Economia

Tarifas de pedágio têm aumento real de 30,22% acima da inflação
10-07-2007 16:34

As tarifas de pedágio cobradas pelas seis concessionárias, que exploram o chamado Anel da Integração, tiveram aumento real de 30,22% acima do IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, índice oficial do governo federal para medição das metas inflacionárias.

O índice de reajuste médio aplicado pelas concessionárias, de junho de 1998 a junho de 2007, foi de 136,27%, bem acima da inflação do período medida pelo IBGE. A constatação foi feita por técnicos do Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômicos, nesta segunda-feira (9), quando da divulgação da pesquisa de variação mensal dos preços administrados por contrato e monitorados.

A pesquisa encomendada pelo Senge-PR – Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná – revela que o reajuste mais elevado ficou por conta da praça 1, da Ecovia, no município de São José dos Pinhais (caminho das praias), onde a tarifa subiu de R$ 3,80 para R$ 10,90. O índice aplicado pela concessionária foi de 186,84% ou seja 58.09% acima da inflação.

A Econorte, que explora a Praça 2, em Jataizinho, no Norte do Estado, aumentou a tarifa de R$ 3,70 para R$ 9,50. O índice de reajuste foi de 156,76 (41,51% acima da inflação). A tarifa da praça 5 da Rodonorte, em Tibagi, passou de R$ 2,80 para R$ 6,40 (128,57% ou seja 25,98% acima da inflação). A Viapar também aplicou reajuste acima da inflação (18,84%) em sua tarifa na praça 5, em Campo Mourão. A tarifa passou de R$ 3,20 para R$ 6,90.

A concessionária Rodovia das Cataratas fez sua tarifa da praça 3, em Cascavel, saltar de R$ 3,00 para R$ 6,20 (106,67%), com um aumento real de 13,90%. A Caminhos do Paraná, em sua praça 4, no município de Imbituva, reajustou a tarifa de R$ 2,80 para R$ 5,70 (103,57%). O índice foi superior a inflação do período em 12,20%.

Para o secretário estadual de Transportes, Rogério Tizzot, a pesquisa divulgada pelo Dieese é mais uma comprovação do “absurdo que foi a implantação dos pedágios no Paraná, porque além da retirada de benefícios, das obras rodoviárias retiradas do plano de privatização, no ano 2000, as concessionárias tiveram o direito de acréscimos acima dos reajustes de contrato pelo acordo firmado no Governo Lerner. Esses acréscimos foram programados para valerem a partir de 2003. Ou seja ele deixou a “bomba relógio” para o Governo Requião”.

Tizzot destacou que o atual governo, por considerar que as tarifas são exorbitantes, “não autorizou nenhum reajuste a partir de 2003. Assim, todos os reajustes aplicados pelas concessionárias foram por decisão judicial. O Governo do Estado continua com ações na Justiça para reduzir o valor das tarifas”, finalizou.

O presidente do Sindicato dos Engenheiros do Paraná, Ulisses Kaniak, ao tomar conhecimento da pesquisa de preços do Dieese, disse que a entidade entende que existe um abuso das concessionárias contra os usuários das rodovias paranaenses. “Não existe motivo para reajustes neste nível, mesmo porque a gente não vê tantas benfeitorias. A gente sabe que o fluxo de veículos aumenta a cada ano, mas que este aspecto não é levado em conta pelas concessionárias”, disse.

Segundo ele, estudos feitos pelo IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – revelam que na Europa o lucro médio das empresas de pedágio gira em torno de 12%, nos Estados Unidos, 15%, e no Brasil, 18%. “Entretanto, a mesma pesquisa mostra que existe no Paraná uma empresa cujo lucro chega a 66%. A pesquisa não cita o nome da concessionária, mas não é difícil imaginar qual seja”.

Kaniak fez questão de destacar que o Sindicato dos Engenheiros do Paraná tem “uma posição de muitos anos contrária aos pedágios, por entender que existem verbas suficientes para a manutenção das rodovias brasileiras. No Paraná, houve um sucateamento das rodovias, justamente para provocar a privatização a partir de 1998”.

Agência Estadual de Notícias
Foto SECS
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