Economia

Embrapa apresenta segundo bezerro de clone bovino
28-10-2006 14:42

José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Foto: Elza Fiúza/ABr

Brasília - Galante, um bezerro de dois meses, é a principal atração do Dia de Campo, uma feira de biotecnologia promovida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no Campo Experimental Sucupira, em Brasília. O animal é o segundo filho natural de um clone bovino da raça Simental, a fêmea Vitória, que já é mãe de Glória, hoje com dois anos. A importância de Galante, segundo técnicos da Embrapa, está na possibilidade de se obter várias gerações de Simental, normais, a partir de uma clonagem.

“Galante é o significado da validação da clonagem animal no Brasil”, comemora o médico veterinário Maurício Machaim, pesquisador na área de reprodução animal da Embrapa-Cenargen (Centro Nacional de Recursos Genéticos e Biotecnologia), com doutorado em genética animal. O bezerro, segundo Machaim, tem sua importância por ser filho e primeiro macho de um clone bovino.

“Estamos construindo uma família gerada a partir de uma clonagem. No futuro, vamos usar o sêmen dele para inseminação e validar a sua fertilidade”, informou. Galante foi apresentado nesta sexta-feira (27) pela primeira vez ao público.

O Dia de Campo, coordenado pela Embrapa-Cenargen, busca gerar conhecimento, transferir e divulgar tecnologias nas áreas de genética e biotecnologia produzidas pela Embrapa.

A Embrapa, com suas pesquisas, representa as conquistas do Brasil no campo do melhoramento genético. Galante é a mais nova prova desses avanços nos setores de clonagem, transgenia, transferência de embrião e produção in vitro.

Tudo começou no início da década de 1980, quando foram realizados os primeiros testes de transferência de embrião. Em 1984, conseguiu-se a bipartição de embrião, onde cada metade foi colocada em vacas “mães de aluguel”, com sucesso. Dez anos depois, foi produzido o primeiro bovino in vitro do país.

Em 2001 nasceu Vitória, primeiro clone bovino da América Latina. Dois anos depois, a vaca gerou Glória, que está prenha e vai ter sua cria no final de novembro. Também em 2003, obteve-se os dois primeiros eqüinos (Neve e Branca) oriundos da bipartição embrionária e, mais impressionante, a Embrapa conseguiu dar vida a células do ovário de uma vaca morta, e de um dos oito embriões formados nasceu Lenda, uma vaca da raça holandesa, que já pariu a bezerra Fábula. Já no ano passado, nasceram dois clones bovinos (Potira e Porã) da raça Junqueira, em risco de extinção.

Segundo Machaim, os experimentos vão continuar, mas o objetivo agora é a produção de transgênicos bovinos. Para se obter esse animal, é necessário usar a tecnologia da clonagem embutida na metodologia da transgenia. “Já fizemos um experimento, mas o animal nasceu morto. Ele iria produzir uma proteína no leite para diagnosticar precocemente o câncer humano”, revela.

Outro estudo concentra-se no fator 9 - proteína importante na coagulação sanguínea, o que beneficiará principalmente os hemofílicos. “A idéia é produzir essa proteína no leite. É o que a gente chama de bio-fábrica, um animal produzindo proteínas de interesse farmacológico para saúde humana”, conta o pesquisador da Embrapa, sem dar prazo para a finalização desses experimentos em transgenia.

Para o médico veterinário, a importância de se trabalhar com a clonagem e a transgenia reside em três fatores: disponibilizar essas ferramentas aos produtores rurais para a multiplicação de animais de alto mérito genético, associando a reprodução a um melhoramento das matrizes reprodutoras e em maior escala; produzir proteínas em benefício da saúde humana; e utilizar a reprodução para evitar o fim de raças ameaçadas de extinção.

“Estas são raças que vieram com os colonizadores portugueses, que passaram por uma seleção natural e correm o risco de extinção. O risco atinge bovinos, suínos, eqüinos, caprinos e ovinos”, assinala.

A Embrapa é a principal empresa de biotecnologia de reprodução animal da América Latina. Seus cursos são acompanhados por alunos de diversos países. A empresa possui 41 unidades espalhadas pelo Brasil, em áreas de pesquisas básicas e aplicadas.
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