Esporte

Jogos mostram desigualdade de patrocínios para modalidades esportivas
27-07-2007 16:41

Rio de Janeiro - A seleção brasileira feminina de vôlei durante jogo em que perdeu para a seleção cubana por 3 sets a 2, e ficou com a medalha de prata na final da competição no Pan


Rio de Janeiro - Os recursos financeiros oriundos de patrocínio de empresas estatais aplicados nos esportes olímpicos no Brasil não obedecem a um critério de equidade entre as diversas modalidades. Nos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro, as desigualdades ficaram evidentes. Vôlei, natação e atletismo possuem patrocínios de empresas estatais, contudo muitas outras dependem somente de repasses da Lei Agnelo Piva.

Há esportes que são mais patrocinados como o vôlei (Banco do Brasil), a natação (Correios), a ginástica artística e o atletismo (Caixa Econômica Federal). E outros que não têm patrocínio e dependem apenas dos recursos da Lei Agnelo Piva e do programa Bolsa Atleta do Ministério do Esporte. É o caso do boxe, do taekwondo, do beisebol, do levantamento de peso e do futebol feminino.

Para o professor da Escola de Comunicação e Marketing da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcelo Serpa, essa desigualdade decorre muito mais da falta de organização de algumas confederações, que não conseguem vender o seu esporte ou atletas, do que das empresas patrocinadoras.

Marcelo Serpa defende a profissionalização dos dirigentes das confederações como uma das soluções para que as modalidades olímpicas ganhem mais visibilidade junto ao mercado publicitário. Segundo ele, é preciso que os dirigentes conheçam como funciona o mercado de patrocínio para poder tirar vantagem dele, porque as empresas patrocinadoras só investem naquilo que lhe dá retorno.

"O patrocinador investe o seu capital numa determinada modalidade não apenas por amor a essa modalidade. Obviamente são empresas, e se interessam por retornos específicos, retornos de imagem. E isso faz parte de um projeto de comunicação mercadológica. Então é preciso que as confederações e os atletas se organizem para poder compreender o que são esses retornos, para poder oferecer esse retorno de forma eficaz", explicou.

Na avaliação do professor da Escola de Comunicação e Marketing da UFRJ, Marcelo Serpa, nem tudo é dificuldade. De acordo com ele, o esporte olímpico no Brasil já caminha para essa profissionalização na área do marketing, com algumas confederações com esse processo de aprendizado bem adiantado.

O ministro do Esporte, Orlando Silva, entende que o problema não é apenas da falta de organização das confederações, e cita como exemplo a Confederação Brasileira de Vela e Motor, modalidade que mais trouxe medalhas olímpicas para o Brasil, com profissionais experientes na área de marketing e, mesmo assim, não consegue um patrocinador permanente. Para o ministro, isso é conseqüência da própria modalidade, que tem pouca visibilidade junto ao público consumidor e dificulta o acesso ao patrocínio.

Orlando Silva espera que esse comportamento mais conservador do empresário em relação a modalidades sem apelo popular mude com a lei de incentivo ao esporte. A lei prevê que empresas que declaram o Imposto de Renda pelo lucro real poderão aplicar até 4% do imposto devido em projetos esportivos. "Com a lei de incentivo, o empresário pode ser um pouco menos conservador. Até porque o recurso que ele gasta (com o patrocínio), ele desconta com o imposto que iria pagar ao Estado. Então ele pode experimentar mais, pode arriscar mais", disse.

Aécio Amado
Enviado especial
Foto: Wilson Dias/ABr
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