Cultura

O sagrado e profano na Obra de Edilson Viriato “The Hot Angel” - Parte IX
04-10-2007 13:06

Detalhe Exposição Metamorfose (Viriato)
Fonte imagem: Foto Edilson Viriato


Esta idéia de anti-arte, não é algo tão novo assim. Surgiu mais precisamente com Duchamp, com a “obra” Marcel Duchamp percebeu e identificou em suas obras os primeiros indícios da sobrevalorização do conceito.
O que veio a seguir foi a automação que de certa forma, esgotou o processo criativo, impulsionando o indivíduo (e por conseqüência, o artista), a valorizar o descartável, o banal, e o comum.
Dentro deste panorama de arte contemporânea (pós-moderna), surgiram várias tendências: “hard edge”, “actionpainting”, “art pop”, neofiguração, neo-expressionismo, minimalismos, e outros, são tantos que seria difícil descrevê-las, neste momento, e não é o foco em questão.
Agora, retornando ao que se iniciou neste capítulo, por que, neste momento, a questão do sagrado/profano já não é tão clara e distinta como antes?
Longe do obter uma resposta, mas possíveis e indefinidos caminhos, a arte como reflexo de manifestação e inquietação humana, parece não haver lugar para a abordagem destes temas, pelo menos de forma tão distinta.
Talvez o argumento fosse que o homem moderno não vivencia mais a necessidade da experiência religiosa? E como explicar o fenômeno mundial de crescimento e disseminação das religiões e o aumento do fanatismo? Houve uma ruptura entre as questões religiosas, intelectuais, filosóficas a tal ponto que não existem resquícios entre um e outro?
Segundo Harvey, “há no pós-modernismo, pouco esforço aberto para sustentar a continuidade de valores, crenças ou mesmo de descrenças (HARVEY 2003, p. 58)”.
O homem moderno se coloca como um ser absoluto do universo, será possível ainda pensar a experiência do sagrado? Será que o homo religiosus ainda sobrevive? Podem-se observar suas reminiscências nos rituais como: casamento, festas de debutantes, velórios, e outras mais.
Mircea Eliade afirma que o homem a-religioso, numa opção trágica, assume a relatividade da realidade e rejeita, em alguma medida, o movimento de transcendência.
Não obstante, é preciso considerar a dimensão dessa recusa, uma vez que, afinal, “o homem profano”, queira ou não, conserva ainda os vestígios do comportamento do homem religioso, mas esvaziados de significados religiosos” (ELIADE, 1992, p.165).
Exemplificando esta citação, Viriato como artista contemporâneo. Viriato contrasta ícones da religião com sexo, sadomasoquismo, ironia, e outros conceitos. Mas tudo isto de forma muito espontânea e natural, como será mais adiante ressaltado.
Sua arte surpreende, pois está sintonizada ao seu tempo, ou seja, não tem obrigações, não tem normas, não tem nada além de si mesma; arte está escancarando o “eu” de quem quer se mostrar - e Viriato quer!


Após essa rápida pincelada bibliográfica, busca-se oferecer uma visão do artista, sua expressão e vivência, apresentadas a seguir.


Introdução/Resumo/Referência – Parte I

VELO, Katia . O sagrado e profano na Obra de Edilson Viriato “The Hot Angel”. 2007. Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em História da Arte Moderna e Contemporânea) - Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Orientador: Artur Correia de Freitas.

Publicado: Katia Velo
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