Meio Ambiente

Especialistas incentivam produtores a investir em energias renováveis
06-04-2008 14:28

A produção agropecuária e a geração de energias renováveis foi tema do segundo dia (sexta-feira, 04) do painel internacional, realizado durante a 48.ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina. A opinião entre os palestrantes é unânime: as energias renováveis são alternativa de lucro e mercado promissor para os produtores rurais.

O incentivo aos produtores e técnicos começou com a palestra do geneticista francês, engenheiro agrônomo e especialista em biocombustíveis Pierre Labeyrie. “Um Estado como o Paraná, que se posiciona corajosamente contra a patente das multinacionais de sementes no mundo, o potencial para a geração de biocombustíveis é imenso”, declarou.

Segundo Pierre, ao contrário da Europa, o Brasil tem um grande potencial para produzir bioenergia a partir do gás metano, devido a suas condições climáticas, que tornam a produção mais simples e econômica. “Os produtores brasileiros devem pensar no biocombustível como alternativa de independência ao preço do petróleo”, afirmou.

A geração de gás metano para ser consumido apenas na economia da propriedade ainda é pequena. “O agricultor deve pensar na exportação. Hoje, existem 1,4 milhões de veículos no país funcionando com gás metano, e muitos fabricantes já produzem carros utilizando este tipo de combustível. Um mercado de futuro em diversos segmentos”, demonstrou o especialista, que também atua como diretor do Centro Eden (organização sem fins lucrativos localizada na região leste da França, na província de Rhône Alpes).

BIOCOMBUSTÍVEIS - Os biocombustíveis são fontes de energias renováveis, derivados de produtos agrícolas como a cana-de-açúcar, plantas oleaginosas, biomassa florestal e outras fontes de matéria orgânica. Em alguns casos, os biocombustíveis podem ser usados tanto isoladamente, como adicionados aos combustíveis convencionais. Como exemplos de biocombustível estão o biodiesel, o etanol, o metanol, o metano e o carvão vegetal.

O engenheiro agrônomo, pós-graduado em entomologia, pesquisador e ex-diretor da Embrapa e membro do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Décio Gazzoni, falou sobre as opções de combustíveis a partir da cana-de-açúcar, que, para ele, juntamente com as palmáceas tropicais, ainda é uma das matérias-primas mais promissoras para a geração de energia e com menor impacto ao meio ambiente.

Ele disse que para se constatar qual a melhor matéria-prima a ser transformada em biocombustíveis é necessário um balanço energético. “Deve-se pensar na quantidade de energia (recurso, mão-de-obra etc.) que é colocada no sistema, se comparada à quantidade de energia produzida”, diz. Entre os dados apresentados por Gazzoni em sua palestra, está que a energia gerada pela Itaipu Binacional equivale a 47,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. “O volume de cana-de–açúcar produzido no Brasil é suficiente para gerar a energia de 10 Itaipus”, exemplificou.

DEJETOS – O diretor presidente da Itaipu Binacional, Jorge Samek, encerrou o debate falando sobre o Programa de Geração Distribuída da empresa, que dá valor econômico à energia gerada pelas próprias fontes consumidoras. No caso, usando o biogás gerado no tratamento dos esgotos de frigoríficos, granjas de aves, suínos e vacas leiteiras e também dos esgotos urbanos tratados pela Sanepar. Ao todo, já são cerca de mil propriedades de suinocultores, localizadas na bacia do Paraná III, além de cooperativas e Associações.

“Além de produzir energia para sua propriedade, o pecuarista, o agricultor e o dono de frigorífico, por exemplo, terão a garantia de que a energia excedente será comprada pela Copel. Esta parceria foi firmada recentemente, sendo que 18 produtores receberão certificados por estarem aptos a entrarem na rede de energia da Copel”, destacou Samek.

O Programa de Geração Distribuída prevê que, dentro de alguns anos, a produção de energia a partir do biogás poderá representar 2% de todo o consumo brasileiro, ou o equivalente à produção de uma usina hidrelétrica de médio porte.

“Um pequeno criador de 2 mil suínos pode gerar com os dejetos destes animais, submetidos a um biodigestor, energia suficiente para toda a sua propriedade e ainda sobra um excedente seis vezes maior do que a energia consumida. Com a Copel comprando esta energia, o produtor consegue incorporar uma receita importante para o seu agronegócio”, detalhou Samek.

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