Internacional

Feijoada bem brasileira na China
10-08-2008 15:49

Por Mylena Fiori, direto da China


O feijão e a couve são chineses. A farinha também. As carnes, da Mongólia. Mas o tempero é brasileiro. Todos os sábados, dezenas de estrangeiros procuram a feijoada do Paraíba no restaurante Alameda, na região das embaixadas, em Pequim. Bem que tentei provar, mas às 14 horas já não sobrava mais nada. Servem apenas 40 por final de semana. “Para garantir a qualidade”, justifica um dos sócios, o venezuelano Daniel Aldana. Não é por acaso que desde que foi inaugurado, há quatro anos, o Alameda é eleito, pela comunidade estrangeira, o melhor restaurante de Pequim.


O clima é cool, parece um daqueles restaurantes descolados dos Jardins, em São Paulo. Árvores centenárias, mantidas intactas no meio da decoração clean, justificam o nome do restaurante de cozinha contemporânea. De fundo, música brasileira. Sempre. Bossa-nova. Daniel foi casado 25 anos com uma brasileira, chegou a morar em Brasília e foi tradutor do jogador Falcão no tempo em que morava na Itália. Seu sócio também é brasileiro. Mas é mesmo o tempero do Paraíba que faz a fama do Alameda.


“O toque brasileiro é que manda, dá outro sabor à comida”, tenta explicar o chef, paraibano de Cajazeiras que mudou para Pequim há quatro anos, especialmente para pilotar a cozinha do Alameda. Depois dele vieram Ceará e Severino. Os outros nove cozinheiros são chineses devidamente treinados por Paraíba. Foram eles que prepararam os canapés servidos no coquetel oferecido pela Casa Brasil a integrantes do Comitê Olímpico Internacional, durante passagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela cidade. No cardápio, pão de queijo, coxinha, croquete, bolinho de bacalhau.


A fama do restaurante corre a cidade. Neste sábado, a feijoada foi levada por Severino à Embaixada do Equador. Entre os clientes que degustavam o prato no próprio Alameda estava o prefeito de Barcelona, Jordi Hereu. “Havia provado algo parecido em alguns países latino-americanos e me recomendaram que comesse este prato brasileiro tão emblemático. Estava riquíssimo”, garantiu.


Segundo Edson, 80% dos clientes são estrangeiros. Entre eles, brasileiros saudosos como Michele Melo, que está há um ano em Pequim como enfermeira privada e saboreia a feijoada do Paraíba pelo menos duas vezes por mês. “As carnes são diferentes, mas dá para matar a saudade do Brasil”, garante. “A costelinha é a mesma”, garante, enquanto toma mais um gole de caipirinha preparada com Velho Barreiro.


Na mesma mesa estava Ricardo Perroni, que veio a Pequim com a esposa para acompanhar a performance dos filhos Felipe e Ricardo Perroni, que jogam pela seleção espanhola de pólo aquático. “Nossas amigas nos trouxeram para experimentar essa feijoada. Ficamos uns 15 dias na Espanha antes de vir para cá e já começa a dar saudade”, diz ele.

enviado por Carlos Molinari
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