Internacional

Lula e presidente de Itaipu discutem linha de transmissão de energia até Assunção
02-04-2008 19:05

Brasília - Poucas horas antes de receber o candidato à Presidência do Paraguai, Fernando Lugo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve reunião de trabalho com o presidente da Itaipu Binacional, Jorge Samek. Uma das principais bandeiras de campanha de Lugo é a renegociação do contrato de Itaipu. Mas, segundo Samek, esse não foi o tema do encontro que teve com Lula no Palácio da Alvorada, na manhã de hoje (2).

O assunto da reunião, de acordo com ele, foi a construção de uma linha de transmissão de Itaipu a Assunção com capacidade para 500 quilowatts. "Isso dá uma condição extraordinária do Paraguai ampliar seu parque de utilização. Interessa ao Brasil que o Paraguai se desenvolva", afirmou ao final da reunião. O tema não é novidade, já havia sido tratado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente paraguaio, Nicanor Duarte, em reunião paralela à 17ª Cúpula Ibero-Americana, em Santiago (Chile), em novembro passado.

O custo estimado da linha de transmissão é de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões. Segundo Samek, a elaboração do projeto, orçada em US$ 2 milhões, será bancado por Itaipu. A construção da linha dependerá de financiamento ainda em estudo. Entre as possibilidades está a utilização de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Eletrobrás - principal credora do Paraguai na dívida pela construção de Itaipu.

Samek negou que a proposta da linha de transmissão seja para acalmar os ânimos do Paraguai. "Não. O Paraguai tem sofrido falta de possibilidade de transmissão e distribuição", afirmou. Pautados pela campanha do ex-bispo Fernando Lugo, favorito nas pesquisas, os demais candidatos à Presidência paraguaia também vêm defendendo a renegociação do contrato de Itaipu - a energia é a principal riqueza natural do Paraguai.

O executivo da hidrelétrica acredita que a pressão pela renegociação deve diminuir após as eleições, marcadas para 20 de abril. Mas a renegociação do contrato é uma demanda antiga do Paraguai, que demanda o reajuste do preço da energia produzida em Itaipu vendida ao Brasil. Também pede a revisão do contrato para que possa vender seu excedente a outros países.

Pelo tratado de construção da Hidrelétrica de Itaipu, cada país tem direito a 50% da energia produzida pela usina, mas a energia não utilizada deve ser vendida ao outro a um preço fixo. Hoje, Itaipu fornece 90% da energia utilizada pelo Paraguai - o volume, porém, equivale a apenas 5% dos 50% que o país tem direito. O restante é obrigatoriamente vendido ao Brasil a preço de custo. O contrato vale até 2023.

"Um dos temas que se coloca lá é como se o preço da energia elétrica, que é repassada para o Brasil, estivesse abaixo da média, mas não corresponde com a realidade", afirmou Samek, assegurando que o valor pago pelo Brasil cobre os juros da dívida paraguaia com Itaipu.

Samek não informou se participará da reunião que Lula terá com Fernando Lugo às 15h de hoje. Pelo lado paraguaio, o candidato vem acompanhado do engenheiro Ricardo Canese, autor do livro O Direito do Paraguai à Soberania, recém-lançado no Brasil, e um dos grandes defensores da renegociação do contrato de Itaipu.


Mylena Fiori e Yara Aquino
Repórteres da Agência Brasil
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