Cultura
Governador Requião abre festival e diz que Paraná será um pólo de cinema
08-10-2007 13:35
Tweet“É a vocação cosmopolita do Paraná. É o Paraná abrindo suas portas para o Brasil e para o mundo. Nós estamos retomando as produções cinematográficas. O Paraná vibra com isso, e mostra ao Brasil que o eixo cultural está se deslocando de São Paulo e do Rio para Curitiba”, disse Requião.
“Temos (na segunda edição do festival) figuras mais representativas do atual cinema brasileiro. É o júri formado por cineastas, diretores, produtores, atores e atrizes. São 25 produções, entre curtas e longas, que serão mostradas durante o período desse nosso festival. É fantástico”, completou.
PRODUÇÃO INDEPENDENTE- Durante a abertura do festival foram anunciados que dois curitibanos, os cineastas Marcos Jorge e Werner Schumann foram premiados, respectivamente, no Festival Internacional de Cinema do Rio e no Festival Internacional de Cinema de San Sebastian (Espanha). Estômago, filme de Marcos Jorge, recebeu quatro prêmios, entre eles de melhor direção e do voto popular no Rio Cine Festival. E Schumann - com “Sol da Neblina” - recebeu o prêmio TVE Awards no Festival Internacional de San Sebastian.
“É a prova da capacidade dos paranaenses e mostra ainda que estamos no caminho certo com a Escola de Cinema e TV do Paraná. É um passo e mais um espaço para as produções paranaenses. O Estado também apoiado e incentivado as produções cinematográficas”, disse o governador.
APOIO DA CINETVPR - Requião defendeu o cinema independente e colocou a CineTVPR como ponto de apoio às produções latino-americanas. “O cinema comercial é um cinema de conformação social. O cinema independente é mais criativo, inteligente e precisa ter um ponto de apoio. E o ponto de apoio é a escola latino-americana de cinema do Paraná, uma iniciativa da Ítala Nandi. Daqui a dois ou três anos o Brasil inteiro vai saber o que está acontecendo no Paraná com muito mais força do que agora”, disse.
O governador defendeu o perfil popular da CineTVPR e disse que a escola vai procurar nas suas produções a “visão do povo”, “a visão nacional”, “a visão mais sul-americana e latino-americana”. “Com esta visão, o Estado do Paraná abraçou a idéia da Ítala Nandi de criar a escola de cinema, de prestigiar o festival (do Paraná de Cinema Brasileiro e Latino)”.
PARANÁ EDUCATIVA - Requião disse que em “um futuro muito próximo”, a proposta é ligar as produções e própria escola CineTVPR à Paraná Educativa. “Uma televisão que está cobrindo hoje da Patagônia ao Canadá através do Brasilsat, que funciona com sinal aberto e funciona também através da Televisão Livre Paulo Freire, por sinal digital”.
As emissoras públicas e a escola, na opinião de Requião, estão “construindo uma cultura, abrindo um processo, dando oportunidade a manifestação da nossa inteligência. Uma oportunidade para os jovens, como eu dizia agora há pouco, uma oportunidade para todos nós”.
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Íntegra do discurso do governador Roberto Requião
Meu irmão mais velho, Pedro Simon, foi afastado ontem de uma das comissões que julgam os casos sob tramite do Senado. Erro absoluto do meu partido porque ninguém melhor que Pedro para julgar com critério e absoluta isenção. Um erro enorme.
Mas vamos sobre o festival. A Ítala Nandi me procurou com a idéia da escola de cinema. A idéia me fascinou. Na juventude, antes desse descaminho da política, eu me interessei muito pelas artes, fundei em Curitiba o Teatro do Estudante Universitário, trabalhei no cinema, com televisão. Eu tenho sobre isso tudo, uma visão muito clara. É uma visão nacional.
O que somos nós: uma nação ou um mercado? A globalização nos considera um mercado. Não temos mais raízes culturais, nem processo civilizatório. É um Brasil, às vezes empresas para outros - como foi nos primórdios com a primeira commodity globalizada que foi a cana de açúcar, plantada no Brasil para o lucro de ingleses e portugueses.
Há uma diferença fundamental entre nação e mercado. O mercado tem um único e exclusivo princípio: é o lucro. A nação tem território. Território conquistado com sangue e suor de um povo ao longo da história onde construiu o seu processo civilizatório.
O mercado não. O mercado mobiliza somas incríveis com a velocidade da moderna internet nas bolsas de valores. Quebra países, desemprega milhões, sem nenhuma responsabilidade, além do compromisso único e exclusivo com o lucro.
A nação tem história, tem território e tempo, portanto. Tempo passado, tempo presente e a construção tempo futuro. E tem basicamente um compromisso que é o compromisso da solidariedade - como diz o meu amigo César Benjamin - com esse bípede implume que somos nós, os nacionais.
É uma visão de povo. É uma visão nacional. E que se estende na escola latino-americana a uma visão mais sulamericana, do que latino-americana. Uma visão nacional. Nação com mercado. Mercado submetido aos interesses dos povos, aos interesses do processo civilizatório, a permanência dos valores culturais. Valores permanentes num processo dialético, constante, de evolução.
Com esta visão, o Estado do Paraná abraçou a idéia da Ítala Nandi de criar a escola de cinema, de prestigiar o festival e de futuramente, um futuro muito próximo, linkar essa escola de cinema a Paraná Educativa. Uma televisão que está cobrindo hoje da Patagônia ao Canadá através do Brasilsat, que funciona com sinal aberto e funciona também através da Televisão Livre Paulo Freire, por sinal digital. Construindo uma cultura, abrindo um processo, dando oportunidade a manifestação da nossa inteligência. Uma oportunidade para os jovens, como eu dizia agora há pouco, uma oportunidade para todos nós. Porque afinal de contas: a gente fica velho, única e exclusivamente, por não termos morrido jovens. Parabéns a todos vocês.
AEN
Foto Julio Covello-SECS
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