Meio Ambiente

Requião assina acordo na Alemanha para plantar 100 hectares de árvores
28-05-2008 12:01

O governador Roberto Requião assinou nesta terça-feira (27), em Bonn, Alemanha, acordo de cooperação com Ahmed Djoghlaf, secretário-executivo da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), organismo das Nações Unidas para a biodiversidade para o Meio-Ambiente. Pelo acordo, o Governo do Paraná irá plantar 100 hectares de mata ciliar para neutralizar as emissões de carbono causada pelo trabalho dos integrantes do Secretariado da CDB até 2010.

Na solenidade, realizada na Nona Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP 9), Djoghlaf anunciou que o projeto servirá como um estudo de caso para a meta de reduzir a degradação da biodiversidade até 2010 instituída na CDB. “Os resultados serão documentados e apresentados conjuntamente pelo Secretariado da Convenção e pelo Governo do Paraná na COP 10, em outubro de 2010 em Nagóia, Japão”, disse Djoghlaf.

Os 100 hectares de área vão abrigar 100 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica paranaense. Trata-se de um projeto-piloto dentro do Programa Mata Ciliar. As árvores devem sequestrar as 10,1 mil toneladas de dióxido de carbono que o Secretariado da CDB vai produzir com as atividades de seus integrantes até a COP 10, marcada para 2010 em Nagóia. Para isso, estima-se que cada hectare sequestre cinco toneladas de carbono por ano num prazo de trinta anos.

“Com esse acordo, reafirmamos nossa política ambiental, que tem no plantio de árvores um de seus eixos principais, e homenageamos quem faz da preservação da biodiversidade a razão de uma vida. Em particular, homenageamos Ahmed Djoghlaf, entusiasta de nosso programa de preservação e reposição florestal e que, em 2006, participou deste esforço plantando uma árvore em terras paranaenses”, disse Requião.

“Esse acordo é também um exemplo do respeito das Nações Unidas pelo pioneirismo do Programa Mata Ciliar, que no entanto não recebe qualquer reconhecimento da mídia paranaense e brasileira”, falou o governador.

“É a primeira vez que um governo oferece um espaço para ajudar a CDB a neutralizar suas emissões de carbono. Como cidadão honorário do Paraná, vejo meu governador tomar a liderança e assumir um importante compromisso”, disse Djoghlaf. “Como co-presidente da COP 8, o Paraná demonstrou liderança. Co-presidir uma COP não é um ato transitório, mas sim é um compromisso de uma vida”, acrescentou.

PROJETO-PILOTO — O acordo assinado nesta terça-feira pelo governador na Alemanha segue orientações do Protocolo de Kioto e do Conselho Florestal da ONU (FSC, na sigla em inglês). Assim, a CDB poderá credenciar o carbono sequestrado. As áreas são georreferenciadas e serão totalmente monitoradas e inventariadas pelo IAP, para a emissão de relatórios periódicos de biomassa.

“O Paraná assume aqui o compromisso de monitorar o desenvolvimento das mudas e de reportá-lo periodicamente, com informações completas sobre coordenadas geograficas, espécies usadas e imagens da área plantada. E isso começa já, em outubro”, explicou Djoghlaf.

“Estamos usando os instrumentos do Programa Mata Ciliar num projeto específico para este acordo”, explica o chefe do Departamento de Silvicultura do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Sérgio Mudrovistsch de Bittencourt.

Em contrapartida, a CDB vai ajudar o Governo do Paraná a capacitar pequenos agricultores a comercializar créditos de carbono em projetos futuros — inclusive indicando parceiros dentro do mercado voluntário de carbono.

As 100 mil mudas serão plantadas em pequenas localidades como Diamante do Oeste, Cafelândia, Ivaiporã e Goioerê. As três áreas interligam remanescentes da Floresta Atlântica, criando corredores de biodiversidade no Paraná. O plantio da mudas começou nesta terça-feira às margens do Rio São Francisco, em Diamante do Oeste. O São Francisco desagua no Lago da Hidrelétrica de Itaipu, que forma-se pouco antes do início da área do Parque Nacional do Iguaçu.

O PROGRAMA — O Governo do Paraná criou o Programa Mata Ciliar em 2004. Desde então, já plantou 80.103.214 de mudas de espécies nativas — o equivalente a 20 árvores por minuto. Além de recuperar as matas ciliares, as árvores ajudam o planeta a combater as mudanças climáticas, com a captura de 988.271 toneladas de dióxido de carbono da atmosfera.

As mudas são plantadas às margens de rios, mananciais de captação de água para abastecimento público, entorno de Unidades de Conservação e reservatórios de usinas hidrelétricas. Assim, ajuda a formar corredores naturais que favorecem a manutenção da biodiversidade.

A iniciativa envolve a participação direta de 1,8 mil técnicos, que trabalham para o Governo do Paraná, prefeituras, organizações não-governamentais e entidades privadas que contribuem com o maior programa de recomposição de mata ciliar do mundo.

A produção de mudas é descentralizada. O Governo do Paraná investiu mais de R$ 15,5 milhões na compra de 422 viveiros, distribuídos a cada um dos 399 municípios paranaenses, colégios agrícolas, associações de pais e amigos de portadores de necessidades especiais e penitenciárias.

O Programa recompõe a mata ciliar plantando mudas de espécies nativas ou isolando áreas parcialmente degradadas, para que a vegetação se recomponha naturalmente. Para isso, entrega cercas de arame para que agricultores isolem as matas ciliares em áreas de criação de gado. Ao todo, o Programa soma 70 mil hectares de cobertura florestal recomposta.

O QUE É — Mata Ciliar é toda a vegetação encontrada às margens de córregos, nascentes, represas, lagos e rios. É considerada área de preservação permanente pelo Código Florestal Federal brasileiro, e desempenha um papel complexo para a preservação da biodiversidade.


AEN
Foto: Julio César de Lima-SECS
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