Internacional

Embaixador espanhol diz que o momento não reflete a tendência sobre a admissão de brasileiros em seu país
12-03-2008 14:04

O embaixador da Espanha no Brasil, Ricardo Peidró, disse que, em média, 1% dos 800 brasileiros que chegaram diariamente a seu país em 2007 foram repatriados. Em entrevista no gabinete do presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senador Heráclito Fortes (DEM-PI), o embaixador afirmou que não se deve analisar apenas os dados de um determinado momento, mas a tendência ao longo de um período maior.

De acordo com o diplomata, a Espanha teve um nível de repatriação semelhante aos demais 21 países europeus que integram o Acordo de Schengen - que trata da política de livre circulação de pessoas por esses países. Ele lembrou que a Espanha é segundo destino mais procurado no exterior por brasileiros em geral e por brasileiros estudantes de pós-graduação. Acrescentou que a Espanha é o segundo maior investidor no Brasil. Salientou que as regras para ingresso no Espaço Schengen são públicas e comuns a todos os países signatários do acordo.

Peidró afirmou que a Espanha é muito cobrada com relação a sua política de imigração pelos demais países signatários do acordo, em virtude de sua proximidade com a África e de ser a porta de entrada natural, na Europa, dos países de fala espanhola da América Latina. Afirmou que não há discriminação contra brasileiros, que gozam de ótimo conceito na sociedade espanhola.

O embaixador disse que os brasileiros barrados ficam retidos em locais com todas as condições de higiene e conforto. Todos, enfatizou, têm direito de consultar um advogado e ligar para o consulado. Disse que em alguns casos há demora na repatriação em virtude da falta de poltronas disponíveis nos 12 aviões que diariamente fazem a ligação com o Brasil. Ele cobrou das companhias aéreas uma melhor orientação para seus passageiros.

Heráclito considerou a visita de Peidró como "um gesto altamente positivo" para esclarecer a situação dos brasileiros retidos no aeroporto de Barajas. O presidente da CRE evitou falar em crise: para ele o que há é "um mal-estar" na relação entre os dois países. Também condenou o termo "retaliação", referindo-se aos espanhóis repatriados após a detenção de 30 brasileiros em Madri no mesmo dia, no início deste mês. Mas, para ele, pode-se falar em reciprocidade. Disse que o embaixador reconheceu a existência de falhas entre os agentes da imigração espanhola, mas elogiou que ele tenha entregado à CRE relatórios circunstanciados sobre cada cidadão brasileiro barrado.

A visita do embaixador estava marcada para o plenário da comissão, mas na última hora foi transferida para o gabinete de Heráclito. Estiveram presentes outros nove senadores: César Borges (PR-BA), Eduardo Suplicy (PT-SP), Fernando Collor (PTB-AL), Flávio Arns (PT-PR), João Tenório (PSDB-AL), Mão Santa (PMDB-PI), Paulo Duque (PMDB-RJ), Pedro Simon (PMDB-RS) e Romeu Tuma (PTB-SP).

José Paulo Tupynambá
Agência Senado
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