Educação

Internos de centro de socioeducação se formam em educação ambiental
19-10-2007 20:14

Nova oportunidade, aprendizado de uma nova profissão e esperança foram as palavras mais pronunciadas por quatro adolescentes que cumprem medidas socioeducativas, ao receber o certificado de conclusão do curso de Manejo de Viveiros e Espécies Vegetais. A formatura foi realizada na manhã desta sexta feira (19), no Centro de Socioeducação São Francisco, em Piraquara. Esta foi a primeira turma a concluir o curso de educação ambiental, a próxima começa na semana que vem.

O projeto, desenvolvido em parceria com o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), faz parte do Pro-Eduse (Programa de Educação nas Unidades Socioeducativas) com disciplinas complementares como ciências, que gerou o curso de viverista. O curso livre de Educação Ambiental tem 144 horas/aula e fornece o certificado de Manejo de Viveiros e Espécies Vegetais.

Gilberto tem 18 anos, veio de União da Vitória e está há um ano e um mês na instituição. Ele foi o orador da turma e estava entusiasmado com o que aprendeu. “Mexendo com a terra, a gente descarrega a energia negativa. E, quem sabe lá para frente, aparece uma oportunidade de emprego”, disse o adolescente, que pretende fazer dessa experiência uma atividade profissional.

Oportunidade para ingressar no mercado de trabalho também é a esperança de Marcos, 19 anos, internado há 11 meses. “Na minha cidade, Clevelândia, já trabalhava na terra, mas aqui aprendi muito, inclusive como preservar o meio ambiente.” Já o adolescente D. de 17 anos, de Curitiba, nunca tinha lidado com plantações ou atividades rurais. “É algo interessante para fazer lá fora. Espero conseguir uma vaga no IAP.” Ele ainda tem 5 meses de internamento e vai ensinar os alunos da próxima turma.

Marcelo, 18 anos, está no educandário há 10 meses. Ele veio de Almirante Tamandaré e disse que sempre gostou de mexer com a terra. “Lá fora, eu trabalhava com jardinagem e, aqui, aprendi mais”. Ele também comentou que, com conhecimento, se trabalha com mais vontade e que, futuramente, espera fazer uma faculdade. “Temos que seguir em frente e ter mais consciência. Com o aquecimento global, cada um tem que fazer a sua parte”, disse.

PROGRAMA – A primeira turma produziu 18 mil mudas de espécies nativas, como gurucaia e araçá, e que serão aproveitadas na reposição da mata ciliar do Estado. Além disso, foram produzidas, experimentalmente, mudas de espécies ornamentais, como crisântemo, rosa e orquídea. Quando atingem 30 centímetros, as mudas são transferidas para o viveiro central do IAP e, dali, distribuídas para os agricultores.

O viveiro de mudas foi instalado num espaço que antes servia de depósito de lixo. “Hoje, é um espaço de transformação e mais uma vitória nessa caminhada”, comemorou o diretor do centro de socioeducação, Nilson Domingos.

“O principal foco do curso é a mata ciliar”, explica o professor Lucio Sérgio Ferracin, “mas estamos também aproveitando a identificação dos meninos com a terra, uma vez que a maioria vem de cidades com economia predominantemente agrícola”. Grande parte dos internos vem do interior e já trabalhava na lavoura. Depois de cumprir a medida socioeducativa, o adolescente é encaminhado ao seu município de origem e a instituição entra em contato com Conselho Tutelar e serviço social das prefeituras, que podem encaminhá-los para trabalhar nos hortos municipais.

AEN
Foto: Theo Marques - SECS
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