Esporte

Futebol feminino joga contra falta de investimento e por mais espaço no Brasil
13-07-2007 11:47

Brasília - Na véspera da abertura oficial dos Jogos Pan-Americanos, o time de futebol feminino abriu a participação do Brasil na competição. O time entrou em campo e venceu o Uruguai por 4 a 0 dentro do moderno estádio João Havelange, que contrasta com a escassez de investimentos e visibilidade do futebol feminino brasileiro. Embora atualmente a seleção seja vice-campeã olímpica e esteja disputando o bicampeonato no Pan, falta patrocínio e o esporte só tem espaço nos noticiários na época de grandes competições.

A falta de incentivo se reflete na baixa participação dos times femininos nas competições. No campeonato brasileiro de 2006, por exemplo, estiveram presentes apenas oito equipes e pouca gente soube que o Botucatu, time de São Paulo, foi o campeão. Os números são pequenos quando comparados com as competições masculinas. Do campeonato brasileiro de 2006 participaram 20 times da primeira divisão, número definido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

“Alguns clubes pagam bem, alguns tem o Bolsa Atleta que ainda dá para sobreviver, mas espero que com esse Pan dentro de casa os dirigentes possam se mover melhor para organizar o futebol feminino e a gente não tenha que sair do nosso país para sobreviver”, afirma a zagueira Tânia Maria Ribeiro, uma das duas bolsistas que participa da seleção. Ela e sua colega Andréia “Maycon” Santos recebem o benefício do Bolsa Atleta no valor de R$ 2,5 mil mensais. Ambas jogam no Saad, de Águas de Lindóia (SP).

Das 18 atletas convocadas para a seleção brasileira oito atualmente jogam no exterior. “É preciso que os patrocinadores olhem com carinho o futebol feminino para que não tenhamos que sair de perto da nossa família para dar uma vida melhor para ela. A expectativa com esse Pan é grande”, diz Tânia Maria Ribeiro.

O público que assistiu a partida não foi dos maiores. Longe de lotar os 45 mil lugares da arquibancada do estádio, o público aplaudiu a seleção. Não houve confirmação do número exato de participantes, mas havia cerca de um quarto da lotação. “Acho que pra gente o número de pessoas que veio ai está excelente, até por que nunca tivemos tanto apoio assim do público”, pondera a atacante Grazielle Nascimento.

A realidade brasileira é muito diferente de países como os Estados Unidos, que tem o time bicampeão mundial. Lá o futebol feminino tem sua base formada no sistema educacional, seja público ou privado. Além da infra-estrutura mantida pelas universidades as estudantes que praticam o esporte recebem valores elevados de bolsas de estudos.

O sociólogo do esporte, Maurício Murad, explica que o futebol feminino é bem mais valorizado em países como os Estados Unidos, Japão e Suécia. “A explicação disso é que embora lá a mulher ainda não tenha o papel que deveria ter de igualdade com os homens, lá a distância social é bem menor e as mulheres tem um papel social melhor do que aqui”, afirma.

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
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