Cultura

Estudantes americanos aprendem sobre o Cerrado
15-08-2006 12:11

Dez estudantes da Colorado School of Mines, faculdade americana de ciência e engenharia fundada em 1874, em Golden, estão percorrendo diversas regiões do
Brasil para conhecer a diversidade cultural brasileira e políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável. O grupo, acompanhado de três professores, visitou as instalações da Embrapa Cerrados (Planaltina – DF) sexta-feira (11) e conversou com os pesquisadores sobre a tecnologia empregada na cultura do café, fixação de nitrogênio na soja e mapeamento via satélite de áreas agrícolas.

O professor Donald Macalady, coordenador da viagem de estudos, esteve na sede da Embrapa Cerrados pela terceira vez. Apaixonado pelas coisas do Brasil, o professor americano lembra que, em 1994, em sua primeira visita, os estudantes conheceram os experimentos com fruticultura e passaram uma parte da tarde saboreando frutas diversas. “Retornamos em 2000, e estamos aqui novamente, sempre trazendo grupos diferentes de estudantes”, salienta.

O interesse pelas frutas nativas do Cerrado continua despertando a curiosidade dos estudantes da Colorado School of Mines. O grupo fez anotações sobre baru e jatobá, e quis saber se os pequenos produtores comercializam produtos alimentícios feitos com estes frutos. Os estudantes mostraram ter conhecimento dos investimentos feitos pelo Governo Federal para o incremento da agricultura familiar e quiseram saber como a Embrapa transfere as tecnologias desenvolvidas às pequenas comunidades rurais.

Durante toda a manhã de visita à Embrapa Cerrados, os estudantes visitaram os laboratórios de sensoriamento remoto, microbiologia do solo e foram até o campo para conhecer os experimentos com trigo irrigado e café. O pesquisador Omar Cruz Rocha explicou a evolução nas pesquisas com café e os esforços feitos para transformar o Cerrado em pólo produtor de café de qualidade superior. Heleno Bezerra, pesquisador do laboratório de sensoriamento remoto, também deu explicações sobre o café, mostrando como a tecnologia ajuda a detectar impurezas e misturas em café torrado e moído. Já a utilização de inoculantes na cultura da soja e de leguminosas, uma alternativa ao uso de fertilizantes químicos, foi explicada pelo pesquisador Fabio Bueno Junior no laboratório de microbiologia do solo e despertou grande interesse dos estudantes.

Dan Steele, estudante de engenharia química e economia, explica que a viagem de estudos irá resultar em artigos acadêmicos sobre diversidade cultural e sustentabilidade. “O grupo está dividido em pares com cada dupla pesquisando uma das áreas”, comentou. Steele diz que pretende submeter um artigo sobre diversidade cultural para alguma conferência nos Estados Unidos. Para Rachel Backes, estudante de engenharia mecânica, a vinda ao Brasil é uma experiência que mexe com todos os sentidos. “Permite sentir, experimentar, quer dizer, temos mais oportunidade de adquirir conhecimentos do que somente por meio dos livros”.

Apesar de ser uma faculdade de ciências e tecnologia, a Colorado School of Mines dá grande importância à compreensão da diversidade cultural. O projeto “Unindo nosso campus através da celebração de nossas diferenças”, lançado pelainstituição de ensino americana, comprova que a diversidade é, tanto quanto a necessidade de respeitar diferenças culturais, uma forma de unir conhecimentos distintos para impulsionar o saber.

Brasília é a terceira parada do grupo. Antes de chegar à capital federal, os estudantes estiveram em Ouro Preto (MG) e no Amazonas. Mark Gefreh, estudante de
física, destaca o passeio de seis dias pelo Rio Negro de Manaus até NovoAirão.“Vimos paisagens muito bonitas e paramos para conhecer algumas comunidades ribeirinhas”.

Durante a estadia em Ouro Preto, explica o professor brasileiro Marcelo Godoy Simões, do departamento de engenharia elétrica da Colorado School of Mines, os americanos conheceram a riqueza cultural da cidade, visitaram universidades e também o Projeto Sorria, iniciativa que oferece assistência odontológica às crianças carentes do município mineiro.

Após duas noites em Brasília, os estudantes irão passar ainda por Rio de Janeiro e São Paulo. A viagem pelo Brasil, iniciada em 24 de julho, não deve ser a última dos alunos de Macalady. O professor não vê a hora de visitar novamente a Embrapa Cerrados.


Gustavo Porpino Jornalista
Embrapa Cerrados (RN 648JP)
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