Indústria brasileira supera crescimento da produção industrial mundial, diz BNDES
08-10-2006 05:30
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Entre 2000 e 2005, o Brasil foi um dos países que mais tiveram crescimento da produção industrial entre os 64 países que, juntos, respondem por 92% da produção mundial.
No período, a indústria nacional cresceu 3,1% ao ano, enquanto a produção industrial global evoluiu 2,3% ao ano. No acumulado dos cinco anos, a indústria brasileira teve crescimento de 17% frente aos 12% da produção mundial. Na América Latina, o maior aumento foi registrado no Chile, com crescimento de 4% ao ano.
Os dados são de um estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), divulgado esta semana.
O levantamento também mostra que, no período, indústrias de países como Austrália, Canadá, Estados Unidos, Japão e integrantes da União Européia, tiveram crescimento abaixo da média mundial.
De acordo com o autor da pesquisa, o economista Fernando Pimentel Puga, isso se explica pela concentração do investimento na Ásia, especialmente na China, onde a indústria tem crescimento acima de 14,2% ao ano. Processo semelhante acontece também no leste europeu.
Na China, além haver um vasto mercado consumidor e mão-de-obra barata, há a proximidade com economias desenvolvidas, como a Japão e de Hong Kong, o que favorece os investimento estrangeiros diretos.
No caso do leste europeu, acrescenta Puga, houve um movimento de deslocamento de indústrias de países que compõem a União Européia para aquela região.
Como resultado, a participação das indústrias no Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas de um país), saiu zero, na década de 90, para um patamar acima dos 50% em alguns países.
O economista diz que o Brasil não foi beneficiado por esse deslocamento, nem tampouco pelo efeito dos preços de commodities, como ocorreu no Chile, por exemplo, o que gerou um impacto significativo no desenvolvimento industrial.
Puga avalia os dados desmentem a tese de que o mundo está crescendo e o Brasil estaria ficando para trás. “Não é isso o que está se vendo”.