Meio Ambiente

Paraná lidera propostas durante a Conferência do Meio Ambiente
31-03-2008 13:05

A votação das propostas apresentadas na III Conferência Estadual do Meio Ambiente, realizada em Praia de Leste, no litoral do Paraná atravessou a madrugada deste domingo (30). A participação maciça dos delegados durante os três dias de evento surpreendeu os representantes do Ministério do Meio Ambiente (MMA) que acompanhavam as discussões.

A primeira votação (propostas que serão levadas à Conferência Nacional do Meio Ambiente) foi encerrada às 4h30 deste domingo.

Segundo o articulador da região Sul da Conferência Nacional do Meio Ambiente, Jeferson Pereira, este foi o evento com a votação mais extensa da região. “E o melhor: com quórum e com qualidade de debates. A plenária era composta por cerca de 80% dos delegados que estavam presentes e credenciados. Foi uma excelente participação dos paranaenses”, elogiou.

“Apesar de ter sido cansativo, foi louvável”, disse um dos representantes do MMA, Mauro Soares. Segundo ele, a interação e o nível de participação dos delegados é resultado do trabalho integrado entre MMA e Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídrico – que estava simbolizado na condução da mesa, feita pelas duas instituições.

A segunda votação (propostas para as políticas públicas paranaenses) continua na tarde deste domingo (30). O término das discussões está previsto para esta noite.

Outro aspecto destacado por Mauro foram as apresentações culturais que ajudaram a equipe a relaxar e dar continuidade aos trabalhos. “Além de enriquecer os debates, isso fortificou a participação dos delegados neste processo todo. Esta foi uma iniciativa diferenciada das outras conferências realizadas em todo o Brasil e assim o Paraná se destacou em todo o processo nacional”, afirmou.

GRUPOS DE TRABALHO – Não foram apenas os representantes do MMA que ficaram satisfeitos com a Conferência; seus participantes que representavam os Movimentos Sociais também aprovaram a forma como o evento foi realizado.

“Essa bela receptividade nos mostra que garantimos que o principal objetivo da Conferência, que era dar oportunidade de participação na formulação de políticas públicas aos mais diversos segmentos da sociedade, foi atingido”, destacou o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues.

Para Antônio Laiola, que mora no assentamento Emiliano Zapata (em Ponta Grossa) e representa o MST, o direito de todos apresentarem suas idéias foi respeitado. “As discussões foram muito produtivas e, em determinados assuntos, polêmicas. Mas o que realmente importou é que todos tiveram a chance de expressar suas opiniões”, afirmou.

O calor das discussões simbolizou o exercício da democracia, de acordo com a representante de 25 mil famílias associadas à Via Campesina, Indianara Pires. “As discussões foram polêmicas, assim como devem ser em um evento destes onde setores antagônicos se confrontam ideologicamente. Afinal, são pessoas de diversos segmentos e diferentes pontos de vista que colocam seus argumentos para, juntos, decidir o que é melhor para a sociedade”, disse.

Segundo a ambientalista Leni Jesus de Oliveira da ONG Povo Novo, de Guapirama, a abertura para os mais diversos segmentos sociais participarem das conferências já havia se consolidado nos eventos regionais. “Ali começou a chance de entidades como a nossa deixarem de apenas criticar, o que é fácil. Esta foi a hora de participarmos do processo de decisão. O governo só ganha pontos com iniciativas como esta”, comentou.

Mas, além de discutir políticas públicas, a conferência foi também um espaço de educação ambiental, lembrou Márcio Kokoj, da reserva de Mangueirinha, que representou as comunidades indígenas. “Nós, indígenas, nascemos sabendo que dependemos da natureza para sobreviver e nossa relação com os rios e a floresta, por exemplo, é muito diferente. De maneira instintiva, nós cuidamos destes recursos naturais. Foi isso que tentei mostrar nas discussões em que participei”, destacou.

Já Pablo Melo, da Organização Não-Governamental Tudo Verde, de Londrina, fez uma comparação entre a Conferência Estadual do Meio Ambiente paranaense e a realizada pelo estado de São Paulo. “Acompanhamos as conferências nos dois lados do Rio Paranapanema e no lado paulista eles não conseguiram metade do que o Paraná conseguiu, como os debates consistentes”, ressaltou. Segundo ele, em São Paulo as propostas foram “simplesmente colocadas na tela e as aprovadas, sem discussões ou novas idéias”.

AEN
Foto: Denis Ferreira Netto.
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