Caligrafias da Arte Brasileira" (Calligraphies de l'Art Brésilien).

A exposição "Caligrafias da Arte Brasileira" tem como ideal principal proporcionar a participação de artistas contemporâneos brasileiros e abrir espaço para novos artistas que por um motivo ou outro nunca tiveram seus trabalhos expostos na França.

Radicada na França há mais de 3 anos, Heloiza se dedica em pesquisar, por regiões brasileiras, os artistas que apresentam em sua criação não somente a estética, mas também ideias de ordens social, cultural-regional e humana.
Maiores Informações com Heloiza de Aquino Azevedo: http://www.arvoredosaber.com.br - arvoredosaber.edicoes@hotmail.com

Katia Velo – Como você iniciou suas atividades como produtora cultural?
Heloiza de Aquino Azevedo -
Acredito que tudo começou quando escrevi o meu primeiro livro: Tarsila do Amaral, a Primeira Dama da Arte Brasileira, esse livro proporciou minha primeira integração com as artes, através dele realizei varias palestras, formações para professores em diversos municípios brasileiros e a partir disto, a arte passou a fazer parte de meu dia-a-dia. Tudo isso é produção cultural, depois vieram os outros livros que foram me oferecendo mais apego com a arte brasileira até o dia que fui convidada a ser membro de um Centro Cultural, lá tive contato direto com os artistas que participavam das exposições, passei a fazer parte da comissão de seleção de artistas e não parei mais.

KV – Quais são as principais diferenças, em sua opinião, sobre a valorização da arte no Brasil e na França?
HÁ – Valorizar envolve uma série de coisas como por exemplo; estudo, dom, humildade e ética. Precisamos nos atentar no Brasil. Existem pessoas que se chamam de artistas e que não são artistas, existem outros que tem dom, espontaneidade e encantam ao primeiro momento e ainda existem aqueles que estudaram a arte e constantemente enriquecem o seu olhar. Na França a força acadêmica artística é soberana, não se valoriza a arte sem um caminho acadêmico envolvido. Divulgar um artista aqui é sempre um desafio, se ele expõe aqui é sinal de que foi respeitado, o respeito também faz parte da valorização.

KV – No Brasil é muito comum um artista apenas ser reconhecido quando isto já ocorreu em outro país. Isto é notório, por exemplo, com Vik Muniz, Beatriz Milhazes e Romero Britto. Este tipo de comportamento também é comum na França?
HA – Expor faz parte do reconhecimento, audácia também, o artista tem de ter audácia, acreditar na sua força para ser notado, isso em qualquer parte do mundo. Não acredito que exista reconhecimento sem luta, sem batalha, os artistas que você cita também passaram por ai.

KV – Recentemente (de 08 a 13 de fevereiro) você realizou a 4ª. edição da exposição coletiva "Caligrafias da Arte Brasileira". Como você analisa a recepção dos franceses em cada edição desta exposição.
HA – A arte brasileira, realmente tem algo que os deixa curiosos em conhecer, algo que vem do outro lado do oceano, a tropicalidade, a melange de couleurs (mistura de cores) quentes, a diversidade cultural, o carisma tudo isso faz parte da boa recepção francesa em relação à arte brasileira.

KV – Como é o contato das crianças, artistas plásticos mirins, com a “Melange Brésilien” (Mistura Brasileira). Culturalmente a França incentiva as crianças a este tipo de contato. Como são as atividades escolares e extracurriculares com relação às artes?
HA – Sim a França incentiva novas descobertas culturais e o contato com outras culturas, desde a escola maternal. Aqui desde pequeninos frequentam os museus, fazem passeios e atividades em grupo, trabalhar em grupo proporciona a troca de conhecimento, o respeito e a tolerância. Mesmo porque a França é um país que também como o Brasil acolhe outras culturas. Um dos símbolos franceses é a frase: Liberté, Egalité et Fraternité, essas palavras são muito trabalhadas aqui e a arte faz parte desses momentos.

KV- Há brasileiros que participaram desta exposição que já estão “colhendo frutos”? Quais?
HA – O fato de estar expondo aqui já é o resultado de um trabalho que foi feito lá atrás. Tudo vai depender de como o artista vai conduzir isso depois que ele foi colocado no caminho, o livre arbítrio é dele.

KV – Quais são as suas expectativas para as próximas exposições?
HA – Pretendo que artistas de outros estados brasileiros tenham a mesma oportunidade, aos poucos a “Caligrafia da Arte Brasileira” vai se mostrando, é um processo infinito é isso que me anima e me faz permanecer.



Publicado: Katia Velo
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