Internacional

Embrapa vê oportunidade em mistura de etanol no combustível dos EUA
29-01-2007 15:29

Na última terça-feira (23), em seu discurso sobre o estado da União, o presidente norte-americano George W. Bush, anunciou a intenção de que os Estados Unidos aumentem, nos próximos 10 anos, a proporção de etanol utilizada na gasolina dos veículos para 20%. Com isso, a demanda de etanol nesse país pode chegar a 132 bilhões de litros até 2017. Uma oportunidade e tanto para países produtores, como é o caso do Brasil.

Atualmente, o Brasil produz de 16 a 17 bilhões de litros de etanol por ano. A estimativa é de chegar a algo em torno de 30 a 40 bilhões, se forem mantidas as atuais taxas de crescimento. Cerca de 80% disso, será consumido internamente, o que deixa uma margem pequena para negociação com outros países. Mesmo assim, o Chefe da Secretaria de Gestão e Estratégia da Embrapa, Evandro Mantovani, acha que há espaço para crescer mais do que está previsto, se for necessário.

Segundo Mantovani, “o Brasil é uma das poucas opções que tem disponibilidade de área para crescimento da produção de etanol”. Para ele, trata-se de um desenvolvimento harmônico. “Ao mesmo tempo, a tendência é ampliar e sair da região de São Paulo – onde está concentrada mais de 60% da produção de etanol –, proporcionando a oportunidade de promover o desenvolvimento no Brasil Central, no Nordeste e Meio Norte”, explica.

Ele alerta, entretanto, para outra questão: o equilíbrio da produção de alimentos e energia. “Pode ser muito atrativo uma demanda dessas e isso pode desencadear um processo de produção de energia e, ao mesmo tempo, ocasionar um problema de alta de determinados produtos que são importantes na competitividade brasileira na parte de alimentos”, argumenta.

Agroenergia

O chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Frederico Durães, também vê uma oportunidade no anúncio feito pelo presidente George W. Bush. “É uma oportunidade mundial. Não é responsabilidade exclusiva do Brasil atender a uma escala desse tamanho. Nossa responsabilidade é definir a plataforma de expansão e atendimento ao mercado e, em médio e longo prazo, estabelecer compradores e parceiros numa dimensão harmônica para os nossos interesses”, explica.

No campo da pesquisa, o desafio é desenvolver tecnologias adaptáveis a diferentes regiões do Brasil em situações de competitividade e qualidade. “Qualquer demanda dessa natureza, tem que contar com o fator de eficiência em todas as fases do processo, desde as fases de planejamento e implantação de sistemas produtivos sustentáveis à eficiência dos processos de produção ou de transformação e à parte de logística para armazenamento, distribuição e utilização”, diz.

Segundo Durães, o Brasil tem atualmente um nível tecnológico alto e formas diferenciadas de produção e de eficiência na produção de etanol, incluindo outras possibilidades de utilização de co-produtos e outras matérias-primas. “Eu acho que essa que é a grande oportunidade do ponto de vista de ciência e tecnologia”, diz.

Para ele, é preciso agora formalizar um programa, baseado no Plano Nacional de Agroenergia, que possa inserir o Brasil no esforço cooperativo para montar sua plataforma de produção, oferta de produtos e co-produtos biocombustíveis. “Considerando atributos técnicos de zoneamento agroclimático, de potencial de sistemas produtivos, de capacidade instalada, de logística e de eixos de desenvolvimento, é possível estipular as possibilidades de crescimento. Dentro dessa lógica, um programa pode orientar políticas públicas e iniciativa privada nos cenários de expansão do complexo de agroenergia em todas as suas fases”, explica.


Vitor Moreno (MTb 38057/SP)
Assessoria de Comunicação Social – Embrapa
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