Notícias

Paraná comemora avanços na conservação da diversidade biológica no Dia da Biodiversidade
23-05-2008 04:15

TweetNo Dia Internacional da Biodiversidade, celebrado nesta quinta-feira (22), o projeto Paraná Biodiversidade comemora os resultados já obtidos com o trabalho que realiza para a conservação da diversidade biológica no Estado. Volta de animais e pássaros que tinham desaparecido, aumento da cobertura florestal e conscientização da família rural são alguns dos principais avanços, segundo os gerentes dos três corredores de biodiversidade – Araucária, Caiuá-Ilha Grande e Iguaçu-Paraná – e agricultores dos 63 municípios atendidos pelo projeto.

Nos 12 mil hectares do Corredor Araucária, que abriga importantes remanescentes florestais na região Centro-Sul do Estado, os resultados já são percebidos a olho nu, conta o gerente do corredor, Celso Araújo. “A volta de pássaros como bem-te-vis, jacus e canários, que tinham desaparecido e agora estão fazendo seus ninhos novamente na região, é algo que vem sendo festejado tanto por técnicos como por agricultores”, destaca Celso.

Ele acrescenta que também voltaram a ser encontrados animais de pequeno porte, como paca, tatu e cotia, e outros maiores, como jaguatiricas. “O retorno destas espécies da fauna demonstra que estamos recuperando o habitat destes animais e pássaros, que eles voltaram a ter condições de alimento e reprodução, enfim, que estamos conseguindo propiciar as características necessárias para sua perpetuação e, conseqüentemente, para a conservação da biodiversidade”, afirma Celso.

FLORA – A flora também já dá sinais de recuperação. Nos últimos cinco anos, a cobertura florestal na região dos três corredores aumentou em 133 mil hectares. O corredor Caiuá-Ilha Grande, por exemplo, ganhou 26,2 mil novos hectares de vegetação; no corredor Iguaçu-Paraná o aumento foi de quase 12%, o que corresponde a 43,3 mil hectares; e no corredor Araucária, a área de florestas foi ampliada em 63,3 mil hectares.

Grande parte deste ganho pode ser atribuída aos trabalhos de recuperação da vegetação desenvolvido em parceria com o Programa Mata Ciliar. Também são significativos os resultados obtidos com a regeneração natural das espécies, como araucária, canela, monjoleiro e cedro – no caso do Corredor Araucária.

E não é apenas neste corredor que a melhoria ambiental já é visível. “Antes do projeto, tinha sanga que não tinha árvore e estava seca. Depois que plantamos algumas árvores e deixamos a área isolada, vieram mais plantas e a nascente já tem água normalmente”, comemora a produtora rural, Amélia Tonatto, do município de Guaraniaçu – região do corredor Iguaçu-Paraná (região Oeste do Estado).

MÓDULOS AGROECOLÓGICOS – Um dos maiores obstáculos para a preservação da biodiversidade era a atividade agropecuária, que espantava os animais e degradava as áreas de florestas, segundo o gerente do Corredor Caiuá-Ilha Grande (região Noroeste do Estado), Davi Gobor. “Com a implantação dos módulos agroecológicos, que desenvolvem agricultura com menor impacto ambiental, o problema está sendo resolvido”, ressalta.

Os módulos são empreendimentos em que os produtores rurais recebem recursos e orientação para implantar sistemas produtivos mais sustentáveis (como produção de mel) e adotar práticas menos impactantes à natureza (como o controle biológico de pragas), além de serem incentivados a valorizar os fragmentos de florestas nativas. Atualmente, 41 módulos estão implantados no Paraná e outros 30 estão em processo de instalação.

CONSCIENTIZAÇÃO – Davi Gobor cita outro importante avanço do programa: o aumento da conscientização do homem do campo. “A implantação dos módulos agroecológicos mudou a realidade dos agricultores. Antes, os 20% que deveriam ser preservados em cada propriedade por causa da Reserva Legal eram vistos como prejuízo; hoje, são preservados sem problema algum”, relata.

Para a agricultora Izabel Conceição, de Alto Paraíso (região do corredor Caiuá-Ilha Grande), preservar o meio ambiente, mata ciliares e nascentes é necessário, mas nem sempre os moradores têm consciência disso. “A preservação da mata ciliar e recuperação da nascente do Rio Guarani, por exemplo, é algo que sempre consideramos importante, mas que nunca priorizamos. Agora, sabemos que a qualidade do que plantamos e do solo em que plantamos depende diretamente das ações de preservação”, diz.

O gerente do corredor Iguaçu-Paraná, Donivaldo Pereira do Carmo, lembra que o aumento da conscientização também está relacionado às atividades de educação ambiental promovidas pelo Paraná Biodiversidade, que já capacitou 3 mil agricultores e suas famílias, mais de 1,8 mil professores (que trabalham em sala de aula, com cerca de 30 alunos cada um, os conceitos aprendidos nas capacitações), 2,6 mil líderes locais, 400 estudantes universitários e 1,7 mil alunos do ensino fundamental das escolas públicas.

DIA DA BIODIVERSIDADE – A data foi criada em 29 de dezembro de 1993 pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de aumentar o entendimento e a conscientização dos assuntos ligados à biodiversidade. A data comemorativa celebra a adoção do texto da Convenção da Diversidade Biológica em 22 de maio de 1992, em Nairobi.


AEN