Meio Ambiente

Projeto paranaense de seqüestro de carbono recebe 2ª premiação em menos de um ano
19-03-2008 12:10

O projeto paranaense que estimula a recuperação florestal da Reserva Legal e a inserção de pequenos produtores no mercado de créditos de carbono recebeu nesta terça-feira (18), em Jaraguá do Sul (Santa Catarina), o Prêmio Expressão Ecologia, concedido pela Editora Expressão às iniciativas na área ambiental que se mais destacaram na região Sul do país em 2007.

Esta é a segunda vez em menos de um ano que o projeto - desenvolvido pelo Programa Paraná Biodiversidade da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e outros parceiros de governo - é premiado. Em novembro do ano passado, o projeto foi agraciado com o “Prêmio Von Martius de Sustentabilidade”, idealizado pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha.

“O que vem chamando a atenção para este projeto é o fato dele facilitar o cumprimento das exigências ambientais pelo pequeno produtor e ainda ser economicamente atrativo”, destacou o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, que recebeu a homenagem. “Este segundo reconhecimento confirma nossa posição entre os estados de vanguarda na proteção ao meio ambiente no país”, acrescentou.

O coordenador do júri da premiação, Odilon Macedo, apontou mais um fator que influenciou na escolha do projeto: a integração entre Secretaria do Meio Ambiente, Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Secretaria do Planejamento, Secretaria da Agricultura (por meio da Emater) e da Embrapa Florestas.

“Esta estruturação é magnífica, cada um tem sua função definida e isso só poderia resultar em sucesso”, comentou. “O conjunto de ações de governo deixa claro o compromisso do Paraná com as questões ambientais”, completou. Ele ainda acrescentou que, dos 137 projetos inscritos, 34 eram de iniciativas desenvolvidas em território paranaense.

PROJETO – O projeto duplamente premiado é realizado há quase dois anos com 187 pequenos produtores (propriedades de até 30 hectares) de seis municípios da região Noroeste do Estado - Querência do Norte, Santa Cruz de Monte Castelo, Porto Rico, Loanda, São Pedro do Paraná, Santa Isabel do Ivaí – incluindo produtores de três assentamentos localizados em Querência do Norte.

Nestas propriedades, as áreas de Reserva Legal (20% do terreno que, por lei, deve ser preservado) são aproveitadas para o plantio de árvores de espécies nativas intercaladas com exóticas - neste caso, o eucalipto. “O eucalipto pode ser desbastado para venda da madeira e a fotossíntese do crescimento da floresta gera créditos de carbono, que também podem ser comercializados por meio do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)”, explicou a coordenadora de Mudanças Climáticas da Secretaria do Meio Ambiente, Manyu Chang, que integra a equipe responsável pelo projeto.

Segundo ela, a idéia é reduzir o número de árvores de eucaliptos, até chegar em uma floresta só formada por espécies nativas. No total, a área destes produtores já cadastrados chega a quase 380 hectares de futuras florestas, que até então eram ocupadas principalmente por pastagens e atividades agrícolas. “Ao final de 20 anos, esperamos seqüestrar mais de 100 mil toneladas de carbono equivalente (tCO2) com esta iniciativa”, acrescentou Chang. A tCO2 é a unidade adotada mundialmente pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

Em algumas propriedades, os pés de eucalipto já estão com cerca de dois metros - segundo o engenheiro agrônomo da Embrapa Florestas, Edílson Batista de Oliveira, outro integrante da equipe. “A partir do quarto ano, os eucaliptos já sofrem o primeiro desbaste que, além de tornar o ambiente mais favorável para o desenvolvimento das nativas, poderá ser comercializado”, acrescentou.

A venda de sementes certificadas de espécies nativas é outra forma de aumentar a renda com este projeto. Mas o que vem empolgando os produtores, segundo Edílson, é a comercialização de créditos de carbono. “Tem gente querendo ampliar a área de produção para investir neste novo mercado”, disse. Até o final deste ano, será formada uma cooperativa - com apoio organizacional do governo do Estado - para comercialização dos créditos.

O trabalho também vem despertando o interesse de outros estados brasileiros. Segundo o engenheiro agrônomo do Embrapa Florestas, Jarbas Yukio Shimizu, técnicos do estado do Mato Grosso entraram em contato com o Embrapa em busca de informações sobre a metodologia usada no projeto.

O programa Paraná Biodiversidade contribui com os custos de implantação do projeto (cerca de R$ 1,5 mil por hectare) – para subsidiar a compra de insumos como cercas, sementes, adubos e formicidas, para o reflorestamento. “No total, já foram cerca de R$ 600 mil”, informou o gerente do Paraná Biodiversidade, Erich Schaitza. “Já os produtores entraram com a mão-de-obra e com o compromisso de manter por 20 anos essas florestas em formação – produzindo carbono”, concluiu.

AEN
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