Economia

Produção de frutas é mais rentável que grãos na pequena propriedade
20-09-2007 13:51

A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná aposta na fruticultura como opção de desenvolvimento e diversificação no meio rural, principalmente para as pequenas propriedades familiares. O setor proporciona elevada rentabilidade e gera mais empregos, disse o secretário Valter Bianchini.

O cultivo da fruticultura como opção de desenvolvimento para o Paraná será o tema de palestra que Bianchini dará nesta quinta-feira (20) na Unicentro, em Guarapuava. Ele irá apresentar comparativos feitos pelo Departamento de Economia Rural (Deral) de que na pequena propriedade a produção de frutas é mais rentável e gera mais empregos do que a produção de grãos.

Em condições normais de clima e de comercialização, o faturamento bruto anual com a produção de morango pode chegar até R$ 50 mil por hectare; a produção de uva fina até R$ 25 mil por hectare e a de uva rústica e laranja de mesa, até R$ 9 mil por hectare. Já a produção de soja gera um faturamento bruto de R$ 1,8 mil por hectare; feijão gera renda de R$ 1,8 mil por hectare e o plantio de milho gera renda bruta de R$ 1,5 mil por hectare.

Outro fator positivo da fruticultura é a geração de emprego e de postos de trabalho. Enquanto a produção de morango gera emprego para oito pessoas por hectare, de uva fina, quase três postos de trabalho por hectare, o cultivo de soja, totalmente mecanizado, gera emprego para uma pessoa a cada cinco hectares. Em relação à outros setores produtivos, a geração de um posto de trabalho custa R$ 91 mil na indústria de automóveis, R$ 66 mil no Turismo e R$ 20 mil na fruticultura.

Pesquisas comprovadas pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e Emater, no projeto Redes de Referência, demonstram que numa propriedade com área de 25,1 hectares a produção de frutas foi bem mais rentável. O produtor plantou pêssegos em quatro hectares na propriedade, correspondente a 15,6% da área. No restante, em 24,7 hectares, que corresponde a 74.4% da área agricultável da propriedade, plantou grãos.

O cultivo da fruta proporcionou um rendimento bruto anual de R$ 7.426,88 por hectare, enquanto o cultivo de grãos proporcionou um rendimento de R$ 373,84 por hectare. Nessa propriedade, acompanhada pela pesquisa e extensão durante cinco anos, o cultivo de pêssego e grãos gerou uma renda bruta anual de R$ 38.941,35 sendo 74% desse faturamento obtido com o pêssego e 26% com o cultivo de grãos.

Em outra propriedade, incluída no projeto Redes de Referência também acompanhada pelo Iapar e Emater, o comparativo entre produção de grãos e de uvas, a fruta foi mais rentável. Na propriedade, com área agricultável de 51,6 hectares, 50,8 hectares foram ocupados com o plantio de grãos sendo que o cultivo da uva ocupou apenas 0,8 hectare.

A produção de grãos, que ocupou quase a totalidade da área, gerou 62% da renda bruta atual que correspondeu a R$ 18.909,11. Enquanto a uva que ocupou apenas 1,55% da área gerou uma receita de R$ 11.648,54. “Esses resultados mostram com clareza a viabilidade da produção de frutas na pequena propriedade”, disse Bianchini.

Atualmente a produção de frutas no Paraná ocupa uma área de 61,3 mil hectares e proporciona um faturamento de bruto anual de R$ 586,30 milhões para cerca de 35 mil fruticultores distribuídos em todo o Estado. A receita corresponde apenas a 2,25% do Valor Bruto da Produção (VBP) no Estado que em 2006 alcançou quase R$ 26 bilhões.

Para Bianchini, o setor tem amplo potencial de crescimento, considerando as condições favoráveis de clima e solo em todo o Estado. No Paraná é possível produzir frutas de clima temperado e tropical, disse o secretário. Entre as principais frutas produzidas no Estado estão a uva, laranja, morango, maçã, melancia, tangerina, abacate e pêssego, informou o engenheiro agrônomo Paulo Andrade do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento.

Na palestra, Bianchini vai mostrar que os agricultores paranaenses poderão recorrer a vários instrumentos concedidos pelo governo do Estado para estimular a produção de frutas. Entre eles, citou o Programa de Irrigação Noturna (PIN) que amplia a produtividade do cultivo de frutas e ainda contribui para a redução dos custos de produção. O PIN proporciona descontos de 60% na tarifa de energia elétrica da Copel durante o consumo de energia durante a noite.

Outro benefício é o crédito disponível para investimentos na implantação dos pomares e custeio para a agricultura familiar dentro do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

A Secretaria da Agriultura vai reforçar a pesquisa e a assistência técnica para apoiar a fruticultura. Segundo o secretário, os produtores devem ser treinados e capacitados para serem competitivos desde a produção até à comercialização de frutas, atividade já iniciada com os produtores de uva rústica.

AEN
Foto:SEAB
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