Lula diz que o governo não tem medo do debate sobre preservação ambiental
05-06-2008 19:58
Brasília - Presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa na cerimônia de assinatura de decreto criando três unidades de conservação na Amazônia Legal
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertou hoje (5) que o Brasil terá que enfrentar um forte debate mundial sobre preservação ambiental, mas que o governo não tem medo dessa discussão.
“Senti um pouco na FAO [reunião da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, em Roma, que discutiu segurança alimentar] o quanto vamos ser atacados e com os mais diversos argumentos, inclusive sobre a questão da Amazônia”, afirmou no discurso em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente.
“Não temos preocupação em fazer esse debate em nenhum lugar do mundo sobre a preservação e o desmatamento, que eles tanto nos provocam”, disse.
Lula reafirmou que existem muitos palpiteiros que querem opinar sobre como o Brasil deve preservar a Amazônia, e fez uma comparação com a água benta de igreja.
“De vez em quando fico pensando que a Amazônia é igual aqueles vidros de água benta que têm nas igrejas e todo mundo acha que pode meter o dedo. Basta ser católico e entrar na igreja que quer colocar o dedo para se benzer”.
O presidente disse que não é egoísta e que quer partilhar com a humanidade os benefícios da preservação ambiental da Amazônia. “Queremos partilhar com a humanidade, queremos que todos respirem o ar verde produzido pelas nossas florestas”.
Lula disse acreditar que em maneira de preservação ambiental, não existe no mundo um exemplo como o Brasil.
“A Europa, por exemplo, só tem 0,3% da sua floresta nativa em pé. O Brasil ainda tem 69%”.
O presidente defendeu punição mais rígida para as pessoas que fazem queimadas na Amazônia.
Na cerimônia foram assinados decretos instituindo três novas unidades de conservação, sendo duas reservas extrativistas e um parque nacional. O presidente também assinou uma mensagem ao Congresso Nacional do projeto de lei que institui a Política Nacional sobre Mudanças Climáticas.
Também foi autorizada a criação de um grupo de trabalho interministerial para acertar os detalhes do Fundo de Proteção e Conservação da Amazônia.
De acordo com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, embora vá receber doações nacionais e internacionais, o fundo será soberano.
“O Fundo vai permitir aplicar centenas de milhares de dólares de forma autônoma e soberana”, disse Minc, acrescentando que os doadores não terão acento na administração fundo e, portanto, não poderão interferir em qualquer decisão.
Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Foto: Roosewelt Pinheiro/ABr