Internacional

Alemanha não irá rever percentuais de adição de álcool em gasolina, diz chanceler
15-05-2008 12:22

Brasília - A Alemanha não pretende rever seus percentuais de adição de álcool à gasolina. De acordo com a chanceler federal alemã, Ângela Merkel, o país seguirá os padrões definidos pela União Européia para os próximos 13 anos. “A Alemanha não vai mudar de posição, vai manter a estratégia européia até 2020. Temos determinadas metas”, afirmou ontem (14) em coletiva à imprensa no Palácio do Planalto.

A preocupação com emissões de gases de efeito estufa pelos combustíveis fósseis levou a União Européia a fixar duas metas importantes: adicionar 5,7% de etanol à gasolina até 2010 e, até 2020, substituir por energias renováveis 10% de todo o combustível utilizado – hoje, a participação é de apenas 1%.

A exemplo de países nórdicos - como Dinamarca e Suécia -, que se auto-impuseram metas ainda mais rigorosas, a Alemanha cogitou dobrar os atuais 5% de adição do álcool à gasolina, mas recuou. Merkel ponderou que o país tem carros antigos que não podem receber determinados tipos de combustível e, por isso, não poderão receber adição de álcool.

Ângela Merkel deixou claro, no entanto, que não é contrária à produção de biocombustíveis. Brasil e Alemanha inclusive firmaram ontem (14) um acordo sobre cooperação no setor energético com foco em energias renováveis e eficiência energética. O acordo prevê a criação de um grupo de trabalho sobre biocombustíveis.

Ela defende, no entanto, que sejam considerados, na produção de biocombustíveis, fatores como a sustentabilidade do uso de recursos naturais e as condições dos trabalhadores, além da relação deste tipo de produção com a produção de alimentos e com o manejo de florestas tropicais. “A sustentabilidade é decisiva nesse contexto. Por isso, o Brasil está na vanguarda e o mundo está olhando para o Brasil”, afirmou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a oportunidade para enumerar os benefícios da bionergia e reiterar sua disposição em debater globalmente os impactos da produção de etanol e biodiesel. “Que os cientistas do mundo inteiro sejam provocados ao debate, que as ONGs [organizações não-governamentais] do mundo inteiro sejam provocadas ao debate, que os empresários do mundo inteiro sejam provocados ao debate para ver se a gente consegue produzir, como subproduto dessa discussão, uma proposta para melhorar a qualidade de vida da humanidade”, afirmou.

“O que não podemos aceitar é que essa discussão seja uma discussão truncada, com meias verdades, em função de interesses eminentemente comerciais. Não é justo, não é politicamente correto e não é socialmente correto”, disse o presidente.

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Foto: Antonio Cruz/ABr
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